Levar o debate sobre a política de cotas para a rede das escolas públicas é um dos objetivos do projeto de extensão “Educação, direitos e juventudes: política de cotas e democratização da universidade”. A iniciativa é desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação (Nugea) e pelo Grupo de Pesquisa, Prática e Estudo da Educação de Jovens e Adultos (Gruppeeja), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A ideia surgiu através do Nugea, como desdobramento de uma pesquisa, financiada pelo CNPq, da autora Clarice Cassab Torres. O funcionamento do projeto se dá por meio de debates em escolas da rede pública e fundamentalmente entre educandos e docentes do ensino médio regular e na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“Assume-se, que levar o debate sobre as cotas, bem como seus temas correlatos, para as escolas têm o potencial de contribuir para que os discentes das escolas básicas possam projetar em seu tempo de formação o ingresso ao ensino superior. Dessa forma, definindo estratégias e estipulando metas”, explica Clarice.
Um dos resultados esperados é a capacitação de professores e gestores para a multiplicação desse debate nas escolas e nas salas de aula, como também fomentar nos alunos da escola básica a possibilidade de ingressar na Universidade. Além de contribuir para a formação profissional do licenciado em Geografia a partir de sua inserção precoce na realidade da escola básica.
Para Clarice, esses objetivos se chocam com o atual cenário pandêmico, dificultando o desenvolvimento de metodologias mais participativas e aproximativas entre nós, do projeto, e educandos e docentes, da escola básica. “O que fizemos foi, nos atuais limites, adequarmos nossas estratégias e metodologias, de maneira que pudéssemos realizar o projeto e minimamente contribuir para o debate.”
De acordo com o diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira de Oliveira, apesar da implantação das cotas nas instituições de educação superior, ainda faltam informações sobre a eficácia dessa política de ação afirmativa, dos sistemas de acompanhamento e avaliação do impacto na educação, especialmente nesse período em que passamos por cortes nos recursos orçamentários, impedindo a ampliação dessa política ou do oferecimento de condições suficientes para garantir sua eficácia.
Para Oliveira, “o surgimento de projetos como esse, que auxiliam na promoção da igualdade racial e da reflexão sobre possibilidades de implementação da Política de Ações Afirmativas em nossa Universidade, reforça a posição de nos mantermos firmes na defesa dos caminhos a serem trilhados em nosso cotidiano universitário e escolar.”