Exposição retrata a arquitetura soviética e fica aberta à visitação até 10 de outubro (Arte: Divulgação)

O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) completa 30 anos neste mês, e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) chega aos seus oito anos de existência. Para marcar a data, o espaço Galeria, na Reitoria, abre, nesta quinta-feira, 15, às 16, a exposição internacional “Arquitetura habitacional da URSS: Concurso entre Camaradas 1926”. No mesmo dia, às 17h30, no Anfiteatro das Pró-Reitorias, acontece a aula inaugural do semestre, com mesa de debates e oficina voltada para alunos de graduação. 

A exposição é parte de uma série organizada pela Universidad Autónoma Metropolitana, unidade Azcapotzalco, no México. No Brasil, a mostra é realizada em Juiz de Fora e em outras cidades, por meio de parceria com o Grupo de Estudos Multidisciplinares em Urbanismos e Arquiteturas do Sul (Maloca), da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). 

A arquitetura soviética, tema da exposição, foi projetada de forma distinta à capitalista, ao indicar outras possibilidades de organização familiar e social e a construção de equipamentos coletivos, como cozinhas, lavanderias e creches, de forma a desonerar o trabalho doméstico, principalmente o feminino. Oito projetos arquitetônicos soviéticos compõem a mostra, em pranchas e maquetes. As peças participaram do “Concurso entre Camaradas”, em 1926, em celebração à chegada dos dez anos da Revolução Russa de 1917. 

De acordo com a professora da FAU/UFJF e Chefe do Departamento de Projetos, História e Teorias, Raquel Portes, resgatar a experiência da Revolução Russa na arquitetura é um ato de resistência e ressignificação que objetiva reinserir o debate sobre produção de espaço não pautada pelo capital, além de acolher uma tarefa urgente: apontar outros caminhos possíveis para a arquitetura. “Realizar essa sociologia das ausências representa também um grande desafio, posto que é extremamente difícil obter no ocidente informações sobre arquitetura soviética. Por este motivo, trazer para Juiz de Fora o fruto desta pesquisa coletiva coloca o curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF em destaque na produção de conhecimento em ciências sociais aplicadas.” 

A exposição fica aberta até 10 de outubro. 

Aula inaugural
A aula inaugural apresenta uma mesa de debates sobre “Habitação”, com os professores Raquel Portes; Leonardo Andrada, do Instituto de Ciências Humanas (ICH/UFJF) e Cláudio Ribeiro, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ). Participa também o pesquisador Celso Lima, coautor do livro “Vkutemas: Desenho de uma Revolução”, sobre os Ateliês Superiores de Arte e Técnica em Moscou, fundados após o processo revolucionário na década de 1920. O encontro acontece após um lanche compartilhado às 16h30 na Ágora, próximo à Praça Cívica da UFJF. 

De acordo com a professora Raquel Portes, como o tema da habitação é “tão essencial à vida urbana ou rural”, a exposição e a aula inaugural são de interesse da comunidade de forma geral, sendo abertas e gratuitas. 

Programação celebra os 30 anos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF (Arte: Divulgação)

Oficina
Na sexta-feira, 16, o autor Celso Lima ministra oficina no Galpão da FAU, com atividades como experiências de sensação-percepção e memória e estudo, e reconhecimento de linha de horizonte em campo aberto. A atividade é voltada preferencialmente a estudantes do primeiro período do curso. No total, 25 vagas estão disponíveis, podendo haver abertura para alunos dos demais períodos, caso o número de vagas não seja preenchido inicialmente. As inscrições podem ser feitas por meio do Centro Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo (Cacau). 

Impactos da FAU
O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF é o primeiro de Juiz de Fora. Na avaliação do diretor da FAU, professor Gustavo Abdalla, a existência do curso trouxe uma nova visão da qualidade das edificações e do espaço urbano na cidade. O docente destaca também a integração com a Faculdade de Engenharia, o que permitiu no campo acadêmico, a interação com uma frente nova de conhecimento no contexto educacional, mas milenar para a produção humana, além das trocas de conhecimentos com outras instituições de pesquisa e universidades não só na arquitetura, mas em áreas como Antropologia, Saúde e Ciências Sociais. 

“No campo da pesquisa, trabalhamos, em conjunto com a Faculdade de Engenharia, no Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído (Proac). A extensão acadêmica é outra característica a ser ressaltada, sabido que atuamos junto à Prefeitura de Juiz de Fora em áreas do planejamento habitacional, do Plano Diretor Participativo, nas edificações de saúde, entre outros projetos”, destaca. 

Segundo a professora Raquel Portes (que foi aluna do curso na graduação e depois retornou como professora), os 30 anos do curso contribuíram para uma nova visão de construção dos espaços urbano e rural em toda a região. “Antes a construção dos espaços era mais marcada pela intervenção da engenharia. Houve mudança também na capacitação técnica do corpo profissional municipal, haja visto que vários profissionais hoje também são ex-alunos do curso”, afirma. 

Outras informações
https://www.ufjf.br/fau/
Centro Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo