Proposta enviada por grupo de pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) é aprovada e receberá auxílio financeiro para o desenvolvimento e aplicação. A proposta visa agilizar o diagnóstico do paciente de Covid-19 liberando resultados de forma mais rápida, eficaz e barata.
Diagnósticos mais rápidos, eficientes e baratos
O objetivo geral da proposta é a detecção de SARS-CoV-2 (Covid-19) através da técnica amplificação isotérmica mediada por loop (Lamp). De acordo com a proposta, usando essa técnica é possível agilizar o diagnóstico do paciente, liberando com segurança e eficiência. Com isso, o grupo pretende padronizar o ensaio de modo que possa duplicar ou triplicar o número de amostras analisadas por vez. “Assim, será possível diminuir a sobrecarga quanto a obtenção dos diagnósticos, contribuindo para que o paciente receba atendimento com agilidade, o qual se espera. A técnica em si precisa ser padronizada, mas é executável, rápida e de baixo custo”, destaca o coordenador do grupo, Carlos Magno da Costa Maranduba.
Como uma alternativa para os testes convencionais de PCR, essa técnica já foi empregada para estudos de Zika vírus e de H1N1. “Ela possibilita resultados seguros, reprodutíveis e escalonáveis, permitindo obtenção de diagnósticos mais rápidos, contribuindo para agilizar a atenção clínica ao paciente que tanto necessita”, afirma Maranduba. De acordo com o pesquisador, o grupo agora foca em adquirir os insumos e padronizar o rapidamente a técnica para a Covid-19, uma vez que o prazo junto a agência de fomento é de 12 meses.
Lamp e PCR
Desenvolvida em 2000, a técnica Lamp possibilita a obtenção de uma quantidade de RNA amplificado em escala exponencial. De acordo com Maranduba, é uma técnica molecular de amplificação isotérmica (em uma única temperatura) em que pode-se amplificar os ácidos nucleicos do RNA das células colhidas em tempo menor (de 15 a 60 minutos) e os resultados são analisados com cores e a olho nu. “O mesmo não acontece com as técnicas convencionais (PCR em tempo real) que demanda alternância de temperaturas, tempo maior (até duas horas), além da necessidade de equipamentos caros na execução e obtenção dos resultados”, esclarece. Por isso, pela técnica de Lamp é possível realizar maior número de amostras de pacientes por vez, quando comparado às técnicas convencionais.
O método de PCR faz uso de insumos específicos e de custo elevado. O tempo de montagem da placa e corrida das amostras no PCR em tempo real é de aproximadamente duas horas e meia. Somada, a capacidade dos dois laboratórios da universidade é de cem testes diários, com liberação de resultados em até 48 horas após o recebimento das amostras.
De acordo com Maranduba, a Lamp é uma técnica nova perto das convencionais. “Por isso, agora na China, justamente pela necessidade ocasionada pela pandemia, já estão empregando essa técnica, mas ainda precisa de aprimoramentos”, destaca.
Fomento a pesquisas para enfrentamento da pandemia
O Governo de Minas está mapeando projetos e ideias inovadoras de empresas e instituições científicas, tecnológicas e de inovação localizadas no Estado de Minas Gerais que promovam soluções de auxílio ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e à superação dos danos sociais e econômicos por ela causados para obtenção de apoio financeiro. De acordo com a Fundação, o objetivo é ter um canal ágil para identificação de projetos que possam contribuir de forma relevante aos impactos da pandemia, de maneira a facilitar o direcionamento de esforços e recursos para viabilização das ações mais estratégicas. As propostas submetidas foram avaliadas quanto à relevância e viabilidade financeira diante do contexto da crise por meio de Fórum Especial considerando as visões da saúde e do desenvolvimento econômico. Os projetos que foram considerados estratégicos serão financiados com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais.