Hospital poderá atender até 24 pacientes simultaneamente
Por ser referência no atendimento aos pacientes com Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) realizou intenso trabalho de adaptação ao serviço. Houve readequação do espaço físico, criando uma área especial somente para atendimento aos pacientes com Covid-19, outra para o descanso de profissionais envolvidos e mais uma para capacitação de uma equipe especialmente para os atendimentos.
Como explica a enfermeira coordenadora do espaço Covid-19, Dayse Cristina Dias, o novo ambiente conta com oito leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 16 leitos de enfermaria. “Preparou-se uma equipe especializada, privativa, para atender essas pessoas. São técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas e médicos, uma equipe completa, que está bem integrada, bem disposta a fazer o melhor pelos pacientes.”
Todos os profissionais foram capacitados, desde como manusear equipamentos de proteção individual (EPIs) a como receber o paciente, observados todos os cuidados de paramentação e o fluxo de entrada até a enfermaria. A técnica de enfermagem do espaço Covid-19 Nelma Aparecida de Oliveira afirma que houve também treinamento da equipe da área de limpeza, pois há um perigo real de contaminações. “Estamos tendo treinamento diariamente e, quando muda algo no Ministério da Saúde ou na Anvisa, isso é repassado para nós. Estamos todos ansiosos, porque é uma situação nova, mas ao mesmo tempo estamos seguros por ter treinamento e equipamento para lidar com esses pacientes”, assegura.
Inicialmente o Hospital Universitário disponibilizaria à rede municipal de saúde apenas um leito de enfermaria. Mas, diante da demanda crescente por leitos, foi acordado o aumento. Segundo o gerente de Atenção à Saúde do HU-UFJF, Sérgio Paulo Pinto, a expansão só foi possível porque o hospital conseguiu os exames para o diagnóstico dos pacientes. A partir do diagnóstico correto, é possível alocar pacientes em um mesmo espaço. “Todo o Hospital se mobilizou, a Gerência Administrativa, a Gerência de Atenção à Saúde, para conseguir esses exames e poder fazer o diagnóstico mais rápido. Para se chegar a 11 quartos e atender até 24 pacientes, dependeria de termos os exames à disposição, visto que, a partir do diagnóstico, seria possível agrupar os pacientes com Covid-19 nos quartos. Sem os exames, poderíamos ter no máximo 11 pacientes, um em cada quarto”, explica.
Todos os quartos contam com monitor multiparâmetros e ventiladores, além de uma equipe já dimensionada e um médico específico para essa unidade. “Estamos tendo reuniões todos os dias para discussão de casos e definições de condutas”, ressalta o médico.
Adaptação em tempo recorde
Conforme o superintendente do HU-UFJF, Dimas Araújo, todo o trabalho de adequação foi feito em tempo recorde e contou com apoio financeiro da sede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). “Nas últimas três semanas, fizemos um planejamento, trabalhamos arduamente e conseguimos disponibilizar até 24 leitos. Estamos podendo fazer também um fluxo de exames com resultado até 24 horas. Os pacientes suspeitos que chegam fazem o exame e, se der positivo, vão para a área destinada aos pacientes com a Covid-19. Foi uma resposta extremamente rápida”, considera.
Outro trabalho árduo citado pelo superintendente foi a disponibilização de equipamento de proteção individual (EPI) adequado para os profissionais. “A equipe está paramentada, tem uma área específica para os pacientes da Covid-19 e isso é muito importante para o tratamento e a segurança de todos. Quanto aos exames, estamos adquirindo os testes para a equipe de saúde também, incluindo os residentes.”
Obras
Quartos contam com monitor multiparâmetros e ventiladores
Para as adequações do espaço Covid-19, a Ebserh Sede disponibilizou ao HU-UFJF o montante de R$ 324.550. Segundo o responsável pela Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar do HU-UFJF, André Xandó, entre as obras estão a ampliação da quantidade de quartos de isolamento de dois para cinco, com construção de antecâmaras nos quartos e antecâmara no corredor; fechamento da área de ventilação (gota) e construção de duas antecâmaras de entrada e saída, passando a estarem disponíveis 11 quartos exclusivos para atendimento a pacientes Covid-19; instalação de um ponto de diálise na enfermaria 205 para atendimentos a pacientes que tenham necessidade de efetuar hemodiálise; e instalação de gerador de 400KVA que trará a confiabilidade e disponibilidade em caso de falta de energia.
Dentro do espaço Covid-19, também foi providenciado maior conforto para a equipe assistencial, com área para descanso, sala com armários e copa.
Expectativa dos profissionais e residentes
O prazo para a adequação foi fundamental para a equipe se preparar, acredita a pneumologista Lígia do Amaral, médica responsável pela Unidade de Sistema Respiratório do HU-UFJF. “Foi importante preparar protocolos clínicos, estabelecer a quantidade de EPIs que vamos precisar, treinar as equipes que vão estar na linha de frente. Esse tem sido o trabalho das últimas semanas.”
A médica também destaca o grande empenho de toda a equipe, tanto da parte administrativa quanto assistencial. “Tem sido feito um trabalho coletivo bem interessante e a gente tem conseguido avançar em todos os desafios que estão aparecendo no dia a dia”, reforça.
O fisioterapeuta Giovane Costa também espera um grande desafio. Ele já tem experiência no tratamento de pacientes Covid-19 em outro hospital da cidade e se dispôs a trabalhar na linha de frente no HU, onde também atua, no ambulatório da Unidade Dom Bosco. O profissional sabe que serão necessários profissionais com experiência na parte ventilatória. O trabalho da fisioterapia é muito importante, porque ela participa da responsabilidade da respiração do paciente, seja fora do ventilador ou com o respirador. “A fisioterapia participa da estratégia, configura o aparelho, determina a hora que vai começar a diminuir a utilização para tentar tirar o doente da terapia intensiva”, pontua.
A gerente de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário, Angela Gollner, ressalta que os residentes também têm papel fundamental no espaço Covid-19. “Trata-se de um compromisso ético e de responsabilidade social em que o papel do ensino e do treinamento em serviço se fortaleceu com o objetivo de prestar assistência de qualidade aos usuários do Sistema Único de Saúde.”
Mais informações: comunicacao.hu.ufjf@ebserh.gov.br