O princípio do projeto “LabMaker – Impressão 3D nas escolas”, inscrito na Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é ultrapassar os domínios do campus e chegar às escolas das redes municipal e estadual de ensino. O intuito é, além de fazer a montagem de impressoras 3D, promover o treinamento de professores para operá-las da melhor forma.
Aprovado há cerca de um mês, o LabMaker já atendeu a Escola Estadual Presidente Antônio Carlos, de Juiz de Fora, e a Escola Estadual Cônego Joaquim Monteiro, de Matias Barbosa. “Fui me informar sobre por quê, para quê e como essas escolas estavam adquirindo esses materiais e entendi que, através de editais de fomento, elas têm sido incentivadas a terem seus próprios laboratórios para uma abordagem mais didática de ensino e para auxiliar na inclusão de crianças com deficiência”, explica a coordenadora do projeto e professora do curso de Engenharia Computacional, Flávia Bastos.
Ela criou o LabMaker junto com alunos da graduação e com a participação do Grupo de Educação Tutorial (GET) da Engenharia Computacional. “Queremos ajudar na elaboração de materiais de ensino que auxiliem na aprendizagem. Os professores da educação básica, por vezes, desconhecem a tecnologia e não acreditam que ela possa servir às suas disciplinas. Em uma aula de geografia, por exemplo, podemos imprimir um mapa mundi com textura. Também podemos imprimir modelos moleculares para uma disciplina de química. Queremos trazer os professores em nosso laboratório e ajudá-los a enxergar a conexão entre essas tecnologias de impressão 3D e suas áreas de ensino”.
Olhar também para as necessidades da Universidade
Até a última semana, uma máquina fragmentadora de papel da Biblioteca Central da UFJF estava parada. As bibliotecárias Uiara Soares e Roberta Neves buscavam uma pequena peça para realizar o conserto do equipamento, útil para picotar documentos que devem ser triturados antes de ir para o lixo. Elas não encontraram.
Foi quando souberam do projeto de extensão que conta, atualmente, com oito bolsistas voluntários, alunos e alunas de graduação. Dentro da sala do Laboratório de Visualização Científica do curso de Engenharia Computacional, onde o LabMaker está inserido, os estudantes puderam desenvolver a peça, feita em polímero.
Um dos responsáveis pelo conserto da máquina fragmentadora da Biblioteca foi Ewerson dos Santos Rodrigues, aluno do oitavo período da Engenharia Computacional, que tirou medidas, modelou em software e criou uma nova peça em impressora 3D. Ele conta que esta é a primeira vez que atendem a um departamento dentro da Universidade e isso representa mais uma possibilidade para o projeto.
Para Flávia, esse “é um bom exemplo da utilidade do projeto para a Universidade, visto que podemos auxiliar tanto na manutenção de equipamentos que precisam de conserto quanto na criação de materiais novos”. As funcionárias da Biblioteca da UFJF ressaltam que o projeto pode auxiliar vários setores da Universidade.
“Nossa máquina ficou parada por uns dois meses. Tentamos arrumar por aqui mesmo, mas não conseguimos. Teríamos que comprar outra máquina”, diz Uiara, cuja fala é completada por Roberta. “É importante poder contar com os conhecimentos produzidos nos cursos, pelos alunos que podem aplicar na prática o que eles estudam. Outro ponto é o fato de ser muito mais barato produzir uma peça dessas via impressão digital.”
Para Ewerson, todo o processo é importante para ver na prática o que é aprendido na graduação. “Tive a disciplina de modelagem computacional no terceiro período do curso, com a professora Flávia. Faz um bom tempo que elaboramos modelos e, agora, é muito bom ver que o que produzimos tem um fim”, completa.
Um reforço na aprendizagem
Uma das primeiras bolsistas voluntárias do LabMaker, Ana Letícia Franco Monteiro, do sexto período do curso de Engenharia Computacional, diz que conheceu o Laboratório de Visualização Científica após cursar uma disciplina com Flávia. No entanto, ela conta que teve contato com projetos de impressão 3D ainda no ensino médio.
“O LabMaker tem muito a agregar à Universidade, ao curso de Engenharia Computacional e às escolas de ensinos médio e fundamental, que sinto serem lugares de onde precisamos nos aproximar. O nosso projeto oferece a oportunidade de mostrarmos para as pessoas e para a educação básica o que elas podem fazer na modelagem computacional. E, para nós, estudantes de Engenharia, possibilita ver na prática tudo o que calculamos”, reforça.
“A impressora atrai muito a atenção. Mas é importante saber que a tecnologia 3D é algo muito maior. Nossos alunos têm disciplinas que os ajudam a adquirir o conhecimento. No computador tudo é perfeito, mas sempre há diferença entre o virtual e o real. Através do LabMaker, eles aprendem muito mais rápido”, finaliza Flávia.