Pesquisas são focadas nos deslocamentos da imagem e poéticas dissidentes, com enfoque nas obras que se deslocam do olho, do quadro ou do fazer artístico (Imagem: Pixabay)

Ectopia (do grego “ektopos”, fora do lugar) é um termo médico para uma posição anormal de um órgão, tecido ou gene, tendo a expressão ectópica, quando o gene se transloca para uma posição incomum, causando uma alocação inusual. Apesar disso, se engana quem pensa que o grupo de estudos “Ectopia” tem qualquer relação com a medicina. Mediado pelo pesquisador e bolsista João Cendretti, o grupo pertence ao Laboratório de Transmutação Virtual, do Instituto de Artes e Design (IAD), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e foca suas pesquisas e produções nos deslocamentos da imagem e poéticas dissidentes, com enfoque nas artes ectópicas, ou seja, nas obras que se deslocam do olho, do quadro ou do fazer artístico. 

O grupo está com inscrições abertas para novos integrantes até 30 de novembro. São 35 vagas para profissionais e estudantes das áreas de Artes, Cultura e Comunicação, além de interessados pelo tema.

Segundo Cendretti, ‘’o propósito é instaurar um local de encontro, abrindo diálogos de diferentes áreas e permanentemente atento à paisagem política e social, tanto nacional quanto internacional, num intercâmbio constante de saberes’’, utilizando obras da filósofa Donna Haraway, e sua Sympoiesis, e da antropóloga Anna Tsing, com seus estudos acerca do antropoceno, para guiar ontologicamente as pesquisas do grupo. 

“’Nossos objetivos são essencialmente poéticos, o grupo procura como resultado de suas atividades narrar seu próprio mito, habitar as crateras da história, elaborar dissidências, coletivizar conhecimentos, reparar as fraturas da paisagem social, costurar imaginários, tecer realidades, fabricar mundos, desdobrar futuros possíveis’’, explica Cendretti.

O Ectopia terá dois módulos: o primeiro baseado no deslocamento do sujeito e da auto-imagem/o paradigma do retrato, onde serão trabalhados textos do filósofo Paul B. Preciado acerca de gênero e sexualidade, além de estudos de Donna Haraway. Será feito ainda um exercício de auto-mediação para a produção de um auto-retrato. Já o segundo módulo se baseia nas dissidências do meio, cidade e arte do espaço/o paradigma da paisagem, e será trabalhada a autora Giselle Beiguelman, “Políticas da imagem: Vigilância e resistência na dadosfera”, para a compreensão da paisagem política na qual nos encontramos. Será feito o exercício de construção do espaço (mise-en-scène) para a produção de uma paisagem urbana.

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Grupo de Estudos Ectopia