Durante a 3ª edição da Semana da Consciência Negra da Universidade Federal de Juiz de Fora, diversas atividades de debates e reflexões sobre o tema acontecem nos dois campi. As ações do campus Governador Valadares (UFJF-GV) estão sendo organizadas pelo Grupo de Estudos Relações Raciais, Estado e Sociedade (Gerres), e envolvem oficinas online, reunião aberta, além de manifestações culturais nas mídias sociais da Universidade.
Na terça, a partir das 17h, acontece a reunião aberta do Gerres. Na sequência, será realizada a oficina ‘Raça, subcidadania e isolamento social em tempos de Covid-19’, com participação do mestrando em Ciências da Universidade de São Paulo, Ronan da Silva Gaia. Ronan é autor do artigo “Subcidadania, raça e isolamento social nas periferias brasileiras: reflexões em tempos de Covid-19” , que demonstrou a diferença no enfrentamento à pandemia no Brasil, levando em consideração as desigualdades sociais e raciais. Na ocasião, ocorre também o lançamento da marca do grupo, estruturada pelo setor de Comunicação, Cultura e Eventos da UFJF-GV. Para se inscrever, acesse este link.
Para o professor Bráulio Magalhães, embora pautas como subcidadania, periferização do discurso e das narrativas estejam presentes na mídia, elas exigem uma complexidade maior. “Se for uma pauta apenas de abordagem, de leitura, sem repercutir nas mudanças e espaços decisórios do Estado e nas politicas públicas, vai perdurar do mesmo jeito; mesmo tendo pessoas sendo vistas em jornais, ocupando cargos e se elegendo, a profundidade que exige é muito maior”, pondera o organizador da atividade.
O docente explica ainda que a oficina propõe debater como a pandemia de Covid-19 está expondo a diferenciação de negros e não negros no Brasil. “A pandemia revelou elementos e evidenciou essa distinção estrutural que existe: o racismo estrutural, as implicações institucionais das diferenciações que são colocadas do negro com o não negro. A pandemia tem revelado o que estava de certa forma escondido, superficial; ela vem demonstrar que isso é algo profundo, enraizado, e que precisa ser discutido”.
Na quinta, 26, o tema da atividade será a estética negra. A partir das 17h, acontece a oficina ‘Estética negra em espaços universitários e organizacionais’, ministrada pela mestranda em Administração da Universidade Federal do Espírito Santo, Juliana Schneider Mesquita e mediada pela economista e estudante da UFJF-GV, Oline Silva Aguiar.
O evento é organizado pela docente Mariana Lage, que destaca a relação entre peles negras e tendências sociais: “é inegável que raça é um organizador social”. Para ela, “num mundo pautado por um ideal eurocêntrico de beleza e estética, falar da estética negra, da identidade negra, da beleza dos corpos negros, da aceitação desses corpos nos ambientes organizacionais é necessário e urgente”.
A oficina é aberta para todos os públicos, mas traz expectativas diferentes para brancos e negros: “para as pessoas negras, trata-se de um espaço de acolhimento, de práticas que possam ser compartilhadas, de expressão da estética e do autocuidado, além de mais uma oportunidade de debater o ser e estar no mundo. Para pessoas brancas, trata-se de um momento de escuta, de aprendizado e desconstrução, onde novos olhares sobre a estética negra podem contribuir para práticas antirracistas”, finaliza. Clique aqui para se inscrever.
Também neste mês, o campus GV lançou a 17ª edição do Vamos Ler!, que traz produções de escritores afro-latinos. Em paralelo, serão divulgadas sugestões culturais que envolvam a temática racial no Plugue!, projeto que compartilha dicas de filmes, livros, séries e álbuns da comunidade acadêmica no perfil da UFJF-GV no Instagram.