Em entrevista coletiva concedida de forma remota nesta quinta-feira, 20, a Diretoria Executiva da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) defendeu a adoção do ensino remoto emergencial, discutido e aprovado por 54 das 69 universidades federais do país e em debate nas demais.

A diretoria da Andifes informou que as universidades aprovaram resoluções com distintos modelos e calendários para atividades remotas na graduação, em respeito à autonomia, às especificidades e à própria dinâmica da pandemia em cada território, considerando as condições de biossegurança e o estabelecimento de meios técnicos e legais necessários. “O primeiro passo foi conhecer o problema em profundidade, a partir de diagnósticos e levantamentos diversos, junto aos estudantes, da sua condição para esse retorno. Uma quantidade significativa dos alunos tem dificuldades, devido a inúmeras variáveis sociais e econômicas”, acrescenta o presidente da instituição, Edward Brasil.

Os modelos adotados possuem, como referências, a preservação da saúde de estudantes, de professores e de técnicos, além da mitigação de danos, da maior qualidade e inclusão possíveis. 

O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus Vinicius David – atual vice-presidente da Andifes – ressaltou que a diminuição das injustiças é uma das principais preocupações da associação. “Estamos enfrentando desafios complexos, como casos de alunos e professores com deficiência e situações de estudantes em regiões remotas. Não abrimos mão da qualidade, por isso temos segurança e convicção de que o que está sendo apresentado é um sistema inclusivo, com a qualidade acadêmica, a marca das nossas instituições.”

A 2ª vice-presidente da Andifes, Joana Angélica Guimarães, referendou as palavras do colega e citou alguns exemplos de assistência que serão oferecidos aos alunos. “Todas as universidades estão buscando oferecer auxílio emergencial para os estudantes. Estamos lidando com todas essas questões, inclusive com deslocamento de pessoal para levar material didático para estudantes em locais de difícil acesso ou sem disponibilidade de internet. O mesmo está sendo feito para atender às pessoas com deficiência e demais que necessitem de um cuidado mais especial para ter acesso às aulas”, pondera.

O retorno das aulas acontece de acordo com as discussões e decisões tomadas pela gestão de cada universidade, que possuem autonomia administrativa, conforme o artigo 207 da Constituição Federal. Até o momento, nenhuma das 69 universidades federais do país sinalizou para a volta das aulas de maneira presencial, o que foi defendido pelo presidente da Andifes, ao final da entrevista. “Nenhuma universidade tem decisão de retorno presencial, por absoluta prudência, devido à ausência de vacina, tratamento e testes para todos. Por isso, o retorno, neste momento, é exclusivamente remoto, o que traz menos prejuízos”, finaliza Edward Brasil.  

Universidades nunca pararam

Na primeira fase da declaração da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a exemplo de outras instituições em todo o mundo, as universidades federais suspenderam as atividades presenciais, com o intuito de salvaguardar as vidas das pessoas e oferecer prioridade aos estudantes que demandam assistência estudantil e aos grupos de risco. “Nesse contexto todo, as universidades brasileiras, em nenhum momento, paralisaram por completo as suas atividades; pelo contrário, apresentaram-se para o enfrentamento da pandemia, com compromisso público”, afirma o presidente da Andifes.

Simultaneamente, em todo o Brasil, as instituições reorientaram atividades de pesquisas, laboratórios e hospitais para o enfrentamento da Covid-19, sendo que as funções administrativas foram continuadas, por meio remoto. Para o dirigente, a universidade pública brasileira apresenta-se como um dos maiores aliados da população neste momento tão complicado. “Está sendo desenvolvida uma quantidade muito grande de ações de enfrentamento da pandemia, no tratamento das pessoas, produção de insumos, testagem, desenvolvimento de equipamentos, o que fez com que as universidades conduzissem milhares de ações no que diz respeito à pesquisa, assistência e projetos de extensão”.