O Censo da Educação Superior utiliza as informações do cadastro do Sistema e-MEC, com registros de todas as IES (Arte: Reprodução Inep)

A rede federal de educação superior vem aumentando gradativamente sua porcentagem de participação no número de matrículas da rede pública ao longo dos últimos anos. A informação está disponível no Censo da Educação Superior de 2020, que foi divulgado neste ano a partir da coleta de dados já impactados pela pandemia de Covid-19. O estudo é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anualmente desde 1990 e reúne estatísticas referentes a vários aspectos do ensino superior no país.

Segundo o pró-reitor de Graduação (Prograd) da Universidade Federal de Juiz de Fora, Cassiano Amorim, o Censo permite que as instituições governamentais e de ensino elaborem, a partir desses números e informações, um conjunto de políticas que possam alavancar a qualidade do ensino superior. Outro ponto de destaque é a sua importância para pesquisadores do campo da Educação, uma vez que é possível mapear situações e estabelecer análises da evolução dos números ao longo dos anos.

Efeitos da pandemia

A realidade imposta pelo isolamento social e pelas medidas de controle sanitário trouxe expressivas consequências às relações de trabalho e educação. Escritórios e salas de aula foram concentrados e compactados em aparelhos, como computadores e celulares, e o ambiente de casa passou a ser multifacetado. Dessa forma, os cursos que adotam a modalidade EaD – Educação a Distância – cresceram significativamente, confirmando uma tendência anterior a este período. 

Foi constatada também uma redução de indicadores referentes ao ingresso nas universidades públicas, como inscrições no Enem e no Sisu, que podem ser indicativos das dificuldades impostas pela pandemia e por suas consequências diretas, como a crise econômica e a redução da mobilidade. O Sisu, por exemplo, chegou a ser 15,64% menor em relação ao primeiro semestre de 2021; já o Enem teve 3,1 milhões de inscritos, o menor número desde 2005.

Com o avanço da cobertura vacinal e a consequente redução da taxa de letalidade da doença, diversas instituições de ensino superior (IES) já planejam o retorno integral de suas atividades presenciais em 2022, adotando ainda todos os protocolos sanitários de biossegurança, como o uso constante de máscaras adequadas, distanciamento mínimo entre indivíduos e higienização das mãos, além da exigência do passaporte vacinal. 

Amorim comenta que há uma expectativa, por parte de grupos de pró-reitores e órgãos, como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que o retorno presencial e uma melhora no cenário pandêmico permitam com que as inscrições no Enem e no Sisu voltem a subir, motivando os estudantes a ingressar no ensino superior público.

Em 2020, somadas as instituições públicas e privadas, 41.953 cursos de graduação e 25 cursos sequenciais foram ofertados em 2.457 IES no Brasil. Destes, 85,3% eram na modalidade presencial. No mesmo período, mais de 19,6 milhões de vagas em cursos de graduação foram ofertadas em todo o país. 

Distribuição do número de matrícula em cursos de graduação da rede federal. (Fonte: Censo da Educação Superior- 2020)

Em relação à rede federal, 82,2% das matrículas estão em universidades, seguidas pelos institutos federais com 17,4%. As duas organizações representam 99,5% do número de matrículas em cursos de graduação desta esfera do ensino público superior. Somados os dois editais do Sisu daquele ano, a UFJF disponibilizou 2.251 vagas de graduação. 

Qualidade do ensino

Um dos aspectos analisados pelo Censo é a docência universitária. Os dados revelam que a participação de docentes com doutorado, tanto na rede pública quanto na rede privada, continua crescendo nos últimos anos. Além disso, o número de professores da rede pública com dedicação exclusiva subiu 40,8% nos últimos dez anos. O pró-reitor explica que ambos os indicadores estão atrelados à melhoria da qualidade do ensino superior e de sua inovação. 

“O profissional docente com dedicação exclusiva, além do ensino, agrega valor ao processo educacional, pois tem a oportunidade de desenvolver pesquisa, ter bolsistas de iniciação científica, assim como publicar artigos e livros. A qualidade também é mensurada pelo desenvolvimento de ações de extensão universitária, que envolvem estudantes da graduação e incentivam a inovação na própria área do ensino”, complementou. Segundo dados da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, do total de professores efetivos da UFJF, 88,2% são de dedicação exclusiva.

A Universidade Federal de Juiz de Fora possui diversas atividades e projetos que atingem os objetivos inovadores, tanto de produtos como de processos. Os grupos de educação tutorial (GETs) e programas de educação tutorial (PETs) reúnem alunos e professores em prol do desenvolvimento de pesquisas científicas que comprovadamente resultam em inovações nos mais diversos campos do conhecimento.

Saiba mais: Censo da Educação Superior – Inep

Outras informações: Pró-Reitoria de Graduação da UFJF