O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado no dia 11 de fevereiro, não somente celebra a atuação e o legado de pesquisadoras ao redor do mundo, como também relembra os desafios enfrentados – tanto os já conhecidos quanto aqueles que surgem mediante o atual cenário. Políticas de permanência na carreira científica e medidas para equidade de gênero nas instituições de pesquisa são alguns dos temas reforçados anualmente. O peso do combate à pandemia de Covid-19 e os cortes – tanto nacionais quanto regionais – das verbas destinadas à ciência também são desafios colocados em evidência nesta data.
“A ciência é o espaço da autonomia e diversidade e é desta forma que devemos conduzir nossas pesquisas. Só temos a ganhar enquanto sociedade quando entendermos que a produção científica é um patrimônio de todos. Superar as dificuldades, e até uma certa invisibilidade das mulheres, é um desafio diário”, avalia a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mônica Oliveira.
Combate à Covid-19 é tema oficial; UFJF é destaque no enfrentamento à pandemia
Refletindo a intensa dedicação científica no combate ao coronavírus nos últimos meses, o tema oficial escolhido para marcar a data em 2021 é “Mulheres cientistas na linha de frente da luta contra a Covid-19”. A temática é definida pela Organização das Nações Unidas (ONU), a mesma que determinou a data internacional em 2015. Mundialmente, pesquisadoras destacaram-se pelo empenho e pelo desenvolvimento de formas de contenção do vírus e compreensão da doença – em terras brasileiras, por exemplo, foram duas cientistas as responsáveis por sequenciar, em 48 horas, o genoma do coronavírus.
Na UFJF, uma série de pesquisadoras está envolvida diretamente na realização de estudos, ações e testes de diagnóstico de Covid-19. Um dos exemplos é a pesquisadora do Departamento de Ciência da Computação, Priscila Capriles, que, desde o início da pandemia, comanda dois projetos voltados para o combate a Covid-19. Um deles é a Plataforma Busco-saúde, cujo trabalho é dedicado a teleorientar, monitorar e rastrear casos suspeitos e confirmados da doença. Com o início da vacinação, o sistema também passou a realizar o controle do processo de imunização em Juiz de Fora.
Já em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Priscila também desenvolve pesquisa para a descoberta de novos medicamentos que apresentem eficiência e, ao mesmo tempo, poucos efeitos colaterais para tratamento da Covid-19. “Trabalho hoje em uma área que é predominantemente masculina, que são as áreas de Ciências Exatas. Mas, em momento algum, me senti e me comportei com qualquer diferença de capacidade técnica e intelectual com relação a qualquer colega e companheiro”, lembra. A pesquisadora aconselha meninas que querem ser cientistas: “tenha sonhos, lute por eles, realize um bom trabalho e queira que esse trabalho esteja disponível para toda a sociedade.”
Para todas as meninas na ciência
Nascido com o nome “Para meninas negras na ciência”, o projeto “Para todas as meninas na ciência” só cresce desde a sua criação, em 2017. Através de palestras e oficinas, a pesquisadora Zélia Ludwig, do Departamento de Física da UFJF, leva às escolas e comunidades locais instrumentos e experiências científicas para jovens e crianças. O objetivo é encantar e aguçar a curiosidade das crianças com questionamentos e mostrar algumas respostas por meio de experimentos.
Zélia é uma das dez cientistas que tiveram sua história contada no e-book Mulher faz ciência, publicado nesta quinta-feira, 11, pelo Minas Faz Ciência, vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A pesquisadora também participou do evento online “Mais Mulheres e Meninas na Ciência” da Unesco, conversando sobre as “Possibilidades de avanço de carreira em tecnologia”.
“Essa data – Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência – é uma forma de mobilização da sociedade e da comunidade científica para celebrarmos os avanços e conquistas e para levantar as discussões sobre a necessidade de ações para aumentarmos a diversidade e a equidade na ciência”, afirma Zélia Ludwig.