O Núcleo de Atendimento Social da Faculdade de Engenharia (Nasfe) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) entregou, à Prefeitura de Juiz de Fora, produtos técnicos relacionados à base cartográfica do município. A entrega atende aos termos da parceria firmada em janeiro entre a Universidade e a Defesa Civil, cujo objetivo é desenvolver ações para mapeamento e redução do risco de desastres na cidade.  

Os produtos técnicos tratam de mapas desenvolvidos a partir de levantamentos topográficos disponibilizados pela Prefeitura ao Nasfe. Como explica o professor da Faculdade de Engenharia e coordenador do Núcleo, Jordan Henrique de Souza, a informação mais antiga repassada foi uma foto escaneada de 1949, fora de qualquer padrão cartográfico. “A gente teve o trabalho de fazer o georreferenciamento, que é posicionar essa foto no espaço. Essa imagem, que antes era puramente uma foto, vira então uma informação cartográfica. Tivemos um trabalho imenso de pegar esses vários arquivos que nos foram disponibilizados, espacializa-los, juntar todos em um único arquivo, algo que chamamos de mosaicar, e por fim, passar isso para o novo padrão cartográfico que é o sirgas-2000.”  

A entrega desses mapas possibilita que a Defesa Civil do município possa realizar a sobreposição sobre o mapeamento já existente, desenvolvido pela Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPMR), e assim ter a possibilidade de atualizar mapas de risco e verificar a existência de novas áreas. “Alguns desses mapas chegam a ter um nível de detalhe onde você sobrepõe o polígono, a área ou setor de risco, e simplesmente consegue identificar se há casas que estão ou não em uma situação de risco”, explica Souza. 

O coordenador da Defesa Civil, Jeferson Rodrigues,  afirma que essa parceria estabelecida entre a UFJF e a Prefeitura é de grande benefício, principalmente por todo o trabalho desenvolvido pelo Núcleo a fim de tornar Juiz de Fora uma cidade mais resiliente. “Um trabalho de extrema importância foi a consolidação de todos os mapas existentes em Sirgas 2000, modelo definido em 2005 como padrão geodésico para o Brasil. Esse trabalho desenvolvido pela UFJF muito vai contribuir para o exercício desenvolvido pela Defesa Civil e pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), assim como para outras secretarias e a própria UFJF. O município tem muito a ganhar com essa ação e trabalho exaustivos da Universidade. Foram necessárias 550 horas para sua conclusão, resultando em 54 DVDs entregues para a Defesa Civil e que se estenderá a outras secretarias.” 

Juntamente com os mapas, também foi entregue um relatório técnico de execução do projeto. Nele são explicadas as etapas e procedimentos que o Núcleo realizou durante o período estabelecido. Como a parceria se instaurou em janeiro, antes de ser decretada a pandemia de coronavírus, alguns aspectos tiveram que ser readequados. O projeto que também atuava de forma presencial, com atendimento individual ao cidadão, teve que ajustar sua área de atuação apenas para atividades remotas. 

“A análise da resiliência aos desastres no município e a montagem da base cartográfica foram nosso foco. Montamos a estrutura de um servidor de informações que continha todos os mapas, e com isso alunos e professores trabalharam remotamente, fazendo videoconferências na medida que dúvidas e desafios iam surgindo. A parte da base cartográfica a gente conseguiu fazer bastante coisa, só não conseguimos realizar a coleta de alguns pontos de campo utilizando o GPS e assim fazer algumas validações e alguns cálculos. Mas, particularmente, eu considero que diante das dificuldades que tivemos com a pandemia nós fomos bastante assertivos e conseguimos desenvolver bastante coisas em conjunto com os alunos”, afirma Souza. 

Consulta pública

O projeto também realizou uma consulta pública durante o Workshop Juiz de Fora Mais Resiliente, sobre a resiliência a desastres no município. A consulta ocorreu pelo Youtube no qual, durante o evento, foi apresentado o resultado de uma autoavaliação feita pelos servidores que têm interface quando acontece algum tipo de desastre. Souza ressalta que “nesse Workshop nós apresentamos ferramentas desenvolvidas pela ONU que nos auxiliam a fazer uma análise da capacidade de resiliência da cidade. Nós então expomos e aplicamos essa ferramenta, que tem vários pontos que a gente precisa avaliar, fizemos essa videoconferência com funcionários da prefeitura, bombeiros do exército, da polícia, Cemig, Cesama, entre outros. Fizemos a apresentação dos resultados da pesquisa e abrimos para que qualquer pessoa da comunidade, seja ele um profissional técnico, ou uma liderança comunitária, para que pudesse fazer uma sugestão, contribuir e colocar suas observações, concordar ou discordar com o que foi feito”. 

O coordenador do Nasfe afirma que atualmente o grupo se encontra na fase de compilação dos dados coletados. “Estamos pegando os dados da consulta para que nós possamos dar a devida publicidade desses resultados”. Jeferson Rodrigues afirma que o resultado da consulta pública deverá se transformar em um plano de ações que orientará o município no objetivo de se transformar em uma cidade resiliente e que, “certamente contribuirá para a obtenção dos recursos necessários para este objetivo”.