O Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade (Gesed) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) completa este ano uma década de ensino, pesquisa e extensão. A história do Gesed envolve a produção de teses, dissertações, artigos, publicação de livros, organização de eventos acadêmicos, atividades em escolas da rede básica e a criação de um curso de especialização gratuito.  A trajetória do grupo diz ainda sobre o período e o processo de consolidação do campo de pesquisa de gênero e sexualidade na Universidade. 

Anderson Ferrari: “O currículo é seleção. Quando eu escolho alguma coisa, eu silencio outra.” (Foto: Alexandre Dornelas)

O Portal da UFJF entrevistou um dos líderes e fundadores do Gesed, o professor da Faculdade de Educação Anderson Ferrari, sobre a produção científica do grupo nesses dez anos. O docente contou também sobre a própria trajetória acadêmica; recordou as dificuldades vivenciadas nos anos de 1990 para pesquisar homossexualidades e educação; e ressaltou a importância dos debates sobre gênero e sexualidades na Universidade e na escola. 

“Na medida em que essa temática surgiu na Educação, adquiriu uma força muito grande. A Educação é um lugar de silêncio também. A Educação trabalha o tempo todo com currículo. Escolher se eu vou trabalhar ou não gênero e sexualidade na escola diz sobre alguns aspectos da Educação, como currículo, formação docente”, aponta Ferrari.

Confira a entrevista na íntegra:

Portal UFJF – A trajetória do Gesed é fortemente influenciada pela sua trajetória acadêmica. Conte-nos, por favor, um pouco sobre a sua história. 

“A sala de aula me impactou demais, porque eu percebia que acontecia com os meus alunos algo que havia acontecido comigo há oito anos, dez anos atrás” – Anderson Ferrari

Anderson Ferrari – Eu sou formado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Eu já entrei na Universidade muito interessado em sala de aula. Eu gosto de escola, sempre gostei, embora a escola não tenha sido um espaço agradável o tempo inteiro para mim. A escola também foi o lugar onde eu encontrei discriminação, preconceito. Foi ali que encontrei a classificação, foi ali que me nomearam pela primeira vez como gay. Então, não era um lugar absolutamente agradável. Mas eu soube fazer da escola um espaço de ressignificação, soube encontrar na escola os meus colegas, as pessoas com as quais tinha vínculos, estabelecer outras relações em outros espaços. Quando entrei na graduação, a escola sempre me chamou a atenção. Quando acabei a minha licenciatura e fui dar aulas para o ensino médio, na rede particular, numa escola religiosa de classe média alta, em Três Rios (RJ), continuei estudando, fazendo o bacharelado. E a sala de aula me impactou demais, porque eu percebia que acontecia com os meus alunos algo que havia acontecido comigo há oito anos, dez anos atrás. Aquilo também me inquietou muito: porque estava se repetindo aquilo que vivi há muito tempo? Isso conduziu meu interesse para saber o que estava acontecendo em sala de aula, nas relações com gênero e sexualidade, para além do conteúdo de história. 

Portal UFJF – Como era o campo de pesquisa de gênero e sexualidade nos anos de 1990, época na qual você concluiu a Licenciatura em História na Uerj? 

“Eles disseram: ‘não tem gay na escola’. Aí eu fui reprovado. Eu sabia que tinha. Eu via os meus alunos em sala de aula. Eu sabia que faltava bibliografia” –  Anderson Ferrari

Anderson Ferrari – Eu me formei em 1990 e comecei a dar aulas em 1991. Em 1992, tentei o mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF), com projeto que discutia homossexualidade na escola. Havia poucos mestrados na época. Eu nem sabia o que era isso direito.  Eu passei na prova escrita, na de línguas e fui para a entrevista. Na entrevista, foi uma coisa interessante, eu escutei da banca que o meu projeto era bom, mas que eu tinha três problemas. O primeiro problema é que eu não tinha orientação. Eles falaram: ‘não tem quem te oriente aqui, não tem quem discuta homossexualidade na escola’. O segundo problema, que eu percebia na prática, é não ter orientação. Eu achava que alguém poderia me orientar. Eles também apontaram que não havia bibliografia, não havia nada escrito sobre homossexualidade e educação. E de fato não tinha. Tinha na Sociologia, na Psicologia, mas não na Educação.  O terceiro problema era uma coisa incompreensível para mim. Eles disseram: ‘não tem gay na escola’. Aí eu fui reprovado. Eu sabia que tinha. Eu via os meus alunos em sala de aula. Eu sabia que faltava bibliografia. A orientação era um outro problema mais grave para mim, não é? As pessoas tinham que me aceitar. Daí, eu fiz outros caminhos. 

Portal UFJF – Quais foram esses outros caminhos?

“Trabalhei a temática da identidade gay, no Rio de Janeiro (RJ), qual a importância da boate gay para a construção da identidade homossexual” – Anderson Ferrari

Anderson Ferrari – Fiz o bacharelado. Quando acabei, tentei o mestrado de novo com o mesmo projeto e no mesmo programa. Fui reprovado. Aí resolvi fazer uma especialização em Sociologia Urbana, na Uerj.  Trabalhei a temática da identidade gay, no Rio de Janeiro (RJ), qual a importância da boate gay para a construção da identidade homossexual. Eu estava vivendo a minha homossexualidade e a boate era um espaço muito importante para mim naquele momento. Foi um espaço onde criei rede de amigos, me sentia acolhido, me sentia livre, sem medo. Então, comecei a perceber que aquele espaço era um espaço importante de constituição da identidade homossexual. Fiz uma pesquisa na sociologia, trabalhando com uma teoria, que era do Jorge Velho, sobre haver dois tipos de cariocas, carioca Zona Sul, carioca Zona Norte. Eu construí este trabalho nesta análise: também existe o homossexual Zona Sul e o homossexual Zona Norte. Nesta pesquisa, a escola não era o meu interesse, mas sim a constituição da identidade homossexual.  Para minha surpresa, nas entrevistas, a escola aparecia sem eu perguntar. Quando a pessoa recordava a própria história de vida, a escola vinha e vinha com muita força, como lugar de discriminação, de preconceito. Vinha inclusive com algumas situações, como tentativa de suicídio por aquilo que viveu na escola. Então, essa pesquisa me reforçou que a Educação precisava trabalhar isso. Acabei essa Especialização e tentei, pela terceira vez, o Mestrado em Educação na UFF. Aí, novamente fui reprovado. Nessa mesma pesquisa da Especialização, vinha também uma outra questão, quando eu perguntava se os entrevistados queriam acrescentar alguma informação. Vinha a questão do ‘eu não sou normal’. Isso me chamou à atenção também, ou seja, tem um discurso de anormalidade, um discurso que liga a homossexualidade à doença, que ainda está presente. Como eu fui reprovado no mestrado e eu não queria deixar de estudar, abandonar essa temática, eu entrei numa outra especialização, também na Uerj, em História das Relações Internacionais. Nesse curso, eu trabalhei a entrada do discurso médico sobre homossexuais no Brasil. 

Portal UFJF – Você tentou o mestrado em Educação na Universidade Federal Fluminense (UFF) outras vezes? Como começou a sua trajetória na UFJF?

“Passei e entrei no mestrado da UFJF com essa discussão [homossexualidades e educação]. Foi a primeira vez que essa discussão foi feita em Juiz de Fora também” –  Anderson Ferrari

Anderson Ferrari – Sim, acabei a especialização, tentei o mestrado na UFF pela quarta vez. E novamente fui reprovado. Aí, uma amiga professora me falou que tentaria o Mestrado em Química na UFJF. Ela me chamou para vir a Juiz de Fora com ela, para que tivesse companhia. Eu vim com ela para cá. Quando chegamos no Departamento de Química, soubemos que as inscrições já estavam encerradas. Lá nos disseram sobre o Mestrado em Educação da UFJF. Chegamos aqui na Faculdade de Educação numa quarta-feira e as inscrições para o mestrado estavam abertas. Terminariam na sexta-feira seguinte. Minha amiga não se interessou pelo curso. E eu resolvi me inscrever. Já tinha um projeto pronto e tinha sido reprovado por quatro vezes na UFF. Não tinha que indicar a orientação previamente. Isso era 1997. Então, eu fiz a prova. Passei na prova. Fui para a entrevista, que era o meu grande ‘calcanhar de Aquiles’. Foi uma banca ótima! Passei e entrei no mestrado com essa discussão. Foi a primeira vez que essa discussão foi feita em Juiz de Fora também. A grande questão era a orientação. Aí, o Paulo Roberto Curvelo me orientou. Ele disse: ‘não sei nada do que você está falando. Não discuto homossexualidade, mas eu percebo que tem um projeto bom aqui. Então, eu serei um leitor crítico’. Aí começou a minha trajetória na UFJF. No final do primeiro ano do mestrado, em 1998, eu fiz o concurso para o Colégio de Aplicação João XXIII e passei.    

Portal UFJF – Você começou a atuar como docente na UFJF em 1999, mas o Gesed foi fundado em 2010…

Nós não tínhamos tradição de grupos de pesquisa na Faced. Eu acabei o mestrado e entrei no Doutorado em Educação, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Lá eu tinha um grupo, mas me incomodava, por conta do lugar que as pessoas atribuíam ao coordenador do grupo. Então, discutíamos e o coordenador ficava esperando e aí, ao final, fazia um fechamento como se fosse revelar a verdade. Não acho que o grupo seja isso. Também me incomodava o grupo ser um conjunto de pesquisas isoladas. Então, quando eu acabei o doutorado, em 2006, eu tive resistência para formar grupo. Eu apostava mais em outro trabalho que fazia nas escolas com os professores da rede básica. Eu tinha projetos de extensão, fazia seminários sobre homossexualidades todo ano, junto com o Movimento Gay de Minas (MGM). Também tinha pouco orientandos. Os primeiros foram Roney [Roney Polato, professor da Faculdade de Educação da UFJF] e Gabi. Assim foi de 2006 até 2010. Em 2010, eu fui fazer o pós-doutorado em Barcelona. Aí o Roney, que era já meu orientando de Doutorado, e já tínhamos um grupo grande, com dois orientandos de doutorado e três de mestrado, além dos que já tinham saído. Roney me falou: ‘Anderson, acho que ficaremos muito isolados sem você. Precisamos fazer um outro espaço para suprir a sua ausência por um ano. Você coordena a gente de lá, de Barcelona?’. Aí foi. O grupo foi montado em 2010 por uma iniciativa do Roney.

Professor Roney Polato integrante do Gesed (Foto: Arquivo/UFJF)

Portal UFJF – Como era a dinâmica de atividades?

Anderson Ferrari –De Barcelona, eu encaminhava leituras, fiz um cronograma de discussões e o grupo começou dessa forma. Com essa perspectiva de eu não ser o dono do grupo, tanto é que Roney já fez a coordenação. E temos uma pesquisa que é do grupo. Por exemplo, lá em Barcelona eu estava interessado no processo de cultura visual, na importância das imagens na construção das homossexualidades. Então, eu fiz um conjunto de textos, para discutirmos cinema, gênero e sexualidade. Por um determinado tempo nós lemos. Depois, nos dividimos em duplas e cada dupla escreveu um artigo a partir das leituras e a partir de um filme. Isso gerou um livro. Quando eu voltei do pós-doutorado, nós fizemos uma pesquisa do sexto ao nono ano da rede básica. Todos participaram, indo para a escola. Fizemos questionários, depois demos retorno das entrevistas com grupos focais. Estávamos interessados em saber o que os alunos produzem de imagem. Se têm acesso a celular ou a outro equipamento que produz imagem, com qual frequência fazem isso. Foi uma pesquisa de todo Gesed. Produzimos e publicamos artigos também sobre isso. Ano passado, nós trabalhamos com temas contemporâneos para adolescências. O Gesed também foi para a escola, para ver que currículos surgem dos alunos. 

Portal UFJF – Atualmente quantos são os integrantes do Gesed? Com qual periodicidade vocês se reúnem?

Anderson Ferrari – Somos 16, sendo três estudantes da Graduação que fazem parte de pesquisa de iniciação científica. Nós nos reunimos quinzenalmente.

Portal UFJF – Fale-nos um pouco mais sobre as produções acadêmicas do grupo: teses, dissertações…

“Quanto à produção de livros, o primeiro foi um livro chamado ‘Sujeito, Subjetividade e Educação’. Foi exatamente a partir das produções dos meus orientandos. Eu percebi que o nosso tema central é esse” – Anderson Ferrari 

Anderson Ferrari – Já foram elaboradas 10 teses de Doutorado orientadas por mim. Dessas, três são coorientações que eu fiz na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e que vieram para cá. Roney ainda não tem nenhuma orientação de doutorado concluída. Ele tem atualmente quatro orientandos de doutorado, que vão concluir daqui a dois anos. Eu já orientei 16 dissertações de mestrado. Quanto à produção de livros, o primeiro foi um livro chamado ‘Sujeito, Subjetividade e Educação’. Foi exatamente a partir das produções dos meus orientandos. Eu percebi que o nosso tema central é esse. Nós estamos interessados em como o sujeito se constituiu sujeito e como isso está ligado à educação. O convite foi para que cada um, a partir da sua dissertação de mestrado ou tese de doutorado, escreve um capítulo, tomando como foco essa problemática: sujeitos, subjetividade e educação. Depois, produzimos um outro livro. Esse em parceria com o Grupo Travessia, da professora Sônia Clareto [da Faculdade de Educação da UFJF], chamado ‘Foucault, Deleuze e Educação’. Em seguida, fizemos outro com a Luciana Pacheco [ professora da Faculdade de Educação da UFJF], chamado ‘Silêncios e Educação’. A proposta foi convidar pessoas das nossas relações, que participaram de bancas, com um convite: pensar um silêncio na Educação e escrever sobre um silêncio, ou seja, sobre o que ele percebe que a Educação ainda não tratou. Na medida em que escreve sobre silêncio, rompe com ele, não é? Nomeia ele. Também tivemos a produção do livro ‘Desafios e Potencialidades da Imagem na Educação’. Além disso, já organizamos dois eventos internacionais. O primeiro em 2012, que foi o ‘Corpo, Gênero e Sexualidade’. Em 2014, organizamos o Congresso Internacional da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (Abeh), da qual fui presidente.  

Portal UFJF – O curso de  “Relações de gênero e sexualidades: perspectivas interdisciplinares”  também é resultante dos trabalhos do Gesed?

Anderson Ferrari – Sim, a Especialização começou numa conversa minha com Roney. Se entrei em 1999 e apenas eu discutia gênero e sexualidade em Juiz de Fora, nós tivemos um boom  da temática na UFJF, um boom no campo de pesquisa. Em 1992 eu não tinha orientação. Isso é recente. São 28 anos apenas. Se olharmos hoje para o campo do Gênero, Sexualidade e Educação, tem milhões de dissertações e teses, programas de pós-graduação, congressos internacionais. A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) tem um grupo de trabalho sobre gênero, sexualidade e educação que nós fundamos, ou seja, foi um movimento muito rápido, um boom mesmo da discussão. Isso aconteceu também com a UFJF.  Há cinco anos, eu e Roney começamos a dar conta disso: ‘nossa, tem um monte de gente discutindo gênero e sexualidade na Federal, em várias faculdade’. Aí nós começamos a elencar: tem no Direito, na Educação Física, em vários locais. Vimos que tinha um grupo legal e pensamos em fazer a Especialização, pensamos num curso interdisciplinar que permitisse ao aluno ver gênero e sexualidade em várias perspectivas. Convidamos as pessoas para a construção conjunta do projeto. A primeira turma da Especialização foi no ano passado. Estamos agora iniciando a segunda turma. 

Portal UFJF – Comente, por favor, a importância da consolidação do campo de pesquisa de gênero e sexualidade.

Anderson Ferrari – Acho que tem um primeiro ponto importante para pensarmos esse fortalecimento, até a origem dele mesmo. Foram as questões do HIV-Aids que trouxeram o debate da sexualidade para todo mundo. Num primeiro momento, a Aids era pensada como uma doença gay. A princípio, era uma questão que retornou uma questão que imaginávamos já ultrapassada: o vínculo novamente da homossexualidade à ideia de doença. O HIV-Aids incluiu, novamente, a homossexualidade à ideia de doença. Naquele primeiro momento, o governo pouca coisa fez, por conta da ideia de que era homossexual, o grupo marginalizado. Quando o HIV-aids começou a atingir adolescentes e pessoas heterossexuais foi a primeira vez que o governo resolveu tomar para si a responsabilidade de fazer alguma coisa. E o HIV-Aids implicou diretamente na produção de conhecimento, exigiu a produção de conhecimento, exigiu que parássemos para refletir  sobre práticas sexuais. O reflexo dessa discussão também impactou a vida de todo mundo. Ninguém era mais o que era antes do HIV-Aids. Todo mundo colocou as suas questões em pauta. Uma coisa que foi muito importante para a discussão de gênero e sexualidade no campo das Ciências Humanas é que durante muito tempo o HIV-Aids foi algo da Saúde. Demorou um tempo ainda para o governo, para os grupos entenderem que discutir HIV-Aids não é só no campo da Saúde. É preciso discutir em outros setores também. O preconceito veio muito forte também. Isso acelerou a discussão no campo das Humanas. Isso data do final da década de 1980, do início dos anos de 1990. A Educação foi um campo que demorou mais ainda. Se essa discussão chegou mais cedo na Antropologia, na Sociologia, na Psicologia, a Educação talvez tenha sido um dos últimos campos a acolher essa discussão de gênero e sexualidade, por todas essas questões que envolvem esse debate na sala de aula. Essas questões estão presentes ainda hoje: um certo medo, um certo receio, de discutir gênero e sexualidade na escola. Isso também nos faz pensar sobre qual é a função da escola, não é? 

Portal da UFJF – Explique-nos melhor, por favor…

 “Quando a temática de gênero e sexualidade chegou à escola, foi rapidamente acolhida, porque muitas pessoas sentiam-se excluídas nas suas identidades de gênero e identidades sexuais” – Anderson Ferrari

Anderson Ferrari – Na medida em que essa temática surgiu na Educação, adquiriu uma força muito grande. A Educação é um lugar de silêncio também. A Educação trabalha o tempo todo com currículo. Escolher se eu vou trabalhar ou não gênero e sexualidade na escola diz sobre alguns aspectos da Educação, como currículo, formação docente. O currículo é seleção. Quando eu escolho alguma coisa, eu silencio outra. Então, quando a temática de gênero e sexualidade chegou à escola, foi rapidamente acolhida, porque muitas pessoas sentiam-se excluídas nas suas identidades de gênero e identidades sexuais. Houve um crescimento muito forte graças, também, à sobrevivência da população LGBT à escola. Nós sobrevivemos à escola. Não é à toa que a discussão sobre transexualidade na Educação é super recente, data de cinco, seis anos atrás. Ela é a mais recente a entrar, porque as travestis e transexuais não resistiam à escola. Elas eram expulsas da escola. Portanto, não chegavam à graduação, não chegavam à pós-graduação. O boom do campo do gênero e sexualidade se deu porque pessoas LGBT chegaram na pós, chegaram dizendo: ‘tem um campo de pesquisa aí que diz de mim’. Aí começou essa acolhida das discussões, pessoas LGBT sendo aprovadas também. Não só fazendo mestrado e doutorado, mas sendo aprovadas em concurso e abrindo na universidade pública grupos de pesquisa, para discutir essas questões.

Outras informações: (32) 2102- 3653/ 3650 (Faculdade de Educação-UFJF)

ufjf.br/gesed