O Departamento de Fisioterapia do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) vai capacitar os fisioterapeutas que atuam no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) para ministrar tratamentos à distância aos pacientes vítimas de covid-19 e também àqueles que, mesmo não possuindo a doença, necessitam de acompanhamento. A iniciativa é uma parceria do campus com o município, e vai garantir que as pessoas continuem sendo atendidas, sem que isso prejudique o isolamento social.

O treinamento vai permitir que fisioterapeutas prescrevam tratamentos e orientem os pacientes por meio da internet. (Foto: Sebastião Junior)

A capacitação é focada na telerreabilitação – modalidade de tratamento que utiliza recursos de comunicação remota, como a internet, para prescrever exercícios e treinamentos, evitando assim o contato pessoal com o paciente. A expectativa é “que esses profissionais tenham referência de como fazer uso da tecnologia para assistir os pacientes que estão em isolamento social, evitando que fiquem em longos períodos de inatividade física e sem assistência”, explica o professor da UFJF-GV e coordenador do treinamento, Luis Neves.

Embora adotada em outros países, a telerreabilitação não dispõe de publicações em língua portuguesa. Por isso, a equipe do projeto tem analisado evidências difundidas ao redor do mundo para produzir o material. Após a elaboração, os fisioterapeutas do Nasf serão treinados para interpretar e aplicar as técnicas.

Mas além de capacitar os fisioterapeutas do Nasf para ministrarem terapias à distância, o treinamento também quer prepará-los para todas as situações geradas pelo novo coronavírus, desde os primeiros sintomas até a rotina de tratamento após a alta hospitalar. De acordo com Neves, essa atualização de conhecimentos é necessária porque esses profissionais atuam na linha de frente do combate à doença.

“Dentro dos hospitais, o fisioterapeuta é o mais capacitado para instruir e gerenciar suporte ventilatório aos infectados pelo vírus. Porém, os sintomas apresentados – sendo o principal a síndrome respiratória aguda grave – vão gerar distúrbios que irão afetar a capacidade respiratória e motora desses pacientes mesmo depois de saírem do hospital. E ainda que não tenham sido internados e não apresentem sintomas graves, os pacientes que evoluem para a pneumonia gerada pelo SARS-CoV podem ter distúrbios que terão a necessidade fisioterapêutica”, defende o professor.

E como o Nasf é a porta de entrada dos pacientes suspeitos de contaminação pelo coronavírus e também quem vai receber os curados após a alta hospitalar para reabilitação, o projeto vai se concentrar nos fisioterapeutas destas unidades.

Na avaliação da coordenadora do Nasf, Daniela Geber de Melo, a atividade trará inúmeros benefícios. “É uma oportunidade de contribuir com a formação em serviço, de ampliar a parceria entre o município e a instituição de ensino e, principalmente, de melhorar a qualidade da assistência prestada aos usuários do Sistema Único de Saúde”, destacou.

O material que será usado no treinamento está em fase de revisão e a capacitação deve começar já nos próximos dias.