Depois de algumas semanas em queda, o número de casos de Covid-19 voltou a indicar que o nível de transmissão atual é elevado no município de Juiz de Fora. É o que aponta a trigésima sétima edição do boletim informativo da plataforma JF Salvando Todos. Desenvolvido por pesquisadores da UFJF, o documento foi divulgado nesta quarta-feira, 29 de setembro.

De acordo com o boletim, na 38ª semana epidemiológica (19 a 25 de setembro), Juiz de Fora registrou 429 novos casos e 15 vidas perdidas, com redução de 1,8% no número de casos e aumento de 50% no número de registros de óbitos em relação à semana anterior. Com isso, a cidade passou a contabilizar 45.437 casos confirmados e 1.982 vidas perdidas, em 27 de setembro.

Coordenador da plataforma, o professor Marcel Vieira assegura que a situação continua exigindo atenção, uma vez que “o número de casos persiste muito alto e o nível de transmissão do vírus pode ser considerado elevado”. Vale lembrar que, conforme a classificação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão norte-americano, o nível elevado é o segundo em termos de gravidade, só ficando atrás do elevadíssimo.

Com relação à média móvel para o quantitativo de casos novos, os dados indicam que ela evoluiu de 58,4 casos, em 13 de setembro, para 65,3 casos, em 27 de setembro, um aumento de 11,8% nos 14 dias anteriores. O número de casos suspeitos também cresceu no mesmo período, passando de 130,9 por dia para 175,6, o que representa um aumento de 34,1%.

Vidas perdidas

Já quando analisado o número de óbitos, a média móvel se manteve no mesmo patamar, apresentando índice de 2,9 óbitos por dia. No entanto, essa estabilidade não deve ser comemorada, pois nos 14 dias anteriores, houve um aumento de 45,1%.  Segundo Vieira, a cidade passou por um período de queda, mas agora o patamar continua elevado, por volta de 15 vítimas da Covid-19 por semana.

Em 27 de setembro, a taxa de letalidade era de 4,36 em Juiz de Fora, apresentando uma queda gradual, porém em ritmo lento: 4,39%, 4,40% e 4,42% nas últimas três medições. Na Zona da Mata, a taxa registrada nesse mesmo dia foi de 2,87%, 2,55% em Minas Gerais e 2,78% no Brasil. Por isso, foi constatado mais uma vez que a taxa de letalidade no município continua muito superior em comparação aos cenários regional, estadual e nacional.

Vacinômetro avança

“A vacinação é o que temos de melhor para combater essa doença e controlar a pandemia. É importante que as pessoas fiquem atentas ao calendário e procurem os postos de saúde.” (Marcel Vieira)

Até o dia 28 de setembro, haviam sido aplicadas 707.377 doses das vacinas em Juiz de Fora, sendo 433.432 primeiras doses, 255.390 segundas doses, 14.848 doses únicas e 3.687 terceiras doses. Com isso, 75% da população recebeu a primeira dose e 46,8% recebeu as duas doses ou a vacina de dose única.

Comparando com os dados gerais no Brasil, esses percentuais são 68,3% e 41,8%, primeira e segunda dose, respectivamente, indicando que a cobertura vacinal em Juiz de Fora continua superior à do país. Na 38ª semana epidemiológica, foram aplicadas 22.370 primeiras doses, 22.167 segundas doses e 1.402 terceiras doses, totalizando 45.939 doses no município. Esse dado caracteriza um aumento de 199% no total de doses em relação à semana anterior.

Para o responsável pela publicação dos boletins, há duas principais explicações para esse grande aumento: “o acerto do calendário das segundas doses da Astrazeneca pela prefeitura e o início da vacinação de adolescentes com idade superior aos 12 anos, que contou com uma grande adesão das famílias”.

Volta às aulas

No início desta semana, cerca de dez mil crianças da educação infantil retornaram às escolas, segundo a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Na opinião de Marcel Vieira, ainda não há como analisar o impacto da volta às aulas nos índices, sendo necessário acompanhar de perto. “É importante que todos – escolas, creches, pais e responsáveis – sigam todas as recomendações dos órgãos competentes e cumpram o protocolo estabelecido pelo município”, destaca.

Para o especialista, “a vacinação é o que temos de melhor para combater essa doença e controlar a pandemia. É importante que as pessoas fiquem atentas ao calendário da vacinação e procurem os postos de saúde, especialmente aqueles que ainda não se imunizaram”.

Ainda assim, é necessário manter todas as medidas recomendadas, como “distanciamento social, uso de máscara, cuidados com a ventilação em ambientes fechados e hábitos de higienização”.