As estudantes Barbara Bicalho e Mariana Guilherme durante simulação de direção. (Foto: Gabriella Moura)

Mãos ao volante, pedais acionados e olhar atento ao caminho, tudo pronto para pegar estrada mais uma vez. Em simulação realizada na Clínica-escola de Fisioterapia do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), o comerciante João Francisco Filho voltou a sentir as emoções de dirigir por estradas do país, mesmo após um aneurisma que afetou movimentos do corpo. A atividade integra as sessões semanais da reabilitação, e demonstra a importância do atendimento humanizado no tratamento e na recuperação do paciente.

Simulação envolveu volante, pedais adaptados, retroprojetor e música. (Foto: Gabriella Moura)

“Carros sempre foram a paixão do Seu João. Durante as sessões, quando perguntamos qual movimento gostaria de fazer nos membros superiores, ele disse que queria voltar a mexer o braço, como se estivesse dirigindo”, relembrou Mariana Cristina Guilherme, discente do 10º período de Fisioterapia e idealizadora da simulação. Com o apoio de colegas da clínica, ela adaptou um volante, simulou pedais de acelerador e embreagem, projetou uma estrada e reproduziu até a música preferida do paciente. “Nem sempre os pacientes estão motivados, então buscamos nos adaptar à realidade deles. Levamos em conta cada particularidade para que a prática clínica obtenha mais resultado”, explicou.

Ao final da jornada, era visível a satisfação do paciente: “Hoje peguei meu Fusca e dirigi para Brasília”, relatou João Francisco. “É uma sensação muito boa, movimenta o cérebro, os músculos, é muito prático. Está sendo uma experiência fora de série, no dia que não venho, fico desesperado. As meninas são muito boas, tratam bem”, comentou o comerciante de 59 anos, se referindo às sessões semanais com a dupla Barbara Bicalho e Mariana Guilherme, na Clínica.

Adaptação à realidade dos pacientes

Daniel Xavier e Daiane Froeder durante reabilitação de Nilton Rebouças. (Foto: Gabriella Moura)

Promover o bem-estar e o acolhimento são práticas primordiais no atendimento humanizado. Para a fisioterapeuta Rosemary Reis, é a oportunidade de o aluno perceber a pessoa que existe além do paciente: “no atendimento humanizado, analisamos a limitação e pegamos os sonhos do paciente como estímulo, dentro dos objetivos do tratamento e da realidade atual. No caso do Seu João, ele sempre quis voltar a dirigir, então adaptamos exercícios inspirados no pilates e ele voltou a ter ânimo para a reabilitação”, explicou a supervisora do estágio.

Tapete foi construído para estimular sensações e diferentes texturas. (Foto: Gabriella Moura)

O reconhecimento de sensações também faz parte do tratamento de Nilton Rebouças, acometido por sequelas de um Acidente Vascular Cerebral ocorrido no ano passado. A dupla de estagiários Daiane Froeder e Daniel Xavier, ambos acadêmicos do 10º período de Fisioterapia, preparou um tapete com materiais de diferentes texturas para favorecer o estímulo sensorial do paciente. “Estimulamos os sentidos, o equilíbrio e a marcha. Adaptamos a prática clínica às necessidades do Seu Nilton, que teve um comprometimento motor”, relatou Daiane. Para ela, as experiências na clínica-escola têm contribuído muito “para formar profissionais mais preocupados em atender o paciente em suas necessidades, não somente na patologia em si, mas em um atendimento biopsicossocial”.

Paciente realiza a terapia de espelho na Clínica-escola de Fisioterapia. (Foto: Gabriella Moura)

A Clínica-escola de Fisioterapia está com cadastro aberto para novos pacientes. O levantamento de demanda está disponível neste link, e visa recrutar pessoas que precisam de atendimento fisioterapêutico em áreas como saúde do idoso, da mulher, serviços neurológicos, ortopédicos, respiratórios, cardiológicos, reumatológicos, pediatria, entre outros.

Mais informações: cadastropaciente@gmail.com