Está no ar a décima primeira nota técnica realizada pelo Grupo de Modelagem Epidemiológica da Covid-19, composto por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Nesta edição, o documento mostra que a epidemia de Covid-19 está presente em quase todos os municípios da macrorregião de saúde Sudeste (composta pelas microrregiões de Além Paraíba, Carangola, Juiz de Fora, Leopoldina/Cataguases, Lima Duarte, Muriaé, Santos Dumont, São João Nepomuceno/Bicas e Ubá, sendo Juiz de Fora o município-polo). A nota teve como foco as distribuições temporal e espacial dos casos e óbitos confirmados e internações no SUS até o dia 12 de setembro – final da semana epidemiológica 37 (6 a 12 de setembro) – bem como das taxas de incidência e de mortalidade.
2129 internações por Covid-19
De acordo com pesquisador Mário Círio Nogueira, um dos autores do documento, não se observou uma redução nas internações no setor público na macrorregião Sudeste e na maioria de suas microrregiões. “As redes regionais de saúde têm funcionado, pois a grande maioria das internações ocorreram dentro da microrregião de residência do paciente, evitando assim grandes deslocamentos”, esclarece. No período de 5 de abril a 12 de setembro, foram registradas 2.129 internações por Covid-19 no SUS Fácil Minas Gerais na macrorregião Sudeste, de residentes na macrorregião. Cerca de 52% dos pacientes eram maiores de 60 anos e 52,2% do sexo masculino, 18% dos pacientes morreram durante a internação neste período. As microrregiões com maior número de internações foram Juiz de Fora (37,3%), Leopoldina/Cataguases (16,1%) e Muriaé (14,1%).
O documento ressalta que um dos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que se considere a pandemia sob controle é um constante declínio no número de hospitalizações por Covid-19, tanto em leitos de enfermaria quanto de UTI por um período de 2 semanas. Isso não foi observado para a macrorregião Sudeste e para a maioria das microrregiões. Juiz de Fora, por exemplo, teve aumento de internações por 4 semanas antes de ter pequena diminuição na última semana.
JF é a microrregião com maior número de casos e óbitos
A macrorregião de saúde Sudeste teve taxa de crescimento no período mais recente menor que Minas Gerais e maior que o Brasil e todos os três tiveram uma desaceleração no crescimento comparado há 3 semanas. As microrregiões de saúde da macro Sudeste com maiores taxas de crescimento no período mais recente foram Ubá, Carangola e Santos Dumont (superior à taxa do estado). “A maioria dos casos e óbitos continuam ocorrendo nos municípios maiores, que são polos regionais de saúde, como Juiz de Fora, Ubá, Muriaé e outros. A microrregião com maior número de casos e óbitos ainda é Juiz de Fora”, observa Nogueira. A nota ressalta que nenhuma microrregião esteve, durante as duas últimas semanas, com o Número Reprodutivo Efetivo (Rt) abaixo de 1, que seria mais um dos critérios da OMS para considerar a epidemia controlada.
Para verificar o comportamento da pandemia nos municípios do interior, os pesquisadores agruparam em “polo” e “outros”. Os polos são as maiores cidades, são as referências regionais para a atenção secundária e terciária do sistema de saúde. Apenas na última semana houve um aumento na proporção de casos no “interior”, o mesmo não ocorrendo com os óbitos. Tanto os casos quanto os óbitos continuam mais concentrados nas grandes cidades da região.
As notas técnicas anteriores podem ser acessadas pelo portal JF Salvando Todos.
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