Artigos do e-book trazem os conceitos de infodemia e outros temas, além da proposição de estratégias contra a desinformação (Imagem: Divulgação)

Participantes da pesquisa multicêntrica – Infodemia de Covid-19 e suas repercussões sobre a saúde mental de pessoas idosas (Infocovid) – lançaram neste mês o e-book Infodemia: gênese, contextualizações e interfaces com a pandemia de Covid-19. A obra foi publicada pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e conta com artigos de professores dos programas de Pós-Graduação em Enfermagem, Psicologia e Saúde Coletiva da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Também participam pesquisadores de outras instituições do Brasil e da América Latina. O grupo investiga os impactos do excesso de informações (verdadeiras ou não) sobre a pandemia e é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

O grupo de pesquisa conta com a participação de colaboradores que medem o impacto da infodemia na saúde mental dos idosos. Entre os efeitos do fenômeno estão estresse, ansiedade e depressão. O livro é organizado pelos professores da UFJF Ricardo Bezerra Cavalcante, docente permanente dos programas de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) e Enfermagem (PPGEnf) e do Departamento de Enfermagem Aplicada da Faculdade de Enfermagem (Facenf); e Edna Aparecida Barbosa de Castro, do PPGEnf. 

A pesquisa Infocovid é gerenciada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Políticas, Tecnologias e Envelhecimento (Gapese) da Faculdade de Enfermagem. 

Relembre: UFJF integra observatório de pesquisa voltado para combater infodemias

O que é infodemia?

Nesse “overload” de informações, como caracteriza Ricardo Cavalcante, que também é coordenador do Infocovid, há aquelas que podem ter alguma intencionalidade. Nesse oceano de mensagens, a tomada de decisões pode ser difícil tanto para o cidadão comum quanto para o gestor de saúde e gerar uma redução dos cuidados preventivos à Covid-19. 

“A infodemia é esse fenômeno que vem sendo investigado com maior profundidade a partir de 2020, mas antes alguns pesquisadores já apontavam: cada vez mais nós estaríamos expostos a esse volume de informações excessivas impactando a saúde, sobretudo a saúde mental. Nossa capacidade de processamento e filtragem dessas informações é limitada”, relata. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece a infodemia como um problema mundial de saúde pública. De acordo com Cavalcante, ainda é necessário obter respostas teóricas e técnicas que sirvam como ferramentas de intervenção na infodemia. A ideia de lançar o e-book surge nesse sentido. 

“Os capítulos trazem os conceitos que emergem dessa discussão sobre o ecossistema desinformativo. Conceitos como Síndrome da Fadiga Informativa, Infodemia, fake news. O livro vem contribuir com essa lacuna de entendimento sobre o que se trata a infodemia e como nós, enquanto profissionais e pesquisadores, podemos desenvolver estratégias para mitigar os efeitos dessa desinformação sobre a saúde das populações. Estamos mensurando o impacto da exposição à informação seja por rádio, televisão e rede sociais e fazendo rastreio para sintomatologia de depressão, estresse e ansiedade em idosos”, afirma Cavalcante. 

Segundo Ricardo Cavalcante, o excesso de informações (verdadeiras ou não) sobre a pandemia afeta a saúde mental e dificulta a tomada de decisões (Foto: Reprodução)

Como reduzir os efeitos?

Mesmo que a infodemia e seus efeitos nocivos não possam ser eliminados completamente, a população e os governos podem tomar medidas que reduzam as repercussões do problema. É fundamental ter maior atenção no momento de compartilhar uma informação, além de questionar a fonte. 

“Instituições de saúde do próprio governo, como o Ministério da Saúde, podem criar fontes de informação legítima e disponibilizá-las de forma fidedigna. Também é preciso inocular informações confiáveis, de forma a evitar um vazio informacional e fazer com que cheguem a todas as camadas da população”, afirma Ricardo Cavalcante, para quem mecanismos de checagem e a divulgação científica também são grandes aliadas no combate à desinformação. “A ciência que nós produzimos precisa ser traduzida em uma linguagem mais acessível para a população, despertando nas pessoas maior confiança para adotar as medidas defendidas pelos cientistas”, reitera. 

O e-book é resultado de trabalho colaborativo entre integrantes da pesquisa multicêntrica Infocovid e conta com prefácio do professor Rui Pedro Gomes Pereira, da Universidade do Minho, em Portugal. Além de professores da UFJF, o grupo conta com integrantes de instituições como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de Viçosa (UFV). A obra tem, ainda, colaboração de pesquisadores do México e do Peru. 

Pesquisa está alinhada aos ODS da ONU

A Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional, em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp), está promovendo uma estratégia de fortalecimento das ações de pesquisa da Universidade, mostrando que estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Os ODS são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. 

O trabalho dos pesquisadores relacionado ao e-book citado nesta matéria está alinhado ao ODS 3 (Saúde e Bem-Estar). Confira a lista completa no site da ONU.

Confira o e-book completo.