Em performance histórica, Carlos Bracher pinta, ao vivo, um quadro do Cine-Theatro Central, acompanhado pela Orquestra Sinfônica e pelo Coral Pró-Música, que executam repertório especialmente selecionado para a ocasião. O evento, que acontece nesta sexta-feira, 2 de setembro, às 18h30, no Central, marca o início da “Série Juiz de Fora: um Tributo à Terra Natal”, em que o artista se propõe a produzir 25 obras em homenagem à cidade. 

No mesmo dia, das 13h às 16h, Bracher retrata a fachada do teatro, realizando uma criação conjunta e interativa com alunos da rede pública de ensino e de instituições sociais. Ele conta que há cerca de dois meses fez um comovente trabalho, em Brasília, com pessoas cegas e surdas. “Eram 80, e me senti diante de outro instante precípuo em minha vida: o de atuar com esses seres com questões gravíssimas.” 

No mesmo dia, à tarde, Bracher vai retratar a fachada do teatro, em criação conjunta e interativa com alunos da rede pública de ensino e de instituições sociais (Foto: Divulgação)

A partir dessa experiência inicial e dos resultados enriquecedores, o artista se sentiu compelido a fazer algo similar em Juiz de Fora. “A ideia foi evoluindo, no sentido de trabalhar com 50 crianças de escolas municipais, além de cegos e instituições congêneres de amparo social”, conta, destacando que a atual proposta envolve não apenas a pintura coletiva a partir da Praça João Pessoa, no Calçadão da Rua Halfeld, mas a de fazer a arte tocar profundamente todos os participantes.

Um encontro sublime
Bracher destaca que a união entre música e pintura prenuncia algo realmente belo, conduzida em um ato de sublimidade. Neste primeiro momento, os dois quadros a serem criados têm uma proporção grandiosa, ambos medindo 200x150cm. “Trata-se de um enlevo, uma forma encantada de permear a criação através da música. Cores e sons envolvendo-se em um tributo poético de nossas almas coletivas, as crianças e eu nesse universo pungente de se doar. Que as forças astrais nos conduzam”, diz.

Ele ressalta que sempre teve o desejo de realizar uma série de pinturas específicas sobre Juiz de Fora, exatamente como fez, em 2007, tendo Brasília como referência. “Escolhemos o Central como sendo o início dessa sequência criativa que representa uma homenagem à cidade onde nasci”, assinala, referendando o teatro como um ícone que representa toda a grandiosidade de sua terra natal.

Orquestra Sinfônica do Pró-Música prepara repertório marcado por clássicos, em composições de Mozart, Bach, Haendel, Puccini, Morricone e Carlos Gardel, entre outros, com interpretação de 25 instrumentistas (Foto: Fernando Itaborahy)

Para acompanhar as pinceladas do artista, o maestro da Orquestra Sinfônica Pró-Música, Victor Cassemiro, prepara, juntamente com o idealizador do projeto, um repertório marcado por clássicos, em composições de Mozart, Bach, Haendel, Puccini, Morricone e Carlos Gardel, entre outros, com interpretação de 25 instrumentistas. “O programa em si reserva ainda surpresas para o público”.   

Segundo o regente, este é um momento especial em sua trajetória e na da própria Orquestra. “É uma honra e uma alegria muito grande participar de um evento articulado por um artista tão renomado e que sempre admiramos. Pela minha amizade com seu irmão, Paulo Bracher, presidente de honra do Coral Pró-Música, tive acesso à residência da família, o Castelinho, onde pude conhecer um pouco melhor a história de Carlos e apreciar um pouco de sua obra”, revela.      

Ouro da casa
Radicado em Ouro Preto há mais de 50 anos, Carlos Bracher é natural de Juiz de Fora, cidade em que iniciou suas atividades artísticas, com ênfase em pinturas e esculturas. Aos 27 anos, foi ganhador do “Prêmio de Viagem ao Estrangeiro”, promovido pelo Museu Nacional de Belas Artes. Ao longo de sua carreira, o artista expôs no Brasil e no exterior, produzindo diferentes séries temáticas, tais como “Homenagem a Van Gogh”, “Do ouro ao aço”, “Tributo a Aleijadinho” e “Série Bracher/Brasília”.  Agora, aos 82 anos, deflagra, no Cine-Theatro Central, seu novo projeto, com a produção de um total de 25 obras para uma série especialmente dedicada à cidade em que nasceu.

Ingressos gratuitos
O empreendimento, que tem entrada franca mediante convites, é resultado dos esforços da Arts Realizações, BPS, Prefeitura de Juiz de Fora e Cine-Theatro Central/UFJF. Para as performances no palco, os ingressos gratuitos devem ser retirados antecipadamente, na recepção do teatro (Praça João Pessoa, s/n), de quarta, 30 de agosto, a sexta-feira, 2 de setembro, das 9h às 12h e das 14h às 17h30, com limite de dois ingressos por pessoa.