Da esquerda para a direita: professor Paulo Roberto Figueira Leal, mestranda Viviane Amélia Ribeiro e professor Luiz Ademir de Oliveira (foto: arquivo pessoal)

Uma dissertação realizada na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) investiga a cobertura midiática dos dois rompimentos de barragens ocorridos em Minas Gerais: a do Fundão, em Mariana-MG, e a do Córrego do Feijão, em Brumadinho. A pesquisa foi defendida por Viviane Amélia Ribeiro Cardoso, no Programa de Pós-graduação em Comunicação. 

Segundo a pesquisadora, o recorte estabelecido foi de sete dias da repercussão midiática dos rompimentos, tendo como foco as narrativas produzidas pelo jornal “O Tempo”. De maneira complementar, foram analisadas as perspectivas de três deputados estaduais no município de Ouro Preto, com o acompanhamento de suas redes sociais.

Sobre o caso de Mariana, Viviane explica que houve um número bem menor de notícias em comparação com Brumadinho. Para ela, esta relação se dá principalmente por causa do imediatismo e da cobertura minuto a minuto, com constante espetacularização. “Enquanto o trabalho jornalístico sobre a barragem de Fundão procurou enquadrar-se sobre uma ótica de acidente, e até de possíveis causas naturais, em Brumadinho-MG foi constante o uso de fontes autorizadas, como os governos e a própria empresa, repassando uma ideia de tudo estar sob controle, ressalta Viviane que acrescenta, ainda, a observação de que trata-se de um exemplo de utilização do episódio como palco político.

A acadêmica destaca também que, depois de uma semana de cobertura midiática, houve redução de notícias tematizadas com a negligência e a noção de crime ambiental, e um aumento de informações pautadas na solidariedade humana, na sobrevivência e no milagre, bem como discursos empresariais que buscaram se eximir da culpa sobre os acontecimentos. “Os usos desses discursos naturalizaram os crimes socioambientais e diminuíram a responsabilização sobre a vida das comunidades e das pessoas atingidas. No caso de Mariana-MG, temos a própria Fundação Renova que já carrega em seu nome esse simbolismo e caracteriza o rompimento de barragem como um evento”, ressalta Viviane.

O professor orientador da pesquisa, Paulo Roberto Figueira Leal, salienta a importância do trabalho para o ambiente acadêmico e a sociedade. “A dissertação aborda as interfaces entre as áreas da Comunicação, da Política e das Ciências Ambientais. Esta característica transdisciplinar é cada vez mais necessária para que se possa compreender a vida social contemporânea.” Além disso, o professor Paulo destaca que ficou evidente a ausência das vozes dos atingidos e das comunidades na mídia e nos discursos das forças política e empresarial.

Contatos:
Viviane Amélia Ribeiro Cardoso (mestranda)
vivianearcardoso@gmail.com

Paulo Roberto Figueira Leal (orientador)
pabeto.figueira@uol.com.br

Banca examinadora:
Prof. Dr. Paulo Roberto Figueira Leal – Orientador (UFJF)
Prof. Dr. Luiz Ademir de Oliveira – (UFJF )
Prof. Dr. Rafael Nogueira Costa – (UFRJ)

Outras informações: (32) 2102-3616 – Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM)