Filmes foram produzidos pelo Laboratório de Antropologia Visual e Documentário (Lavidoc) da UFJF (Imagem: Divulgação)

Dois documentários produzidos pelo Laboratório de Antropologia Visual e Documentário (Lavidoc) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foram selecionados para participar da III Mostra Arandu de Filmes Etnográficos 2020 – “Antropologia e Sociedade: Compartilhando Saberes”. O evento, de âmbito nacional, tem programação prevista até 16 de outubro.

A UFJF é representada pelos filmes “Zé Carreiro, A Padroeira e o Congado”, desenvolvido pelo professor, Carlos Reyna; e “Firma o Guia o povo do Santo”, dirigido pela estudante Helena Frade. As obras serão exibidas nos dias 20 e 27 de setembro, respectivamente, por meio da página oficial do evento, espaço onde podem ser encontradas a programação e os horários das apresentações.

De acordo com Reyna, a mostra solicitou que os filmes apresentassem pesquisas etnográficas desenvolvidas durante o período da graduação. “Nós já produzimos vários, mas o filme “Firma o Guia o povo do Santo” representa bem o contexto da disciplina que eu ministro, de Cinema e Ciências Sociais. Além de ser muito interessante, já participou e foi reconhecido em outros eventos e mostras”, explica.

Em relação ao documentário “Zé Carreiro, a Padroeira e o Congado”, o professor destaca que o personagem principal é o último quilombola de uma cidade pequena chamada Coronel Xavier Chaves, próxima a São João Del Rei, e salva a memória sobre a tradição do Congado. “Nos desperta para a ausência de pessoas que possam dar continuidade a essa crença. Trabalhamos o lugar de fala do capitão que puxa as cantigas e as preces e organiza o percurso performático em comemoração ao dia de Nossa Senhora do Rosário. É uma forma de preservar a memória e de se interpretar essa manifestação trazida pelos membros escravizados.”

Já Helena aponta o sentimento de ter o projeto exibido durante o evento. “Firma o Guia Povo do Santo é o filme em que estreei na direção, no ano de 2015, realizado para a disciplina de Cinema e Ciências Sociais. Me sinto honrada de exibi-lo em 2020 na III Mostra Arandu e também de poder representar o Lavidoc. Considero importante que aconteçam eventos como este, que colocam em circulação as produções universitárias de caráter audiovisual e etnográfico, e que atuam como um espaço de interlocução entre os estudantes, os demais acadêmicos e a comunidade.”

Zé Carreiro, a Padroeira e o Congado
O documentário narra as aventuras do capitão Zé Carreiro para vivenciar o sentido do sagrado remetendo-se sempre aos antepassados africanos que foram trazidos como escravos para uma região de intensas tradições culturais. A pequena cidade de Coronel Xavier Chaves se remonta ao povoado de Mosquito, que se desenvolveu a partir de uma antiga fazenda pertencente ao coronel Francisco Rodrigues Xavier Chaves, bisneto da irmã mais nova de Tiradentes, Antônia Rita da Encarnação Xavier. 

O coronel, ávido pela chegada do progresso na região, doou parte de sua propriedade e fez nascer ali um pequeno povoado no início do século XIX. Nesse sentido, através de seus depoimentos, o filme mostra o percurso de seus devotos para entender como os congadeiros, liderados pelo capitão Zé Carreiro, elaboram um tipo de identidade nem sempre considerada como tal, devido aos fortes vínculos com o catolicismo, neste caso Nossa Senhora do Rosário.

Firma o Guia o povo do Santo
Ao abordar as religiosidades afro-brasileiras, o documentário Firma o Guia Povo do Santo tem como proposta central interceptar algumas das mais significativas trajetórias dos atores sociais inseridos no campo religioso. Tendo como cenário duas cidades da Zona da Mata Mineira – Cataguases e Leopoldina –, o filme trabalha as histórias de vida desses personagens, e, ao ouvi-los, procura abrir caminho para que contem sobre seus conflitos, demandas, paixões e quizilas, entre outros aspectos da vida cotidiana.

III Mostra Arandu
Realizada pelo grupo de pesquisa Antropologia Visual, Artes, Etnografias e Documentários (Avaedoc), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a III Mostra Arandu visa, nesta edição, ampliar as discussões teóricas e metodológicas sobre a imagem nas pesquisas das ciências sociais e promover uma reflexão sobre a trajetória do diálogo entre a pesquisa acadêmica e as demandas da sociedade, a partir de produções realizadas no âmbito de uma rede nacional. Além disso, pretende destacar o alcance do filme etnográfico e seus diversos canais de exibição, e dar ênfase à questão do ensino de antropologia visual e filmes etnográficos.

Confira a programação da  III Mostra Arandu de Filme Etnográficos 2020

Lavidoc
O Laboratório de Antropologia Visual e Documentário está vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCSO) e ao Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFJF. Atua na produção e reflexão do uso do filme e da fotografia enquanto documentos e ferramentas constitutivos de pesquisa, denominado “Antropologia Visual”, bem como objeto, colocando o conteúdo da “tela” como suporte empírico para estudos antropológicos, sociológicos e históricos, denominado “Antropologia do Cinema”. 

O Lavidoc reflete sobre o papel que cabe ao audiovisual como via sui generis de observação, de inquérito e de descoberta. Dessa forma, procura constantemente experimentações e diálogos entre o cinema e antropologia, a sociologia e a história.

Outras informações
Site: Lavidoc – Laboratório de Antropologia Visual e Documentário

Facebook: Lavidoc – Laboratório de Antropologia Visual e Documentário

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