Da esquerda para a direita: professor Jonathan Mata, orientadora Iluska Coutinho, professoras Ana Carolina Pessoa e Sonia Virgínia (no vídeo) e mestranda Carla Ramalho (foto: arquivo pessoal)

Uma dissertação realizada no programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), analisa a representação midiática dos presidiários brasileiros em meio à crise política que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O estudo da jornalista Carla Ramalho Procópio foi pautado em reportagens do Jornal Nacional diante de um cenário também crítico para a segurança pública do país.

Segundo a jornalista, a dissertação aponta problemáticas referentes à representação dos presidiários, com destaque para a ausência de uma narrativa plural sobre esses sujeitos. Além disso, Carla afirma que foi possível verificar como a exposição do tema na mídia se relacionou com a construção de um cenário político e social caótico no país, especialmente após a eleição presidencial de 2018 que elevou ao poder um projeto defensor de um sistema ainda mais punitivo.

Para a pesquisadora, a dissertação mostra, ainda, como não podemos olhar para a violência apenas por uma perspectiva técnica, militar e/ou policial. “O Brasil é o terceiro país com a maior população carcerária do mundo, e o segundo mais violento da América do Sul (atrás da Venezuela), isso significa que, por aqui, a prisão pouco tem a ver com o combate à violência”.

Todo o trabalho de pesquisa foi fundamentado também na perspectiva pessoal da pesquisadora, enquanto voluntária em um projeto de artes em duas penitenciárias de Juiz de Fora, a Professor Ariosvaldo Campos Pires (PPACP) e a José Edson Cavalieri (PJEC). Carla ressalta que o estudo sinaliza para a necessidade de repensar as rotinas de produção jornalísticas para matérias que envolvam níveis de vulnerabilidades diferentes. Dessa forma, é possível indicar caminhos capazes de combinar metodologias, bem como dialogar com outros campos de saber (como a antropologia).

A professora orientadora, Iluska Maria da Silva Coutinho, salienta a importância da pesquisa, já que ela mostra como a produção jornalística na televisão retrata e recorta as realidades e interfere na constituição dos contextos sociais. Nesse caso, ressalta a professora, a dissertação pontua, ainda, um momento político delicado, especialmente diante de um Governo pautado em uma parcela da sociedade que o elegeu em 2018 com o discurso de endurecimento penal.

Contatos:
Carla Ramalho Procópio – Mestranda
carlaramalhop@gmail.com

Iluska Maria da Silva Coutinho – Orientadora
iluskac@globo.com

Banca examinadora:
Profa. Dra. Iluska Maria da Silva Coutinho – Orientadora (UFJF)
Prof. Dr. Jhonatan Mata – (UFJF)
Profa. Dra. Sonia Virgínia Moreira – (UFJF)
Profa. Dra. Ana Carolina Pessoa Temer – (UFG)

Outras informações: (32) 2102-3616 – Programa de Pós-Graduação em Comunicação