Apresentar distintas abordagens sobre mulheres camponesas: essa é uma das propostas do documentário “Meu Arado, Feminino”, idealizado e dirigido por Marina Polidoro Marques, mestranda em Cinema pelo Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens da UFJF. Alunos das graduações de Artes e Design, Cinema e Audiovisual, e Jornalismo da Universidade participaram da equipe de produção.
Finalizado em dezembro de 2020, o curta-metragem foi premiado no Prêmio Incentivo Primeiro Plano e em outras três competições brasileiras: melhor filme Cine.Ema pelo Júri Estudantil e de professores; melhor documentário do Festival de Cinema e TV de Muqui e melhor de todo o evento; prêmio Enel de Sustentabilidade do NOIA – Festival Universitário de Cinema.
Resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Marina na graduação de Cinema e Audiovisual, o documentário é um filme universitário realizado com equipamentos do Instituto de Artes e Design (IAD). Atravessando os Territórios Quilombolas até as terras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a obra transmite as falas de mulheres responsáveis pela produção agrícola dessas localidades, assim como suas visões sobre o papel que exercem.
Com relação ao processo de desenvolvimento e produção do documentário, a diretora esclarece que levou dois anos e quatro meses, da ideia inicial à apresentação na banca de defesa do TCC. “Em janeiro de 2019, as filmagens começaram de fato e depois retornaram em julho do mesmo ano. A pós-produção, entretanto, foi mais desafiadora; já que foi praticamente toda realizada à distância com o restante da equipe por conta do isolamento social da Covid-19, em meados de 2020. Como dirigi e produzi o filme, precisei ter muita organização para que tudo saísse como o planejado”, contextualiza.
Curta-metragens premiados
“Num espaço onírico, uma pessoa percebe aos poucos que as dinâmicas do mundo real não estão em vigor.” Esta é a sinopse do curta-metragem “Bolha”, contemplado com o Prêmio José Sette. Dirigido por Gabriel Kern, graduado em Cinema e Audiovisual pela UFJF, a obra surgiu de uma proposta de exercício da disciplina de Direção, tendo sido totalmente gravada durante a atual pandemia, o que impossibilitou a composição de uma equipe de filmagem.
“Toda a concepção do filme foi planejada para que pudesse ser executada apenas por mim. Sendo uma obra que explora o suporte da imagem em 360 graus, muitas possibilidades desse meio ajudaram a alcançar o resultado sem precisar contar com o trabalho de outros profissionais. Sendo assim, fui ator, diretor e operador de câmera simultaneamente durante a captação das imagens. Na pós-produção, inseri os efeitos que fornecem a noção do ambiente do sonho e fiz os reenquadramentos que direcionam o olhar do espectador”, explica Kern.
Outro filme realizado por dois ex-alunos da UFJF, “O monstro do rio Paraibuna”, foi premiado no Prêmio Primeiro Plano, desta vez na modalidade do voto popular. A obra é uma produção conjunta de Leonardo Amorim e Felipe Fontenelle. Para Christian Pelegrini, professor do Instituto de Artes e Design, é primordial a parceria entre docentes e discentes: “Em geral, também há uma rede de colaboração entre os alunos, que oferecem uma chance de ganhar experiência profissional e enriquecer os seus portfólios.”
Visibilidade para a carreira
Marina aponta que, além da produção do documentário, o filme também conta com uma trilha sonora original, “Aradim”. “Junto com a diretora de som Stella Maria Flor, reunimos outros artistas musicais do cenário juiz-forano e região e começamos a trabalhar em uma trilha que fosse 100% original. Isso estimula a interação de artistas, fazendo com que saiamos um pouco da bolha ‘só’ do cinema. Além de complementar o portfólio, a canção original (assim como o filme) agregou bastante para o crescimento criativo e profissional de vários compositores da equipe”, detalha.
Para Kern, é gratificante realizar uma obra e poder exibi-la ao público, uma vez que o retorno dos espectadores complementa a importância do curta-metragem e fecha o ciclo de produção. De acordo com Pelegrini, as premiações são a própria carreira dos estudantes se materializando; elas atestam a qualidade da produção artística, possibilitando-lhes contato com outras oportunidades de trabalho e colaboração.
Quanto à importância dessa visibilidade, o docente destaca que os prêmios colocam “a produção de nossos alunos e o nome da Universidade em um ambiente que sabe reconhecer a qualidade da produção artística. Ao mesmo tempo, são uma forma valiosa de projetar e contribuir para o fortalecimento da cultura do país”.
“No entanto, no contexto atual, isso se mostra ainda mais valioso. Enquanto as políticas públicas têm se voltado para a intolerância e para o obscurantismo, tais prêmios atestam que as universidades públicas – sempre tão atacadas pelo atual governo federal – permanecem como um espaço de reflexão cultural saudável e muito rico”, reflete.
Outras informações:
“Meu Arado, Feminino”: instagram.com/meuaradofeminino/