As três cerimônias da noite lotaram o Cine-Theatro Central, com convidados e formandos (Foto: Alexandre Dornelas)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reviveu nesta segunda-feira, 10, em toda sua potência, o evento que marca a conclusão de seu projeto de formação profissional e humana. Foi a primeira colação de grau unificada, pós-pandemia, com a presença massiva do público que lotou o Cine-Theatro Central em três cerimônias. 

Confira os álbuns das cerimônias das 17h, 19h, e das 21h.

Um patrimônio público como esse, que tem a capacidade de transformar uma região como a UFJF transformou Juiz de Fora, precisa ser preservado e defendido – reitor Marcus David

A valorização da educação pública e de qualidade foi o tema da noite. Em seu discurso, o reitor da UFJF, Marcus David, foi claro ao questionar sobre o momento político vivido no país: “Quais são os projetos que reconhecem a importância do conhecimento, da educação, da ciência e tecnologia, da arte e da cultura como vetores de desenvolvimento social e econômico?” A resposta veio em coro pela maioria dos presentes. “Um patrimônio público como esse, que tem a capacidade de transformar uma região como a UFJF transformou Juiz de Fora, precisa ser preservado e defendido.”

David citou dados sobre o impacto das universidades públicas na ciência, na sociedade e na democratização do acesso ao ensino superior. “Temos políticas públicas da maior relevância como a política de cotas. E o que mais nos orgulha é que esse novo segmento social que chegou à universidade enriqueceu muito a nossa atuação.”

Mariana Amaral se sente um espelho para a família ao conquistar o diploma de ensino superior (Foto: Alexandre Dornelas)

A vice-reitora, Girlene Alves, presente na primeira cerimônia da noite, também discursou em favor dessas políticas. “A universidade pede que vocês continuem engrossando a defesa das cotas nesse país”, discursou ela dirigindo-se aos formandos. “Vocês enfrentaram um dos piores ataques à educação pública e precisam defendê-la, especialmente, num país onde 30 milhões de pessoas ainda passam fome. Defender a educação é defender a sobrevivência da democracia nesse país.”

As trajetórias das jovens formandas do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, Mariana Amaral e Sofia Porto ilustram políticas voltadas para grupos historicamente excluídos do ensino superior. Mariana é a primeira da família a entrar em uma universidade, e optou pelas cotas destinadas a alunos negros, de escola pública e baixa renda. “Me sinto um espelho para a minha família, é uma vitória minha, mas também dos que vieram antes de mim e dos que ainda virão”, declara ela, que continuará os estudos no segundo ciclo do curso em Ciências Sociais.

Orgulhosos, os pais de Sofia Porto comemoram mais uma etapa concluída (Foto: Alexandre Dornelas)

Sofia chamava atenção pelo brilho no olhar, ao lado dos pais orgulhosos. Ingressante pelas vagas destinadas a pessoas com deficiência, ela teve apoio do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) durante o curso. “A experiência de estar dentro da UFJF é muito mágica. Levo o aprendizado, a independência e o carinho das pessoas”. Para o pai, Anderson, “foram muitas batalhas, desde o ensino fundamental, depois o ensino médio, e agora ver ela se formar é muito gratificante.”  

Segundo diploma

As três cerimônias da noite reuniram 700 formandos, representados pelos oradores Esther Fabian, Gabriel Salles e Lara Delgado. Eles agradeceram à UFJF e aos familiares pela conquista e lembraram, especialmente, dos desafios para a conclusão dos cursos – entre eles, a pandemia de Covid-19, quando precisaram ajustar os estudos para o formato remoto, além de enfrentarem o medo da doença e a perda de entes queridos. 

Diego viajou 400km para participar da cerimônia, cheio de expectativas para a vida profissional (Foto: Alexandre Dornelas)

Diego Assis, de Pocrane, a 400 km de Juiz de Fora, citou justamente esse impacto na conclusão do seu curso de Educação Física a distância. Ele perdeu a avó e precisou se afastar durante um semestre – período em que uma disciplina obrigatória foi oferecida e, por isso, precisou atrasar a formatura. 

Licenciado em Pedagogia, ele já dá aulas em uma escola na sua cidade. “Agora com esse diploma é outra coisa”, diz orgulhoso. “Com a pandemia, o acesso ao polo (de Ipanema) ficou mais difícil, foram dois anos atípicos, mas a UFJF não deixou a desejar. Minha experiência foi muito boa´.”

O duplo diploma também foi o objetivo de Rogéria Rezende. Há 12 anos atuando como pedagoga, ela atualmente dá aulas em um colégio católico e optou por fazer Ciência da Religião, onde pôde se aprofundar na temática por meio de novos caminhos. Rogéria e todos os demais formandos da Colação de Grau Unificada já podem retirar a declaração de conclusão de curso no Siga. Por legislação federal, a UFJF emite os diplomas apenas em formato digital, dentro do prazo estabelecido por lei. 

No dia 7 de novembro, a UFJF realizará nova cerimônia de Colação de Grau para alunos que estavam cursando o semestre suplementar. Os detalhes ainda serão divulgados.