A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), está desenvolvendo um projeto para amenizar os impactos do novo coronavírus na cidade. O trabalho com caráter colaborativo, inteiramente gratuito, visa a criação de planos para o contingenciamento e definição de diretrizes para o enfrentamento à Covid-19.

A partir dos primeiros casos suspeitos da doença na cidade, pesquisadores da UFJF e representantes da Prefeitura de Juiz de Fora fizeram uma análise da situação e resolveram desenvolver projetos para amenizar a propagação do vírus e orientar a população. Um dos desafios assumidos foi a criação um veículo de comunicação direto com o cidadão. Diante disso, foi desenvolvido um sistema inteligente capaz de orientar a autoavaliação, análogo ao em operação no SUS,  e o registro dos sintomas.

A proposta prevê, necessariamente, o apoio de um médico. “Um profissional da saúde, mesmo remotamente, poderá orientar o paciente, caso o processo de autoavaliação assim direcione, sobre qual unidade de saúde procurar em caso de necessidade de atendimento presencial ou internação”, esclarece uma das coordenadoras do projeto e pesquisadora do programa de Pós-graduação em Modelagem Computacional da UFJF, Priscila Vanessa Zabala Capriles Goliatt.

De acordo com Priscila, ela e o coordenador do programa de Pós-graduação em Saúde da UFJF, Fernando Antonio Basile Colugnati, têm coordenado o projeto com o intuito de integrar de forma voluntária médicos, pesquisadores e profissionais da UFJF, PJF, setores público e privado, e startups. A iniciativa integra o sistema de autoavaliação telefônica, chamado Disque Coronavirus, desenvolvido pela Nvoip, que atende através do número (32) 3512-0768. A fase final de testes está sendo feita por meio da Plataforma Busco Saúde, startup criada pelo engenheiro de produção, Adalton da Silva Ramos Júnior, formado na UFJF, e pelo bacharel em Sistemas de Informação, João Celson de Paula Júnior, formado pelo CES, ambos com passagem por programas de qualificação da Incubadora de Base Tecnológica do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (Critt-UFJF).

“Esperamos na próxima semana concluir os testes da plataforma, e recrutar e treinar os médicos para participarem da frente de teleorientação. A plataforma dará apoio para outros dois projetos desenvolvidos por pesquisadores da UFJF, o Modelagem Epidemiológica do Covid-19 em Juiz de Fora e o Painel de Geomonitoramento Digital de Juiz de Fora, coordenados pelos professores, Fernando Colugnati e Cézar Henrique Barra Rocha, respectivamente. “Todo o sistema conta com o suporte de diversos médicos e juristas de forma a obedecerem às regras e normas determinadas pelo Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina”, explica Priscila.

Levantamento de dados

A pesquisa estatística, desenvolvida por Colugnati, possibilita a realização de projeções sobre a expansão da contaminação na cidade. Segundo o pesquisador, “esse levantamento vai auxiliar o poder executivo municipal em seu plano de contingenciamento, estimando as necessidades de leitos e equipamentos para ações mais efetivas contra a Covid-19”. Colugnati explica que o estudo fornece dados, avaliando dois cenários: a propagação viral após a intervenção pública; e como a doença agiria se não houvesse a recomendação do distanciamento social.

“Trabalhamos com simulações a médio prazo e, a partir das previsões do número de infectados graves e críticos, o poder público tem a possibilidade de fazer planos de contingenciamento. Analisamos as probabilidades entre a população ser suscetível ao vírus, ser infectada e ir à óbito. No grupos dos contaminados, temos condições de separar as evoluções, entre as mais leves e as mais graves, para avaliar quais precisariam de leitos de enfermagem e quais iriam para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, explica Colugnati.

O professor reitera que a pesquisa será contínua, o que permite avaliar o resultado das intervenções do poder público, contrapostos pelos atos populares, como os de carreata para o retorno do funcionamento de escolas e de comércios. Esclarece que o estudo usa dados da cidade, assim como, os de países como China, Espanha, Itália e Estados Unidos. “É importante dizer que não é oportuno findar o distanciamento social agora, pois como informado pelo Ministério da Saúde, os cenários mais críticos começam a surgir em meados de abril. Mas, uma decisão importante para nós de Juiz de Fora é que trabalhamos com os dados suspeitos, e não apenas com os casos confirmados. Essa escolha nos demonstra um quadro mais realista para fazer o planejamento. Nosso trabalho compõe uma rede interligada de pesquisadores que auxilia a PJF, com evidências científicas e pesquisas de qualidade, a combater a pandemia”, completa.

Segundo o prefeito Antônio Almas, a parceria entre poder público e Universidade tem sido essencial neste momento de união de forças em prol da saúde e bem-estar da população. “Nunca se viu uma mudança de grafia tão rápida. Quando Juiz de Fora mais precisa, a Universidade se tornou ‘univercidade’. Muito do que estamos fazendo deve-se à parceria com a UFJF. Estamos nos valendo da ciência para fazer e aprimorar políticas públicas num momento de extrema necessidade.”

Outras informações: Disque Coronavírus – (32) 3512-0768