A quadragésima sexta edição do boletim informativo da plataforma JF Salvando Todos alerta para o crescimento acelerado dos números da pandemia, que já se refletem no aumento da ocupação de leitos hospitalares e no número de óbitos em decorrência da Covid-19. A taxa de transmissão elevadíssima, combinada com a baixa adesão às medidas de distanciamento social, contribui para o momento crítico. 

Divulgada nesta quarta-feira (2), a última atualização do informativo, que se refere ao período entre 17 e 31 de janeiro, aponta para a maior média móvel de casos desde o início da pandemia em Juiz de Fora: o indicador evoluiu de 119,7 para 274,4 casos entre as referidas datas. Até o último dia de janeiro, o município registrava um total de 52.818 casos confirmados e 2.098 vidas perdidas.

O primeiro mês de 2022 teve o maior número de casos de Covid-19 registrados desde abril do ano passado, sendo 4.226 e 5.005, respectivamente. A diferença entre esses períodos, entretanto, se dá no número de vidas perdidas, onde houve uma redução de 89,3%. Uma das principais razões dessa diferença é o avanço da cobertura vacinal na cidade. 

Outro dado preocupante diz respeito à taxa de transmissão, que segue os parâmetros do Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. Na quarta semana epidemiológica, o nível de transmissão em Juiz de Fora era de 271,2 casos registrados por 100 mil habitantes, o que se caracteriza como elevadíssimo. 

Segundo Marcel Vieira, coordenador da plataforma e professor do Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas da UFJF, o início desse aumento coincidiu com a chegada da variante Ômicron no período de fim de ano. Porém, os casos que estão sendo diagnosticados atualmente já são de pessoas que contraíram a doença em momento posterior às datas comemorativas.

“Uma possível explicação para essa alta é a combinação de uma maior transmissibilidade desta nova variante com uma redução dos cuidados preventivos em relação à pandemia. Além disso, ainda há uma parcela considerável da população que não recebeu as duas doses da vacina e uma parcela ainda maior que não recebeu as três doses do imunizante”, acrescenta.

Números atestam eficácia 

Juiz de Fora havia aplicado, até 31 de janeiro, 1.085.413 doses da vacina contra a Covid-19, sendo 475.465 primeiras doses, 431.196 segundas doses e 178.752 doses de reforço. Em números relativos, calcula-se que 82,3% recebeu a primeira dose; 74,7%, a segunda dose e 31% completou o ciclo vacinal. 

Apesar do aumento da média móvel de óbitos que também se encontra acima da média do estado, a taxa de letalidade – número de vidas perdidas em relação ao de confirmados – se manteve em queda, passando de 4,16% em 17 de janeiro para 3,97% no dia 31. 

Avanço da vacinação pediátrica 

Como o cenário epidemiológico se caracteriza como uma nova onda de Covid-19, Vieira ressalta que será necessário observar as próximas semanas para saber se os indicadores irão se estabilizar em um patamar elevado ou se, após um breve momento de estabilidade, sofrerão queda. Por enquanto, o momento é de crescimento.

Quanto ao avanço da vacinação infantil em Juiz de Fora, o pesquisador considera que pode surtir efeitos positivos neste cenário preocupante da pandemia na região, uma vez que as crianças podem contrair a doença e também transmiti-la aos seus familiares.