O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reuniu-se nesta sexta-feira, dia 29. O reitor da UFJF, Marcus David, abriu a reunião de maio explicando o motivo de não ter havido a de abril, em função da pandemia. Disse que foram feitas consultas sobre o aspecto jurídico para que a mesma ocorresse, uma vez que o estatuto da UFJF não previa esse tipo de reunião. O reitor explicou como seria a dinâmica da reunião e pediu a autorização do conselho para que outros pró-reitores participassem, para facilitar qualquer esclarecimento, sendo aprovado.

Mandatos encerrados

Na comunicação da presidência, o reitor informou que três unidades acadêmicas tiveram seus mandatos encerrados. Os dois centros de Governador Valadares e a Superintendência do Hospital Universitário (HU). Em função disso, foi feita a nomeação dos três atuais gestores de forma pró-tempore, até que se possa fazer eleições ou o conselho encaminhe de forma diferente. Lembrou que, futuramente, mais duas unidades terão o mesmo caso dessas outras. No caso, a direção da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) e da Direção Geral de Governador Valadares.

Informou que a Administração Central resolveu trazer para o conselho uma proposta para regulamentação do trabalho remoto. O que será feito com envio da minuta de resolução para que os conselheiros examinem e depois seja feito o debate em reunião extraordinária do Conselho Superior.

Na ordem do dia, o reitor pediu uma inversão de pauta, trazendo a doação ao projeto de extensão pela Fundação Ford, que havia sido aprovado ad referendum pela reitoria. A relatora foi a diretora da Faculdade de Comunicação (Facom),  professora Marise Pimentel Mendes. O parecer da relatora foi favorável a aprovação da doação. Submetido, foi aprovado por maioria.

Distanciamento social

Segundo ponto de pauta foi a proposta do Comitê de Assessoramento e Aconselhamento sobre o Coronavírus de prorrogação de mais 30 dias de distanciamento. Colocado em discussão e votação, foi aprovado por unanimidade.

Próximo ponto foi a indicação de um nome para o Conselho Curador da Fadepe, indicado pelo reitor. O reitor sugeriu a recondução do nome do professor da Faculdade de Direito, Fernando Guilhon, sendo aprovado por unanimidade.

Cenário nacional

Em seguida, foi feita uma análise de conjuntura. O reitor falou sobre o cenário nacional, afirmando que a crise na saúde está permitindo revelar outras coisas no país. Que dois meses e dez dias depois, o avanço das consequências da pandemia foi muito maior do que se imaginava. Com o Brasil mais vulnerável e no epicentro da pandemia, com algumas cidades mais atingidas. Juiz de Fora e Governador Valadares também com índices preocupantes.

Disse, ainda, que a crise tem um impacto econômico enorme. E que existem estudos que sinalizam uma retração enorme e de dimensões maiores que na Segunda Guerra Mundial. E lamentou que a crise esteja sendo tratada como uma briga política ideológica. Criticou a forma como as medidas econômicas do atual Governo não estão em acordo com as necessidades. Em relação às universidades, acredita que o orçamento será cumprido. Mas com um cenário ruim no futuro, sendo de novo questionado o financiamento do ensino superior público.

Que a crise política, por incrível que pareça, esteja sendo tratada com maior projeção do que a crise da saúde. Uma crise de atentado contra o estado de direito. E que os ataques às universidades públicas perderam um pouco de intensidade por conta da resposta que elas deram fortemente à pandemia. Ressaltando que a UFJF assumiu, de imediato, uma grande mobilização no combate ao coronavírus.

O reitor Marcus David fez um agradecimento no conselho pela forma como toda a Universidade agiu nos dois campi, destacando o desempenho do Hospital Universitário (HU). Que o andamento da crise mostrou que o período de paralisação será maior do que se esperava e que, quando o retorno de atividades presenciais ocorrer, será com sérias restrições. Que agora chegou o momento de a Universidade fazer um debate maduro de como será o cenário futuro.

O reitor disse, ainda, que a sociedade espera que a UFJF tome suas decisões para que ela tome as suas posições. Que é preciso debater as diferenças de cursos, de práticas, de desafios para estabelecer novas projeções. Por isso, seria necessário conhecer a realidade da comunidade, o que já está sendo feita através do diagnóstico de acesso digital. Além de um modelo de proposta para que seja feita uma organização de discussões.

Atividades

Abertas as discussões, o diretor do Instituto de Ciências Humanas (ICH), professor Robert Daibert, relatou que o que ficou decidido no Conselho de Unidade do ICH, em sua reunião do dia 27 de maio, é que toda e qualquer discussão de retomada das atividades, incluindo uma possível substituição de aulas presenciais por EAD, seja discutida de maneira exaustiva, considerando todas as preocupações – já relatadas – de maneira que todos e todas sejam contempladas.

A professora Marise Mendes falou também da reunião do Conselho de Unidade da Faculdade de Comunicação (Facom), informando que o Diretório Acadêmico (DA) está ajudando no diagnóstico. E que se faça um calendário unificado e que utilize o ensino remoto emergencial. Salientando que a preocupação é não precarizar o ensino.

A seguir falou a professora da Facom, Iluska Coutinho, manifestando a preocupação com os processos de avaliação da pós-graduação e a incerteza sobre como será o comportamento da Capes.

A diretora da Faculdade de Medicina, professora Maria Cristina Vasconcellos Furtado, disse que fará uma reunião do conselho de unidade na próxima semana. E que a faculdade pensa em retornar com algumas atividades, atendendo todos os cuidados necessários e com horas de estágios ampliadas. Manifestou, ainda, a preocupação com a questão da antecipação da formatura, que pode comprometer a qualidade do curso.

O diretor do Instituto de Artes e Design (IAD), Fabrício da Silva Teixeira Carvalho, falou que no instituto foi feita uma reunião do Conselho de Unidade. Destacou a importância do levantamento que a Universidade está fazendo para que se conheça melhor os estudantes e seus acessos digitais. E que se preocupa com as condições financeiras dos estudantes. Levantou questões de trancamento de matrícula, caso o aluno não queria cursar uma disciplina remotamente. Disse, ainda, que os alunos do curso de Moda, em sua maioria, é composto por alunos que moram fora. Indagou quais formatos que a UFJF tem capacidade para oferecer. Lembrou as dificuldades tecnológicas hoje existentes na UFJF, e que 65% das atividades do IAD são práticas. Levantou, também, a questão dos técnicos que dão suporte aos laboratórios, deixando claro que o ensino remoto é temporário. 

Em seguida falou o diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Elcemir Paço Cunha, informando que em sua unidade existem múltiplas posições sobre o futuro. Falou da emergência da situação, e defendeu que algumas ações precisam ser feitas realmente, com uso de plataformas, mas que é preciso ter clareza que nenhuma delas vão substituir o contato presencial do ensino. Que tem que ficar claro a emergência e que seja temporário. Sugeriu a possibilidade de antecipação de semestre com oferecimento de disciplinas eletivas e autorizar as orientações de TCC. 

Importância do levantamento do acesso digital

A pró-reitora de Graduação, Maria Carmem Simões, falou que nada do que se pensa agora como caráter emergencial não se pensa em ser em definitivo. Ressaltou que não se esperava que a duração fosse tão longa. E que, no momento, não existe perspectiva de ser autorizado o retorno de atividades presenciais. Disse, ainda, que o objetivo da pró-reitoria é fazer ações que não aumentem a exclusão. Por isso, a importância do levantamento de acesso digital que está sendo feito. Falou de algumas ações que vêm sendo feitas na unidades e que sinalizam que é possível avançar.

Em seguida, falou o coordenador do Sintufjuf, Flávio Sereno. Ele comentou que a crise econômica não é de hoje no país e que as respostas do Governo foram intensificando essa crise. Lembrou as reformas da Previdência e das leis trabalhistas, do Programa Future-se e dos ataques ao servidores públicos. Falou da questão do isolamento social e os impactos na vida do trabalhador, dos cortes que estão sendo feitos nos salários e dos ataques aos sindicatos. Sobre o levantamento de acesso digital, disse que no caso do sindicato, a entidade foi ouvida e apresentou algumas contribuições e preocupações. Considera o questionário importante, mas limitado. Que o sindicato é contra a substituição de aulas presenciais pela aula remota. Que sabem quem vai ficar para trás nesse processo e por isso são contra. Falou, ainda, que esse tipo de interesse é do Governo, de trabalhar com ensino remoto, o que seria um retrocesso. Que algumas sugestões foram incorporadas. Que a vida de todos mudou muito nesse momento, envolvendo quem tem que cuidar de um idoso ou uma criança. E que isso deveria ter sido contemplado no questionário dos servidores.

A presidente da Apes, Marina Barbosa Pinto, registrou a alegria da primeira reunião do Consu com o reitor reeleito e empossado. Depois registrou com orgulho as ações que a UFJF tem desempenhado nesse momento, como uma universidade pública. Disse que a Apes considera que o questionário falha em algumas questões sobre melhor identificação das condições de trabalho. Destacou a política nefasta do Governo e que a crise política não tem feito o Governo recuar. Que o Governo segue na política do medo, do terror, sem criar alternativas. Alertou sobre o cuidado com a qualidade. Com as condições dos estudantes e dos docentes. Ressaltou que a Apes é contra a formação profissional em educação a distância (EAD). E que entende a EAD como uma forma complementar. Que a pressão é realmente grande. Mas é preciso pensar em um planejamento para que um retorno presencial deva ser feito, mas que não se pode pensar em nada que fira ao que a universidade precisa ser sempre, de qualidade.

A seguir foi a vez da fala da diretora da Faculdade de Serviço Social, professora Alexandra Aparecida Leite Toffanetto Seabra Eiras, sobre a conjuntura. Ela concordou com as falas do reitor e dos dois dirigentes sindicais. Ressaltou a  preocupação com as decisões que vão ser tomadas, e lamentou que no pico da pandemia o Governo esteja tão equivocado. Que o conselho de unidade do Serviço Social tem forte preocupação com ensino remoto e disse que foi acertada a posição pela defesa do adiamento do Enem e do Pism.

Decisões conjuntas

A seguir foi relatado pelo diretor da Faculdade de Enfermagem, professor Marcelo da Silva Alves, a reunião do conselho de unidade. Segundo ele, o conselho considera importante que todas as decisões sejam conjuntas. Que a Semana de Enfermagem foi feita virtualmente, com um bom retorno. Considera impossível transportar para a modalidade de EAD as disciplinas teóricas e práticas. Que isso exige muito estudo e uma preparação enorme. E que o trabalho remoto, nesse momento, pode ser feito com temas futuros que os estudantes terão, através de livres, debates, mas não substituindo as disciplinas. Questionou a qualidade de muito do que está sendo feito em EAD no país.

A diretora do Colégio de Aplicação João XXIII, professora Eliete do Carmo Garcia Verbena Faria, começou sua participação na reunião falando sobre o orgulho das ações da UFJF no combate à pandemia. Depois falou que o colégio tem estudado as questões do ensino remoto emergencial, que é diferente da EAD. Que são concepções diferentes e que é importante conhecer o perfil também do João XXIII. Ressaltou que o colégio tem feito ações de aproximação com os estudantes e as famílias. Que o alargamento do tempo de distanciamento tem causado muita angústia. E, ainda, que os docentes e os TAEs responderão ao diagnóstico da UFJF, e que os estudantes do colégio farão para as famílias em questionário próprio. Que é preciso conhecer as dificuldades de acesso para qualquer decisão.

A diretora da Faculdade de Direito, professora Aline Araújo Passos, disse que a EAD não é o melhor caminho. Que entende que alguma ação precisa ser tomada porque diante das dificuldades, mesmo com o trabalho remoto, algum caminho precisa ser encontrado.

O diretor da Faculdade de Educação, professor Álvaro de Azeredo Quelhas, lembrou também de todas as condições dos trabalhadores nesse momento da crise. Disse que trazia um reforço nas falas que o antecederam e que é necessário fazer uma discussão, com todos os olhares, Que o que preocupa é dar andamento ao processo de uma busca de um caminho. Mesmo que não haja um caminho ideal. Que em emergências, algumas coisas precisam ser feitas enquanto o socorro maior não vem. Que é preciso definir logo como retomar a aula da graduação, estudando qual a forma viável e observando todas as dimensões e os riscos. 

A seguir, falou o diretor em Governador Valadares, professor Ângelo Márcio Leite Denadai, afirmando que seu conselho de unidade é composto por uma diversidade de posicionamentos dos professores, porque existem formas diferentes de entendimento. Que não foi tirado nenhum posicionamento. Mas que se questiona, não tendo uma atividade remota, qual seria a solução. Falou das dificuldades em Governador Valadares, especialmente depois que a prefeitura reviu a deliberação sobre estágios em saúde.

Planejamento

Terminadas as falas, o reitor Marcus David passou a apresentação da proposta da Administração Superior de encaminhamento do planejamento. O reitor propôs fazer a apresentação e na semana seguinte o conselho voltará a se reunir e deliberar sobre a mesma.

A proposta é de formação de várias comissões. A primeira, de Tecnologia de Informação; a segundo, de Infraestrutura e Saúde; a terceira de Apoio Social e Inclusão Digital; a quarta comissão se dividiria em duas, uma de Educação Superior,  composta pelos conselhos setoriais, e outra, para Educação Básica. O reitor salientou que a dinâmica de funcionamento é a seguinte: as três primeiras comissões vão trabalhar em proposições para serem discutidas pelo Consu até 30 de junho.

As duas ações  da quarta comissão, serão feitas pelos conselhos setoriais e vão depois para avaliação do Consu. Governador Valadares teria as duas primeiras comissões específicas de lá e as duas últimas integradas com Juiz de Fora.

A reunião foi suspensa e permanecerá aberta para continuar na próxima terça-feira, dia 2, às 9h.