O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aprovou, no último dia 17, a recomendação do Comitê de Monitoramento e Orientação de Condutas sobre o novo Coronavírus (Sars-Cov-2) da instituição quanto à redução do distanciamento mínimo em situação de ensino. A alteração não propõe mudanças bruscas, apenas a redução do distanciamento social em espaços de ensino que passam a ser de um metro.
Para a presidente do comitê e vice-reitora da UFJF, Girlene Alves da Silva, a decisão é baseada em dados epidemiológicos, como, por exemplo, o número de mortalidade, a letalidade da doença, o avanço na campanha de imunização e a indicação de números de leitos usados por pacientes de Covid-19. “O Protocolo de Biossegurança da UFJF era de um metro e meio, entretanto, já estava acima de todos os distanciamentos recomendados por autoridades de saúde municipais, estaduais e nacionais que já eram de um metro.”
Girlene Silva enfatiza que o distanciamento continua sendo um indicador fundamental, mas que não é o mais importante. “Na medida que avançamos com a campanha de vacinação, algumas medidas passam a ser flexibilizadas. Entretanto, é preciso sinalizar que, durante a pandemia, esse movimento é feito de idas e vindas. Alertamos que a crise sanitária não acabou e que precisamos continuar a utilizar as medidas de caráter protetivo, como o uso de máscaras e álcool em gel, e o rastreamento de sintomas. E ainda é preciso convencer que as pessoas precisam se vacinar.”
Juiz de Fora e Governador Valadares
A vice-reitora ressalta, ainda, que todas as recomendações do Comitê atendem às tendências apresentadas em Juiz de Fora e Governador Valadares. “Atualmente, os dois municípios demonstram um avanço na vacinação e a flexibilização de atividades liberadas pelas prefeituras municipais. Temos boas perspectivas para o próximo ano, mas é preciso lembrar que a pandemia não acabou.”
A redução desse espaçamento em locais de ensino visam atender um grupo que já faz atividades presenciais e o maior impacto é a quantidade maior de alunos dentro da Universidade. “Consequentemente, teremos demandas como a utilização do Restaurante Universitário (RU) e também de outros fatores, como o transporte, para atender esses estudantes. Com o número maior de alunos na instituição, teremos que cuidar de todos os aspectos que envolvem essa retomada e continuarmos atentos à pandemia.”
Ganhos acadêmicos
Segundo o arquiteto da Pró-Reitoria de Infraestrutura e Gestão (Proinfra) e coordenador das Ações do grupo de apoio à Comissão de Infraestrutura e Saúde (CIS), Eder Marques da Costa, o protocolo aprovado em agosto de 2020 previa, dentre outras medidas de enfrentamento à Covid-19, parâmetros de distanciamento social e densidade de ocupação dos espaços destinados às aulas. “Naquele momento, foram definidos afastamento de um metro e meio entre as pessoas, e densidade de uma pessoa para cada quatro metros quadrados de área de sala. Com isso, a capacidade de ocupação de uma sala de aula teórica ficou reduzida a um quarto, e dos laboratórios e salas de aulas práticas entre um terço e metade das capacidades originais. Tal redução demandou um trabalho de replanejamento dos usos dos espaços e também dos horários dos docentes e dos técnico-administrativos em educação (TAEs) laboratoristas para atender a demanda do primeiro semestre suplementar.”
O arquiteto também aponta que em outubro deste ano, a direção do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) alertou que, devido ao aumento da oferta de aulas práticas para o segundo semestre suplementar, haveria dificuldade de atendimento nos mesmos moldes em que as disciplinas são oferecidas durante o desenvolvimento do semestre suplementar, marcado para iniciar em janeiro de 2022. “Diante desse alerta, o Comitê de Monitoramento reuniu-se em novembro, para analisar a questão e deliberou ser viável a redução do distanciamento em ambientes de aula para no mínimo um metro, mantendo-se todas as demais medidas protetivas como estabelecidas no protocolo.”
Costa destaca que essa decisão converge com outras decisões municipais e estaduais que vêm permitindo a redução do distanciamento social à medida que se avança a cobertura vacinal e reduzem-se os índices epidemiológicos de transmissão, mortalidade e ocupação de UTIs, entre outros. “Além disso, o monitoramento da comunidade acadêmica através do aplicativo Busco Saúde, permite uma observação detalhada da Covid-19 no âmbito da UFJF, auxiliando na tomada de decisões, seja para reduzir as medidas ou ampliá-las, caso necessário.”
Ainda de acordo com o arquiteto, a redução do distanciamento para ambientes de docência permitirá que as unidades acadêmicas atendam mais e melhor à demanda crescente das atividades presenciais nos próximos semestres. “Refletindo positivamente em menor sobrecarga dos professores e maior interatividade entre os alunos. Com o afastamento de um metro a densidade de ocupação dos ambientes didáticos passa a ser de uma pessoa para cada 2,25 metros quadrados. Assim, boa parte dos laboratórios e das salas de aulas práticas terão sua capacidade ampliada para a mesma ou quase a mesma capacidade de atendimento pré-pandemia. E no caso das aulas teóricas, ao retornarem nesses parâmetros, terão sua capacidade de atendimento ampliada de 25% para algo entre 40 e 50%.”
Atividades presenciais de graduação
Segundo o pró-reitor de Graduação, Cassiano Caon Amorim, essa medida advém da necessidade de reorganização das ofertas das disciplinas dos conteúdos curriculares nos cursos de graduação, principalmente para aqueles que já estão retomando uma rotina presencial mais intensa e para aqueles que já estão a oferecer as disciplinas práticas ou teórico-práticas.
“É o caso dos cursos da área de Saúde e de algumas outras graduações – como, por exemplo, a Faculdade de Comunicação -, que estão em semestre suplementar e que no próximo ano receberão estudantes que aguardam para iniciar o primeiro período. Como são turmas grandes, considerando as condições de biossegurança, a resolução permite que os cursos atendam a demanda de iniciar e dar continuidade às atividades das graduações.”
Para os cursos que retornarão ou darão continuidade às atividades em 3 de janeiro de 2022, a resolução não aponta mudança brusca, apenas a redução do distanciamento social. “O retorno gradual foi pensado de maneira a garantir o cumprimento dos protocolos de biossegurança da UFJF e, ao mesmo tempo, também possibilitar que tenhamos a recomposição dos conteúdos não ofertados durante o ensino remoto emergencial (ERE). Diante deste cenário, os conteúdos que não puderam ser oferecidos pela condição epidemiológica que existiam, voltaram a ser ofertados e compõem essa retomada gradual das atividades presenciais da Universidade”, detalha o pró-reitor de Graduação.
Apesar da retomada das atividades presenciais de graduação, Amorim aponta que é importante que toda a comunidade acadêmica se vacine e cumpra os protocolos de biossegurança exigidos pela Instituição. “Ainda é preciso que os estudantes fiquem atentos aos prazos previstos nos calendários acadêmicos e aos protocolos e documentos vigentes na UFJF.”
Na prática
Para a diretora da Faculdade de Medicina, Ivana Damásio Moutinho, na prática a segurança dos estudantes, professores e TAEs continua sendo a prioridade tanto da faculdade, quanto da Universidade. “Com o avanço da vacinação, a queda de infecção e mortes pelo novo coronavírus, e a manutenção das medidas de segurança, como seja, uso de máscaras, higiene de mãos e superfícies, além do distanciamento, continuaremos a oferecer as atividades práticas com a qualidade que exigimos.” Aponta, ainda, que as atividades teóricas continuam de forma remota. “Dessa forma, alunos e professores vão se encontrar menos vezes presencialmente. Além disso, a entrada de novos estudantes só se deu agora porque não temos mais turmas retidas, como foi no início da pandemia”, ressalta a professora.
A redução de distanciamento social também afeta os cursos do Instituto de Ciências Exatas (ICE). Segundo o diretor do Instituto, Eduardo Barrere, a alteração nas normas leva à ampliação da capacidade de atendimento e matrículas para as turmas práticas. “Como ponto positivo ocorre o atendimento a um número maior de discentes. As preocupações estão relacionadas a um maior fluxo de pessoas nas dependências do ICE e a necessidade de um número maior de equipamentos de proteção individual (EPIs) à disposição dos laboratórios e servidores lá atuantes. Mas de forma geral, um bom planejamento e uma ação conjunta entre gestores, docentes, TAEs, discentes e equipe de apoio/limpeza; pode viabilizar as condições necessárias de biossegurança para o bom andamento dos trabalhos.”
Biossegurança
Já no caso do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), que oferece disciplinas práticas para vários cursos, em sua maioria, são ofertadas em laboratórios especializados que contam com espaço e equipamentos adequados à realização destas atividades.
“Nos moldes anteriores, o número de alunos alocados nos laboratórios para cada aula prática precisou ser reduzido. Assim, para atender a um único curso, várias turmas precisaram ser abertas, ocupando os laboratórios por um longo período de tempo e impedindo que estes espaços fossem utilizados por alunos de outros cursos. Com as novas regras de distanciamento, será possível alocar um número maior de alunos em cada laboratório, reduzindo assim o número de turmas necessárias para atender a cada curso e, consequentemente, permitindo que mais cursos possam utilizar os laboratórios” afirma o vice-diretor do ICB, Gilson Macedo.
Apesar de somente as atividades práticas estarem autorizadas a retornarem presencialmente, o que é um limitador importante, haverá um substancial aumento no número de alunos que irão frequentar o ICB e, consequentemente a UFJF. Este fato reforça a necessidade da observância das demais normas de biossegurança já estabelecidas. Para Macedo, no caso específico do ICB, o tamanho do Instituto e a distância existente entre os laboratórios das diferentes especialidades auxiliam no recebimento seguro de um número maior de alunos.
“Aliado a isso, o Instituto já possui um plano de retorno gradual das atividades presenciais no qual estão contidas orientações, normas e condutas que, ao serem observadas, maximizam a segurança de todos os envolvidos. Soma-se ainda o aumento da cobertura vacinal e o monitoramento da comunidade acadêmica feito pelo aplicativo Busco Saúde. Apesar de tudo isso, tendo em mente o aumento no número de pessoas circulando nas dependências do Instituto, todas as medidas de biossegurança deverão ser reforçadas. Por fim, é importante ressaltar que o sucesso do retorno às atividades presenciais demanda “responsabilidade solidária e coletiva”. Assim, é fundamental que todos façam sua parte”, finaliza Macedo.
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