O Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação (Nugea), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), promove, nesta sexta, 22, o debate “Pandemia e Desigualdades Sócio-espaciais”. A conversa acontece em uma live no Instagram do projeto (nugea.ufjf), às 15h, com a presença do professor de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Observatório de Favelas, Jorge Barbosa. 

Debate aborda os impactos da pandemia nas favelas e periferias, tornando seus moradores mais vulneráveis ao contágio e à letalidade da Covid-19 (Foto: Pixabay)

A conversa tem o objetivo de refletir a forma como a pandemia afeta com maior gravidade territórios e pessoas que já experimentam desigualdades sócio-espaciais. Barbosa afirma que é necessário um olhar sensível associado ao político, no sentido de reconhecer os direitos fundamentais dos moradores das favelas e periferias como cidadãos plenos. “A pandemia é um imenso desastre coletivo anunciado, sobretudo quando se trata das favelas no Brasil. Os impactos dos agravos à saúde se combinam dramaticamente às condições econômicas, de moradia e de acesso aos serviços públicos, tornando esses grupos sociais absurdamente vulneráveis ao contágio e à letalidade da Covid-19”, ressalta. 

“Os territórios mais afetados pela letalidade da pandemia – favelas e periferias – são majoritariamente habitados por pessoas negras. Há portanto outra radicalidade da desigualdade sócio-espacial: o racismo estrutural da sociedade brasileira.”

Barbosa adianta que o tema desta sexta será abordado como um debate crítico e propositivo diante do cenário atual da pandemia e das questões humanitárias, sociais e políticas que a envolve. “O Estado tem negligenciado sistematicamente a atenção e o cuidado com os moradores de regiões periféricas, em suas necessidades mais básicas, como saneamento, atenção preventiva de saúde, condições de recolhimento social e segurança alimentar. Os territórios mais afetados pela letalidade da pandemia – favelas e periferias – são majoritariamente habitados por pessoas negras. Há portanto outra radicalidade da desigualdade sócio-espacial: o racismo estrutural da sociedade brasileira se fazendo presente e apontando os que podem ser deixados para sofrer todas as consequências trágicas da pandemia global.”

Pandemia e Geografia
As lives acontecem em comemoração aos dez anos do Nugea. Os pesquisadores discutem o cenário atual da pandemia do novo coronavírus em temas que relacionam a geografia. A coordenadora do projeto, professora Clarice Cassab, afirma que a iniciativa foi motivada como uma forma de o Nugea se manter ativo, “no sentido das suas discussões, dos seus debates no âmbito acadêmico e das questões proeminentes da sociedade”. Segundo ela, é necessário refletir a situação da pandemia à luz de questões que perpassam esse contexto. “Os temas são escolhidos na associação do que é conjuntural, ou seja, a pandemia, e o que é estrutural, que se agrava e se intensifica diante desse cenário”. 

O Núcleo já promoveu duas lives, a última com a professora Carmem Costa, da Universidade Federal de Catalão (UFCat), debate a situação da mulher pesquisadora em tempos de pandemia, e está disponível no IGTV do projeto. Mais lives estão estão sendo planejadas, e as datas devem ser divulgadas nos próximos dias.