Participaram da mesa virtual a deputada federal Margarida Salomão, o reitor da UFJF, Marcus David, e o ex-reitor da UFRJ, Roberto Leher

Participaram da mesa virtual a deputada federal Margarida Salomão, o reitor da UFJF, Marcus David, e o ex-reitor da UFRJ, Roberto Leher

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) esteve presente, nesta quarta-feira, 17, no 1º Congresso da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O evento, que tem como tema “Realidade e futuro da universidade federal”, estende-se até o dia 18 e pode ser acompanhado pelo Youtube. Às 10h30, a mesa “Perspectivas para a educação pós-pandemia” foi mediada pelo reitor Marcus David e contou com a presença da deputada federal Margarida Salomão e do ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher

A discussão apresentou uma síntese sobre os atuais desafios que acometem as instituições de ensino e sobre as possíveis alterações no formato educacional brasileiro no período pós-pandemia. Houve espaço, também, para responder perguntas enviadas pelos espectadores da live. 

O reitor Marcus David explicou que a  intenção do debate. “Estamos em um momento em que vários desafios são colocados sobre nós, gestores e educadores, frente a uma situação que se revela cada vez mais preocupante no ponto de vista educacional. Como vamos lidar com interrupções tão longas no sistema, como essa crise pode comprometer avanços que já tivemos, como a inclusão, e como lidar com algo que ainda não temos a condição de prever o encerramento são algumas das questões. A Universidade precisará ser capaz de construir seus próprios caminhos em uma situação tão inédita quanto esta que estamos vivendo.”

Em sua participação, o ex-reitor da UFRJ, Roberto Leher, destacou algumas possíveis mudanças e a necessidade de estratégias governamentais que auxiliem o funcionamento das instituições. “Sabemos que as instituições não poderão funcionar com a infraestrutura já conhecida. Não serão possíveis turmas de 60 estudantes, salas e gabinetes sem ventilação adequada, entre outras questões. Isso significa que vamos precisar ampliar essa infraestrutura em nossas instituições.” Leher completa: “Precisamos fazer as nossas lutas tendo como referência uma defesa da democracia, dos direitos humanos e dos direitos sociais. Uma perspectiva estratégica, hoje, tem como fundamento a existência de um estado democrático de direito. Sem isso, não teremos condições de projetar um futuro virtuoso.”

Quando questionado se como as atividades remotas podem colaborar para o sucateamento do ensino superior, o ex-reitor considerou que diante da indefinição de atividades presenciais, as universidades terão que construir formas de interação virtual. “Isso não significa, ao meu ver, aulas remotas regulares. Não podemos dizer que todos os nossos estudantes terão condições para tal. A universidade precisa estar comprometida com seus estudantes, principalmente com aqueles que puderam ingressar através das medidas de democratização de acesso dos últimos quinze anos. Isso não significa que não tenhamos que pensar em estratégias alternativas.”

Em suas falas, a deputada Margarida Salomão explorou o atual contexto político relacionado às universidades e abordou também os desafios cotidianos na retomada da vida universitária. “Estamos desafiados a constituir uma rede de resistência que é, entre outros aspectos, a oferta de uma alternativa para a educação nesse período de pandemia”, afirmou. Assim como Leher, a deputada também abordou os prós e contras da implantação de atividades remotas. “Quero concentrar minha fala nos desafios pedagógicos. De um lado, não podemos menosprezar a relevância das tecnologias nas pedagogias contemporâneas. É impossível trabalhar a educação sem smartphones, por exemplo. Por outro lado, o meu temor é que isso seja tratado como um remendo, como um improviso, e aí surge o risco imenso de enfraquecer os métodos de inclusão.”  

“Há elementos que devemos considerar para uma reflexão crítica. Todos os estudantes dispõem dos meios necessários para as atividades de aprendizados remotas? Essa questão da universalização do acesso à internet não envolve apenas o acesso à rede, mas também o acesso a computadores, smartphones, entre outros dispositivos. Será que toda docência está preparada para oferecer cursos remotos? Haverá plataformas públicas que respeitem a lei geral de proteção de dados que possam disponibilizar recursos pedagógicos suficientes? Haverá equidade na produção desse trabalho?”, questiona a deputada.  

Todas as lives estarão salvas e disponíveis no Youtube

Confira a programação do 1º Congresso da Andifes.