Quando se fala em aumento na imunidade corporal, muitas são as receitas compartilhadas: água com limão, própolis, suplementos vitamínicos; tudo para evitar doenças e garantir uma vida saudável. Contudo, principalmente em tempos de pandemia, é preciso reforçar que não existem substâncias inovadoras que nos tornem imunes a doenças como a Covid-19. Ao nosso alcance, porém, estão decisões diárias que podem, sim, colaborar na manutenção de um estado nutricional saudável, que influencia diretamente na resposta imunológica do corpo.

Alimentos naturais podem ser boas escolhas na rotina durante a pandemia. (Foto: Unsplash)

O Conselho Federal de Nutricionistas alerta que não existem protocolos técnicos nem evidências científicas que sustentem técnicas milagrosas, como superalimentos ou terapias nutricionais capazes de prevenir ou combater o novo coronavírus. Manter bons hábitos alimentares, rotina de atividades físicas e exposição saudável ao sol continua sendo a orientação mais adequada para o bom funcionamento do sistema imunológico, como explica a professora Maria Anete Valente, do Departamento de Nutrição do Campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV).

“Alguns nutrientes exercem papéis importantes na resposta do sistema imune, ou seja, auxiliam a imunidade: vitaminas do complexo B, cuja deficiência resulta na supressão da formação de anticorpos; glutamina; ácidos graxos essenciais (como o ômega 3, encontrado em peixes e linhaça); minerais como zinco (encontrado em carnes, peixes, aves, leite,  nozes e leguminosas), e selênio (antioxidante natural encontrado na castanha-do-pará, nozes e amêndoas)”, enumera a docente. Vitaminas A (encontrada em leite e derivados, ovos, vegetais de folhas escuras); C (disponível em frutas cítricas como laranja, acerola e limão) e D (que pode ser sintetizada pelo próprio organismo e também encontrada em peixes) integram a lista.

Ainda segundo Maria Anete, a escolha e o consumo adequado dos alimentos podem prevenir comorbidades como diabetes, hipertensão e obesidade, que são fatores de risco para complicações da Covid-19. “Todos os nutrientes podem ser obtidos pela alimentação. A suplementação será necessária se houver deficiência, que pode ser verificada por meio de exames bioquímicos, ou se o indivíduo apresentar algum quadro que demande, como cirurgia bariátrica, gestação e lactação. Inclusive a vitamina D, que tem sido bem comentada, pode ser obtida pela alimentação, somada ao contato com os raios ultravioleta”, explica.

Com o objetivo de disseminar informações verdadeiras à população, a Associação Brasileira de Nutrição divulgou o Guia para uma alimentação saudável em tempos de Covid-19. A publicação traz orientações sobre o planejamento das refeições, bem como dicas de armazenamento, conservação e preparo dos alimentos. Clique aqui e acesse o documento.

Escolhas saudáveis em meio à pandemia

Mudanças na rotina social e profissional estão entre os fatores que dificultam a adoção de escolhas saudáveis durante o período de distanciamento social. Somado a isso, um maior tempo em casa pode provocar alterações nos hábitos alimentares das pessoas, como quadros de compulsão. A professora explica que esse consumo está diretamente relacionado a um mecanismo de recompensa cerebral para situações que envolvam ansiedade, estresse, ociosidade, sobrecarga de trabalho, preocupação e tristeza.

Para driblar a ansiedade e a compulsão, é preciso adotar novos hábitos. (Foto: Unsplash)

“A grande maioria tem o desejo de comer alimentos mais calóricos, com baixo valor nutricional, como fast foods e doces. A ingestão de carboidratos simples, principalmente doces, causa uma sensação de prazer momentâneo, por estimular, por exemplo, a produção de serotonina”. Esse momento de bem-estar, então, dá lugar à frustração, e ao sentimento de culpa. Por isso, de acordo com Maria Anete, é preciso reconhecer as emoções, evitar os conhecidos ‘beliscos’, e manter uma relação de harmonia com a alimentação.

A docente destaca iniciativas que podem substituir a alimentação compulsiva durante a pandemia: “outras atividades são prazerosas, como uma leitura, um filme, ou manter contato e conversar com amigos e familiares, seja por mensagens, ligações ou videochamadas”. “É preciso ter saúde em casa”, finaliza.