Um único doador pode ajudar mais de 50 pessoas com a doação de órgãos, ossos e tecidos. Para ser um doador no Brasil, basta apresentar o desejo a família. Porém, o assunto ainda é visto como tabu por muitos. Com objetivo de conscientizar cada vez mais pessoas sobre a importância de ser um doador de órgãos, a Liga Acadêmica de Transplantes de Tecidos e Órgãos da Universidade Federal de Juiz de Fora (Latto/UFJF) promove a campanha “Setembro Verde”, mês em que a Sociedade Brasileira de Transplante de Órgãos promove ações para conscientização. 

Por causa da pandemia de Covid-19, este ano a campanha será realizada inteiramente pelo Instagram da Liga. Na primeira quinzena do mês, o grupo realiza publicações informativas sobre transplantes e doação de órgãos como um todo. Já na segunda quinzena, o foco é a publicação, em texto e vídeo, de relatos de transplantados, doadores e profissionais da saúde envolvidos com a área. Além disso, a Liga também promove a I Jornada de Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos da Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ). O evento acontece no formato online, pelo YouTube, nos dias 16,17, 23 e 24 de setembro.

É importante que as famílias brasileiras conversem sobre doação de órgãos.

Como funciona a doação de órgãos no Brasil

De acordo com Hélady Sanders, chefe do Serviço de Transplante Renal do Hospital Universitário (HU), o principal objetivo da campanha é trazer a problemática para o dia a dia dos cidadãos. “É importante que as famílias brasileiras conversem sobre doação de órgãos, para que, se eventualmente algum de seus parentes evolua com morte encefálica e seja solicitada sua doação após a morte, a família se sinta à vontade para respeitar a opinião do seu familiar e doe seus órgãos para transplante”, afirma. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2018, 42% das famílias de potenciais doadores não autorizaram a doação. 

Segundo dados do Ministério de Saúde, a doação de órgãos de pessoas falecidas só pode ocorrer depois da confirmação de morte encefálica – a perda completa e irreversível das funções cerebrais. Após a confirmação, podem ser transplantados órgãos – coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim – e tecidos – medula óssea, ossos, córneas. Os órgãos doados são encaminhados para pacientes que precisam de um transplante e já estão aguardando no Sistema de Lista Única. “Os órgãos doados são distribuídos de uma forma equitativa e anônima. Os órgãos dos rins, por exemplo, vão para aquela pessoa mais indicada para receber o órgão, ou seja, que tenha mais chance de funcionar por mais tempo”, esclarece Hélady. Para saber se o órgão do doador é compatível com o receptor, são feitos exames laboratoriais e a posição na lista é determinada com base em critérios como tempo de espera e urgência do procedimento.

A desconstrução do tabu

“A campanha é baseada em uma pesquisa que fizemos anteriormente com quase 800 moradores de Juiz de Fora. Nela, percebemos que as pessoas querem doar, mas possuem algumas dúvidas. A nossa campanha foi organizada a partir dessas dúvidas”, afirma Hélady.  A pesquisadora percebe que muitas pessoas apresentam grande desconforto quando o assunto gira em torno de morte. Mas lembra que a doação de órgãos pode ser uma oportunidade de lidar com a tragédia de em uma forma mais positiva de lembrar dos entes queridos falecidos. “A melhor forma de se lidar com tabu sobre qualquer assunto é falar abertamente sobre ele. A campanha é exatamente pra isso, para que possamos estar disponíveis para esclarecer as possíveis dúvidas.” Um dos intuitos da campanha é apresentar ao público pessoas  transplantadas e como o transplante mudou a vida deles. 

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