As medidas de distanciamento social adotadas no Brasil para conter a disseminação do novo coronavírus têm provocado grandes mudanças no campo profissional. O trabalho remoto e o uso das novas tecnologias, mais do que uma opção, é praticamente um dever para aqueles que pretendem se manter no mercado.

Na opinião da professora do curso de Administração do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), Nádia Carvalho, as palavras de ordem neste momento são flexibilidade e colaboração. “Normalmente, as pessoas e as organizações não se preocupam com planos de contingência e riscos. Estão sempre voltadas para um cenário dentro da normalidade, e quando surge uma quebra deste cenário, elas não sabem como se adaptar. Dentre as várias lições que o período deixa, desenvolver a flexibilidade e a colaboração são essenciais para, caso ocorra qualquer outro problema, a adaptação seja de forma mais tranquila”, esclarece.

Para a docente, os profissionais que conseguirem se adaptar a esta nova lógica de trabalho imposta pela pandemia terão mais chances de sobreviver à crise. “Usar e abusar das tecnologias e dos mercados digitais tornam-se essenciais neste período. Aqueles que já estavam trabalhando com a tecnologia ou os que souberam aplicá-la de modo a gerar valor estão conseguindo manter suas atividades”. Segundo Carvalho, até mesmo os profissionais que não dominavam esses recursos, tiveram que aprender a explorá-los e se (re)inventar para manter os negócios funcionando.

E pelo menos uma notícia boa em meio a pandemia. De acordo com a docente, os tempos de crise são os melhores para identificarmos novas oportunidades. “É neste momento que padrões são quebrados e com isso surgem novas possibilidades. Todos estão saindo da zona de conforto e se reinventando e, consequentemente, os modelos de negócios também são alterados. É o momento de abrirem os olhos para as novas necessidades e transformarem os novos hábitos em oportunidades, bem como buscar soluções para os desafios que a crise ocasiona”. Ela ainda acrescenta que “o perfil dos gestores (líderes) também serão afetados dentro dessa nova lógica de trabalho”.

Com todas essas mudanças, quais as principais características desejadas do profissional que emerge deste período? Carvalho detalha. “Antes da pandemia, o mercado já valorizava os profissionais criativos, proativos e com domínio tecnológico. Agora, esse novo perfil não só continuará sendo valorizado, mas devem abusar da criatividade, desenvolverem um perfil colaborativo, flexível, com domínio tecnológico, inteligência emocional e, principalmente, com capacidade de resolução de problemas em qualquer ambiente. Os desafios são muitos, então o profissional que conseguir, de fato, se reinventar terá destaque no período pós-pandemia.”