A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reviveu nesta segunda-feira, 10, em toda sua potência, o evento que marca a conclusão de seu projeto de formação profissional e humana. Foi a primeira colação de grau unificada, pós-pandemia, com a presença massiva do público que lotou o Cine-Theatro Central em três cerimônias.
Confira os álbuns das cerimônias das 17h, 19h, e das 21h.
Um patrimônio público como esse, que tem a capacidade de transformar uma região como a UFJF transformou Juiz de Fora, precisa ser preservado e defendido – reitor Marcus David
A valorização da educação pública e de qualidade foi o tema da noite. Em seu discurso, o reitor da UFJF, Marcus David, foi claro ao questionar sobre o momento político vivido no país: “Quais são os projetos que reconhecem a importância do conhecimento, da educação, da ciência e tecnologia, da arte e da cultura como vetores de desenvolvimento social e econômico?” A resposta veio em coro pela maioria dos presentes. “Um patrimônio público como esse, que tem a capacidade de transformar uma região como a UFJF transformou Juiz de Fora, precisa ser preservado e defendido.”
David citou dados sobre o impacto das universidades públicas na ciência, na sociedade e na democratização do acesso ao ensino superior. “Temos políticas públicas da maior relevância como a política de cotas. E o que mais nos orgulha é que esse novo segmento social que chegou à universidade enriqueceu muito a nossa atuação.”
A vice-reitora, Girlene Alves, presente na primeira cerimônia da noite, também discursou em favor dessas políticas. “A universidade pede que vocês continuem engrossando a defesa das cotas nesse país”, discursou ela dirigindo-se aos formandos. “Vocês enfrentaram um dos piores ataques à educação pública e precisam defendê-la, especialmente, num país onde 30 milhões de pessoas ainda passam fome. Defender a educação é defender a sobrevivência da democracia nesse país.”
As trajetórias das jovens formandas do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, Mariana Amaral e Sofia Porto ilustram políticas voltadas para grupos historicamente excluídos do ensino superior. Mariana é a primeira da família a entrar em uma universidade, e optou pelas cotas destinadas a alunos negros, de escola pública e baixa renda. “Me sinto um espelho para a minha família, é uma vitória minha, mas também dos que vieram antes de mim e dos que ainda virão”, declara ela, que continuará os estudos no segundo ciclo do curso em Ciências Sociais.
Sofia chamava atenção pelo brilho no olhar, ao lado dos pais orgulhosos. Ingressante pelas vagas destinadas a pessoas com deficiência, ela teve apoio do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) durante o curso. “A experiência de estar dentro da UFJF é muito mágica. Levo o aprendizado, a independência e o carinho das pessoas”. Para o pai, Anderson, “foram muitas batalhas, desde o ensino fundamental, depois o ensino médio, e agora ver ela se formar é muito gratificante.”
Segundo diploma
As três cerimônias da noite reuniram 700 formandos, representados pelos oradores Esther Fabian, Gabriel Salles e Lara Delgado. Eles agradeceram à UFJF e aos familiares pela conquista e lembraram, especialmente, dos desafios para a conclusão dos cursos – entre eles, a pandemia de Covid-19, quando precisaram ajustar os estudos para o formato remoto, além de enfrentarem o medo da doença e a perda de entes queridos.
Diego Assis, de Pocrane, a 400 km de Juiz de Fora, citou justamente esse impacto na conclusão do seu curso de Educação Física a distância. Ele perdeu a avó e precisou se afastar durante um semestre – período em que uma disciplina obrigatória foi oferecida e, por isso, precisou atrasar a formatura.
Licenciado em Pedagogia, ele já dá aulas em uma escola na sua cidade. “Agora com esse diploma é outra coisa”, diz orgulhoso. “Com a pandemia, o acesso ao polo (de Ipanema) ficou mais difícil, foram dois anos atípicos, mas a UFJF não deixou a desejar. Minha experiência foi muito boa´.”
O duplo diploma também foi o objetivo de Rogéria Rezende. Há 12 anos atuando como pedagoga, ela atualmente dá aulas em um colégio católico e optou por fazer Ciência da Religião, onde pôde se aprofundar na temática por meio de novos caminhos. Rogéria e todos os demais formandos da Colação de Grau Unificada já podem retirar a declaração de conclusão de curso no Siga. Por legislação federal, a UFJF emite os diplomas apenas em formato digital, dentro do prazo estabelecido por lei.
No dia 7 de novembro, a UFJF realizará nova cerimônia de Colação de Grau para alunos que estavam cursando o semestre suplementar. Os detalhes ainda serão divulgados.