Com a retomada do período letivo, estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora buscam se adaptar às novidades do Ensino Remoto Emergencial (ERE). Desde o último dia 21, calouros e veteranos dos dois campi vivenciam novas experiências e substituições: quadro e giz deram lugar a microfone e computador; e quem antes estava presente em sala, agora está online. Em meio a tantas mudanças, como garantir um bom desempenho sem sobrecarregar a saúde mental?
“Em primeiro lugar, é preciso entender que ensino remoto não é educação a distância”, pontua Lucas Nápoli, psicólogo do setor de Assistência Estudantil do campus GV. “O ERE é uma alternativa momentânea para uma situação em que não é possível ter aulas presenciais, com o objetivo de preencher uma lacuna temporária durante a pandemia”. Dessa forma, como a estratégia é novidade para a grande maioria das pessoas, é importante entender que o processo de aprendizagem é pessoal, cada um tem seu tempo para assimilar as mudanças.
As atividades no ERE podem ser síncronas – quando há interatividade entre professor e aluno, ou assíncronas, como as aulas gravadas, por exemplo. Nesses novos ambientes, o manejo de ferramentas tecnológicas de gravação e transmissão de aulas pode representar um desafio. “Tanto colegas quanto professores estão aprendendo usar o Moodle, o Google Sala de Aula, ou o Google Meet; a curva de aprendizagem pode ser mais ou menos íngreme, dependendo da pessoa”, comenta.
Toda adaptação leva tempo
A estudante de Ciências Econômicas, Bruna Gonçalves, conta que sua experiência tem sido ‘levemente desafiadora’: “Por mais que eu estivesse acostumada a estudar sozinha, acho que nossa casa tem muitos ambientes ‘convidativos’, que podem nos desviar de assistir às aulas, por exemplo, principalmente quando elas são de caráter assíncrono”. Matriculada nas últimas disciplinas do curso e em meio à escrita da monografia, Bruna comenta os desafios da autocobrança: “Às vezes, tenho me cobrado mais do que o necessário, por achar que estou com muito tempo livre, mesmo que eu já tenha cumprido todas as atividades do dia”.
“Neste período, é preciso ser autocompassivo. O processo de autocobrança pode levar à ansiedade e à depressão. Toda adaptação leva tempo” Lucas Nápoli, psicólogo.
Nesse sentido, o psicólogo da UFJF-GV destaca a importância da autocompaixão, atitude ligada à saúde mental, que permite ao estudante compreender que tem fragilidades e limitações: “Não sou o Super Homem, não dou conta de tudo. Preciso respeitar meus limites e compreender o processo. Porém, isso não significa olhar para si mesmo com autopiedade; compreendo meus limites, mas busco solucionar os problemas, sem esperar que a solução venha do outro”.
O ambiente influencia o entendimento
“Nosso processo de aprendizagem é dependente do contexto, dos estímulos que estão à nossa volta”. Nesse sentido, Lucas aborda a importância de encontrar um local tranquilo e confortável para assistir às aulas, principalmente as síncronas, pois “quanto mais estímulos relacionados aos contextos de sala de aula, melhor”. Além de evitar o sofá, Lucas indica que o estudante se vista e se comporte como se estivesse em sala, mesmo em uma aula gravada. “Para ter uma experiência similar à da sala de aula, a melhor estratégia é se comportar como se estivesse. Isso favorece a aprendizagem.”.
Defina suas estratégias e evite a procrastinação
Ao longo desta semana, a Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde (LAPS), da UFJF-GV, tem divulgado orientações para otimizar o aprendizado durante o ensino remoto. Além de aplicativos que podem ajudar a organizar as tarefas da semana, a Liga indica que cada estudante entenda seus estímulos: enquanto alguns aprendem melhor ouvindo, outros compreendem a partir da leitura, ou por estímulos visuais, como gráficos e mapas mentais. O conteúdo completo está disponível no perfil da LAPS no Instagram.
Para adaptar a rotina de estudos em casa, Lucas Nápoli orienta que é preciso estabelecer horários e atividades a serem cumpridas, a fim de evitar o acúmulo de demandas. “A rotina é uma ferramenta para que você não precise pensar no que fazer a todo momento, você está planejado. Porém, ela deve ser minimamente flexível, para que o processo não fique engessado. Não temos a vivacidade do ensino presencial, então é preciso criar estratégias”, pondera o psicólogo.
Na reta final da graduação, a discente Bruna Gonçalves tem seguido as orientações para conciliar o curso e a vida pessoal: “Acho que o segredo para dar conta do ensino remoto é ter uma rotina bem definida e anotar compromissos, seja em uma agenda física ou digital. Fazer exercícios, e o fato de eu estar me alimentando bem, são coisas que têm me ajudado bastante a equilibrar essa nova fase e me lembrar de que posso – e devo – me dar momentos de cuidado e lazer”, finaliza.
Peça ajuda!
Mesmo durante o período de atividades remotas, o setor de Assistência Estudantil continua realizando atendimentos individuais. Em caso de dificuldades de adaptação, ou necessidade de diálogo, os psicólogos da UFJF-GV estão preparados para auxiliar a comunidade acadêmica. As solicitações podem ser feitas através do Serviço de Atendimento Unificado (SAU).