O espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) celebra 50 anos com uma programação especial. Entre terça-feira, 26, e sexta, 29 de julho, o Forum da Cultura conta com atividades reunindo artes plásticas, teatro, música e homenagens. Tudo para reiterar o compromisso com a difusão de arte, ciência e cultura na cidade.
Os eventos, abertos ao público, têm entrada franca, e tentam abarcar toda a pluralidade artística que o espaço buscou ao longo dos anos. Na terça, 26, às 19h, acontece a abertura de uma mostra especial na Galeria de Arte, com participação de artistas visuais do grupo A Ponte. “Ter uma casa como esta de portas abertas para um grupo novo como o nosso faz com que a gente se sinta muito especial. É a sensação de que nosso trabalho está sendo observado e respeitado. É o que qualquer artista procura – acolhimento em um espaço de excelência como o Forum”, ressalta um dos integrantes do coletivo, Wesley Monteiro.
Na quarta, 27, às 20h30, o Grupo Divulgação, companhia sediada no espaço, apresenta o espetáculo “A morta insepulta”. A peça é uma adaptação do diretor José Luiz Ribeiro para o texto “A morta”, de Oswald de Andrade, encenada na cerimônia de inauguração do Forum da Cultura, em 1972. “O texto ‘A Morta’ ficou insepulto de 1937 até quando o apresentamos no Forum, durante os anos de chumbo. Essa obra é uma lição para o nosso tempo, que nos diz em 1937, durante a ditadura militar, ou no atual governo: é necessário falar. Temos uma sociedade morta, que está insepulta, apodrecendo em vida”, explica Ribeiro, diretor do Forum entre os anos de 1998 e 2012.
Já na quinta, 28, às 19h30, o show fica por conta de Cacaudio e Carlos Fernando Cunha, com músicas autorais do álbum “Bons Navegantes”, além de sucessos da MPB. Para finalizar, na sexta, 29, às 20h, é a vez da apresentação do Coral da UFJF, com 30 cantores sob a regência de Ana Sukita e preparação vocal de Michelle Flores. A programação ainda prevê a entrega de homenagens a uma série de professores, personalidades e membros que contribuíram para a história do espaço.
Grande festa
Para o atual diretor do Forum da Cultura e professor da Faculdade de Comunicação (Facom) da UFJF, Flávio Lins, esta é uma oportunidade de celebrar a enorme contribuição que o primeiro equipamento cultural da Universidade ofereceu e segue oferecendo para a cena cultural juiz-forana, regional e até mesmo nacional. “Trata-se de uma grande festa para a cidade e para a UFJF. O espaço foi criado para incentivar as artes, a cultura e a ciência. Ele reuniu, desde o início, entidades culturais muito importantes, como o Coral da UFJF e o Grupo Divulgação, entre outras criadas nos anos 1950 e 1960 que, hoje, já não estão mais lá. Além disso, ainda se efetiva como local para realização de atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFJF, que atravessam os muros do casarão.”
História
Criado pela Resolução 16/72 do Conselho Universitário (Consu) da UFJF, o Forum da Cultura foi pensado para incentivar arte, ciência e cultura e abrigar entidades afinadas com esse objetivo. Funcionavam no casarão o Teatro de Comédia Independente (Teci), a Associação de Cultura Luso-Brasileira, o Instituto Histórico e Geográfico, o Centro de Estudos Sociológicos, o Pró-Música, o Coral da UFJF e o Centro de Estudos Teatrais Grupo Divulgação.
Abrigado em um casarão construído no início do século XX e tombado como bem do patrimônio municipal em 1995, o espaço, que abrigou a primeira sala de reitor da UFJF, cumpre, há cinco décadas, a função universitária de, através da cultura, unir ensino, pesquisa e extensão. O imóvel centenário por si só é um marco arquitetônico e possibilita às novas gerações um mergulho na identidade de Juiz de Fora, além de resguardar parte da memória da própria Universidade.
Desde que foi inaugurado, em 30 de julho de 1972, pelo então reitor Gilson Salomão, o Forum permite à comunidade o contato com mostras de artes plásticas e visuais, seja em sua Galeria de Arte ou no Museu de Cultura Popular, com mais três mil peças em acervo, além de espetáculos teatrais, eventos relacionados à música, cursos e outras expressões de difusão da arte e da cultura.
“Ainda hoje o espaço segue atuando fortemente na cidade e impactando na vida da comunidade, cruzando fronteiras do estado e do país. Recentemente, em um evento on-line que envolveu museus de todas as partes do globo, o Forum esteve à frente de grandes potências museológicas, mesmo com sua estrutura tímida. Para o futuro, entre sonhos e desafios, estão melhoria da acessibilidade, modernização do teatro e abertura de novos editais para outros espaços do Forum”, ressalta Lins.
Programação
Terça, 26/7, 19h: Abertura da Mostra Especial (Local: Galeria de Arte)
Dos artistas do Grupo A Ponte: Flávia Guimarães, Igor Hollanda, Paola Sayão, Ramón Brandão, Sandro Ibrahim, Tarsila Palmieri e Wesley Monteiro. A beleza de patrimônio cultural que compõe a cidade pode ser captada através da arte ao se contemplar um desenho. A exposição é composta de desenhos feitos ao ar livre, para reflexão sobre as pessoas, cenas, prédios, praças e locais que, na correria do dia a dia, passam despercebidos.
Quarta, 27/07, 20h30: Espetáculo Teatral “A morta insepulta” (Local: Teatro)
Com o Grupo Divulgação, adaptação e direção de José Luiz Ribeiro. Baseado no texto “A Morta”, de Oswald de Andrade, conta a história de um poeta, representando a cultura brasileira, em busca de sua musa, que está morta. Os mortos governam os vivos e se apropriam da maior parte da riqueza. Aos vivos, resta a fome e a esperança por mudança social. Uma metáfora para o país e seu eterno combate entre forças modernizantes e reacionárias.
Quinta, 28/07, 19h30: Show Musical MPB (Local: Teatro)
Com Cacaudio, Carlos Fernando Cunha e a banda Bons Navegantes. A apresentação conta com composições do disco “Bons Navegantes”, dos músicos Cacaudio e Carlos Fernando Cunha. O público também confere canções de grupos mineiros, como Clube da Esquina, e de outros sambistas do estado. A banda tem também como integrantes o bateirista João Cordeiro e o baixista Lula Ricardo.
Sexta, 29/07, 20h: Cerimônia de Encerramento (Local: Teatro)
O Coral da UFJF apresenta três peças: “Fruta boa”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, com arranjo de Pablo Trindade-Robalo; “Nada será como antes”, também de Milton Nascimento em parceria com Ronaldo Bastos, com arranjo de Hellem Pimentel; e “Classe Média”, de Max Gonzaga, com arranjo de André Pires. A cerimônia ainda homenageia pessoas e grupos que fazem parte da história do Forum: Almir de Oliveira (in memoriam), Antonio Henrique Weitzel, Coral da UFJF, Delma Rocha, Edimilson de Almeida Pereira, Equipe Forum da Cultura, Gilvan Procópio (in memoriam), José Luiz Ribeiro, Leila Barbosa, Márcia Falabella, Márcio Lacerda, Marisa Timponi, Messias Matheus de Jesus (in memoriam) e Solange Starling Brandão.
Mostra “E por isso eu canto” (Local: Museu de Cultura Popular)
O público pode ainda conferir a mostra que está em cartaz desde o início do mês, no Museu de Cultura Popular, com obras oriundas de Taubaté e Guaratinguetá (SP), e Caruaru (PE), que retratam o universo musical. As peças são feitas em sua maioria em cerâmica. Instrumentos como tambor, ganzá, pandeiro e flautas também podem ser observados na exposição, que também apresenta experimentações sonoras em vídeo.
É obrigatório o uso de máscaras durante toda a programação. O Forum da Cultura fica na Rua Santo Antônio, 1112.
Outras informações
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