O pesquisador Carlos Maranduba e sua orientanda de mestrado Luiza da Silva Queiroz, que atuam no desenvolvimento de um teste mais rápido e de baixo custo para detecção da Covid, comparável ao padrão PCR

Entre março e dezembro de 2020, as instituições federais de ensino superior (Ifes) do país desenvolveram 74 mil projetos de pesquisa. Entre eles, 2.015 iniciativas foram totalmente focadas no enfrentamento à pandemia de Covid-19 nas mais diversas áreas da ciência. O dado faz parte do estudo “Conhecimento e Cidadania: Ações de Enfrentamento da Covid-19 realizadas pelas Ifes (2020)“, desenvolvido pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Os números se mostram relevantes especialmente no cenário de suspensão das atividades presenciais nas universidades e de cortes orçamentários. 

Segundo o levantamento, a maior parte das pesquisas são desenvolvidas pelas 21 universidades federais do sudeste brasileiro e equivalem a um total de 35.820 estudos.  Desse total, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) contribui com 876 trabalhos de investigação. De acordo com a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Monica Ribeiro, o levantamento confirma o que outras bases e ferramentas já comprovam sobre o papel fundamental exercido pelas universidades federais na produção de pesquisa e pós-graduação.

“Os grandes números demonstram que mesmo nestas condições adversas que estamos vivendo, com a suspensão das atividades presenciais, a pesquisa e a pós-graduação não pararam e continuaram ativas e dinâmicas. Além dos projetos de pesquisa já citados, temos 3.140 discentes na pós-graduação desenvolvendo estudos, segundo os nossos dados de 2020.”Resposta à Covid

Do total nacional de pesquisas, 2.015 abordam temas relativos à pandemia, sendo que 1.132 são desenvolvidos no sudeste brasileiro e, entre eles, 106 apenas na UFJF. “Há um alto número de projetos voltados para a pesquisa de combate à Covid na nossa Universidade. Temos dezenas de pesquisas em andamento, sob variados temas, desde a produção de inovação para equipamentos hospitalares, medicamentos, vacinas, até pesquisas sobre saúde mental e comportamento social”, destaca Mônica. 

Entre as 106 pesquisas voltadas para o combate a Covid-19 na UFJF, pesquisadores do Departamento de Biologia, Bioquímica e Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), desenvolvem uma tecnologia para a Detecção de Sars-cov-2 (Covid-19) através da Técnica Lamp  (Amplificação Isotérmica Mediada Por Loop). Segundo o coordenador do estudo, professor Carlos Magno da Costa Maranduba, a proposta objetiva desenvolver um diagnóstico para a doença de modo prático, rápido e de baixo custo. 

“Trata-se de uma técnica de biologia molecular para amplificação de ácidos nucléicos em uma única temperatura. Esta eficiente amplificação pode ser obtida em 30 minutos, não havendo a necessidade de equipamentos sofisticados para sua execução. A partir de um subproduto formado, é possível diferenciar as reações positivas em relação às negativas, através da mudança de cor, de vermelho a amarelo.” explica o professor.

Além disso, Maranduba aponta que o processo visa agilizar o diagnóstico do paciente, liberando, com segurança e eficiência, resultados no menor tempo possível. “Estamos finalizando a padronização e os dados estão sendo comparados com o PCR em tempo real. Assim, com o uso dessa técnica, esperamos contribuir para que o paciente receba atendimento com agilidade, o qual se espera.”

Maranduba também avalia o fato de a Universidade estar acima da média na produção de estudos contra a covid-19. “A UFJF vem se destacando em vários índices nacionais e regionais em função do seu quadro de docentes altamente qualificados e produtivos. A prova disso é a resposta que a instituição dá à sociedade, nesse momento principalmente de pandemia, o qual demanda dos docentes respostas rápidas às necessidades.”

Alunos da pós-graduação

O doutorando Vitor Almeida acredita que só o investimento público em ciência é capaz de tirar o país do caos

Segundo o levantamento da Andifes, em 2020, as universidades federais possuíam 133.628 estudantes matriculados nos cursos de doutorado e mestrado. Apesar do início tardio do estabelecimento da pós-graduação na UFJF, desenvolvida na década de 1990, a instituição tem atingido um patamar de qualidade reconhecido em rankings nacionais e internacionais. Tanto que entre os mais de 60 mil pós-graduandos do Sudeste do país, a Instituição é responsável por mais de 3.140 pesquisadores, distribuídos nos 46 programas de pós-graduação, dado que excede a média regional que seria de 3.011 alunos por cada universidade federal. 

Para Mônica, uma das possíveis causas para a procura dos cursos de pós-graduação da UFJF é considerar que a cidade é de porte médio, oferece bons serviços e está relativamente próxima de grandes centros. “Também oferecemos muitas bolsas de estudo, além das disponibilizadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), temos um próprio programa de bolsas (PBPG) desenvolvido pela Universidade. Também não podemos desconsiderar que o Pós-graduação Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP), desenvolvido pelo Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed), capta alunos de todo o país para a Instituição.”

O doutorando em Comunicação e Sociedade, Vítor Almeida, conta que escolheu a UFJF, tanto no mestrado quanto no doutorado em curso, porque é um espaço acadêmico de excelência, além de a Universidade ser próxima da cidade natal, Cataguases, e ter uma política de bolsas firme e consolidada. Para o doutorando o momento demonstra o quanto é necessário o investimento em pesquisa no país. “Só com a ciência nos veremos livres da pandemia mundial. Basta olhar pra trás e ver como nosso país enfrentou a gripe H1N1. Vacinamos 80 milhões de brasileiros em três meses. E, nesse momento de caos social que vivemos, o governo federal decide cortar os investimentos em pesquisa, incentivar as aglomerações e o não uso da máscara.”

Iniciação científica

A pesquisa da Andifes ainda revela que em todo o território nacional, 29.389 estudantes estiveram envolvidos em atividades relacionadas ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). Desse total, 10.072 estão localizados no Sudeste, sendo que 721 projetos são desenvolvidos apenas na UFJF. Ligados aos projetos há 1.022 jovens pesquisadores, entre bolsistas e voluntários.

O aluno Matheus Alvim, bolsista de iniciação científica, acredita que o projeto o prepara para o futuro profissional e para a carreira científica

Para a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, por meio dos dados do levantamento realizado pela Andifes, observa-se a resistência da pesquisa realizada nas Universidades, ao percebermos a manutenção do alto número de bolsas de Iniciação Científica, responsáveis por recrutar os futuros cientistas. “Na UFJF o último edital 2020/2021 envolveu 782 projetos de pesquisa, distribuídos entre as sete áreas da Capes”, afirma Mônica.

Atuante no projeto “As significações de trabalho docente nos discursos produzidos em tempos de pandemia”, sob orientação da professora Andreia Rezende Garcia Reis, Matheus Alvim está envolvido nessa pesquisa de iniciação científica desde 2020. “Esta investigação tem me proporcionado um crescimento enorme, uma vez que sou capaz de entender um pouco mais sobre as redes discursivas que giram em torno do trabalho do professor.” Para ele, a participação no projeto também contribui na sua formação como pesquisador e nos modos como irá enxergar seu trabalho no futuro. “Além do mais, analisar esses discursos, em um momento que nossa profissão tem sido altamente desvalorizada, provoca em nós um desejo de mudança e um entendimento real do que é ser professor”, finaliza o estudante.

Conhecimento e Cidadania: Ações de Enfrentamento da Covid-19 realizadas pelas IFES (2020)

O estudo, relativo ao período de março a dezembro de 2020, teve como objetivo avaliar a atuação das universidades federais durante a pandemia causada pela Covid-19. No total, 48 das 65 das universidades, o que equivale a uma média de 70%, responderam ao questionário enviado pelo colegiado às instituições. O levantamento faz parte da campanha “Conhecimento e Cidadania. Juntos pela Vacina”.

De acordo com o levantamento, o público beneficiado pelas ações das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) equivalem a 85.537.773 pessoas. Se divididos pelas regiões do território nacional, essas atividades foram mais incisivas na região Sudeste do país, alcançando mais de 43 milhões de cidadãos, seguida pela região Sul, Nordeste, Centro-oeste e Norte, respectivamente.

Acompanhe a UFJF nas redes sociais

Facebook: UFJFoficial

Instagram: @ufjf

Twitter: @ufjf_

Youtube: TVUFJF