Uma rede de pesquisa conduzida por professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) estuda as linhagens de Sars-Cov-2 circulantes na Zona da Mata mineira para, desta forma, compreender os aspectos epidemiológicos, biológicos e patogênicos do coronavírus na região. Trata-se do mesmo grupo de pesquisadores que colocou a UFJF na corrida pela vacina, também responsável pela coordenação de pesquisas focadas em minimizar o impacto da Covid-19 no sistema respiratório de pacientes graves.
Conhecer as linhagens locais de coronavírus contribui diretamente para uma série de informações significativas, impactando, inclusive, na consolidação de estratégias mais eficazes de controle da pandemia. Por meio dessa pesquisa epidemiológica, é possível compreender quais são os padrões de conservação, as alterações genéticas, a evolução no organismo humano, as peculiaridades e a variabilidade do Sars-Cov-2 transmitido na região. Ainda é possível, a partir do entendimento do genoma do vírus, explorar a estabilidade das estruturas virais que possuem grande potencial tecnológico para diagnóstico e vacinas, por exemplo.
O pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e integrante da rede de pesquisa, Aripuanã Watanabe, esclarece que a análise da linhagem local do coronavírus é feita por meio da epidemiologia molecular. “Nós fazemos o sequenciamento genético dos vírus circulantes na região para, então, sabermos se eles são iguais aos que circulam em outras localidades do Brasil – ou até mesmo em outros países –, ou se já é possível observar uma linhagem local. Até o momento, não há indicações de que o vírus está sofrendo mutações suficientes para adquirir características mais agressivas ou vantagens replicativas.”
O professor coordenador do projeto, Cláudio Diniz, acrescenta que a persistência do cenário de pandemia torna ainda mais urgente o conhecimento das linhagens de Sars-CoV-2. “Todas essas são informações cruciais para a formação de políticas de contenção da doença e das consequências relacionadas.”
As amostras utilizadas na pesquisa são as mesmas enviadas aos laboratórios da UFJF voltados para o diagnóstico de Covid-19. Desde 17 de abril, a Universidade, em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), realiza testes RT-qPCR para detectar Covid-19, além de disponibilizar equipes para a coleta de exames. Todo o processo é feito por intermédio do SUS. Em 18 de maio, os laboratórios responsáveis pela realização de testes também receberam o certificado de qualidade da Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Em junho, após consolidar a parceria com a Fundação, a UFJF passou a receber amostras de 52 municípios das regionais de saúde de Juiz de Fora e Leopoldina.
As linhas de estudo são desenvolvidas com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais, em parceria com profissionais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat). Na UFJF, integram a equipe os professores Aripuanã Watanabe, Alessandra Machado, Cláudio Diniz, Vanessa Dias e Vânia Lúcia da Silva, todos vinculados ao Centro de Estudos em Microbiologia (Cemic), parte do ICB da UFJF.