O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reuniu-se nesta sexta-feira, 22, e discutiu importantes assuntos para a comunidade acadêmica.

O reitor Marcus David abriu a reunião, informando os conselheiros sobre a liberação de 100% do orçamento de capital da UFJF pelo Ministério da Educação. O prazo para os empenhos é até o dia 27 de novembro. David apresentou algumas possibilidades para utilização dos recursos.

Após longa discussão, os conselheiros votaram pelo uso do recurso na usina fotovoltaica, na reforma do antigo prédio da Faculdade de Administração de Governador Valadares, adquirido pela UFJF, e a pavimentação de todo o anel viário do campus sede.

Na sequência, Marcus David leu nota da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), repudiando a fala e os ataques dirigidos pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, às universidades federais. O reitor sugeriu que a nota da Andifes fosse divulgada na página da UFJF, com respaldo do Consu. A sugestão foi acatada por unanimidade.

O primeiro ponto da pauta foi a respeito de explicações da Direção do campus avançado de Governador Valadares sobre as notícias de movimentação para emancipação do campus sede. O diretor-geral do campus GV, Peterson Marco de Oliveira Andrade, pediu autorização para fazer uma apresentação e prestar os esclarecimentos. A fala tratou da área de abrangência do campus avançado, de um resgate histórico das discussões sobre emancipação desde 2013 e da recente realização de uma audiência pública sobre o tema, que recorrentemente aparece.

Segundo Andrade, a audiência pública tratou de três temas: o papel das universidades públicas, a pactuação e a elaboração de projetos para a Universidade. Conforme o diretor-geral do campus avançado, a imprensa não esteve presente na audiência e utilizou uma matéria publicada pela Prefeitura de Governador Valadares para divulgar a reunião, distorcendo a informação. Andrade ressaltou que o assunto já foi debatido politicamente em outros momentos, entre vereadores e outros parlamentares.

Outros conselheiros representantes do campus de Governador Valadares também usaram a palavra para explicar o movimento, sugerindo que o tema seja aprofundado no Consu. O coordenador administrativo do campus GV, Emílio Mafalda Oliveira, relatou que havia um entendimento diferente do que foi dado na audiência pública. Ele citou a presença de vários políticos no momento e informou que durante a reunião foi expressado que a emancipação poderia vir “de cima para baixo”, no entendimento de que as autoridades fariam a vontade da comunidade. Diante do exposto, Oliveira acredita que o tema deva ser debatido pelo Conselho Superior.

A professora do Departamento de Ciências Contábeis do campus GV, Schirley Maria Policário, manifestou-se, dizendo que prestou concurso para a UFJF, sem que o assunto tivesse sido discutido na comunidade interna de Governador Valadares. Ela relatou o pânico vivido pelos colegas diante da ameaça do Programa Future-se e reafirmou que o tema da emancipação nunca foi tratado no Centro Acadêmico do qual faz parte. 

O diretor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), Denis Alves Perdigão, afirmou que o interesse político pelo assunto se aguçou no momento, devido à relevância da presença da UFJF na região em termos econômicos e culturais. Ele defendeu que a UFJF seja protagonista nas discussões do tema, salientando que o instituto que dirige se recusa a debater o tema com outras esferas. 

O professor do Departamento de Direito do campus GV, Eder Marques de Azevedo, relatou que a audiência pública pegou a comunidade acadêmica de surpresa. Informou que, durante a reunião, a UFJF foi chamada de “usina sem chaminé”. Ele acrescenta que tem a informação de que o tema também não foi debatido no Instituto de Ciências da Vida e que qualquer discussão só será feita pelos trâmites internos da Universidade. Azevedo finalizou, informando que a comunidade de Governador Valadares não tem posição formada sobre o assunto.

A técnica-administrativa em Educação, Isadora Camargos, considerou que é necessário que sejam realizadas audiências públicas sobre o assunto. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFJF (Sintufejuf), Flávio Sereno, alertou para o perigo de o futuro do campus avançado ser debatido por políticos e Prefeitura, atropelando a discussão na Universidade. 

A presidente da Associação dos Professores de Ensino Superior (Apes) da UFJF, Marina Barbosa Pinto, manifestou preocupação diante do cenário atual e reforçou a necessidade de se discutir o tema com profundidade tanto no campus de GV quanto de Juiz de Fora. O conselheiro Heronides Filho também defendeu que seja feita uma ampla discussão do assunto, pois entende que o processo já foi iniciado. 

O diretor do Instituto de Ciências Exatas (ICE), Eduardo Barrere, acrescentou que todas as ações do Conselho Superior são de cuidado com o “filho” que um dia vai se emancipar. Ele acredita que faltou sinceridade no relato da situação, uma vez que o movimento deve ter ocorrido diante de alguma abertura para que políticos se envolvessem com pessoas do campus de Governador Valadares.

O diretor-geral do campus GV, Peterson Andrade, diz ter informação sobre a programação de nova audiência pública por parte de políticos sobre o assunto. 

O diretor da Faculdade de Educação, Álvaro de Azeredo Quelhas, informa que, embora não tenha sido consultado, na época da sugestão de criação do campus de Governador Valadares, alertava sobre o equívoco da forma como seriam ampliadas as universidades. Considerou que a emancipação não pode ser projeto pessoal nem político de alguém e indagou se a comunidade acadêmica de GV está ciente do que está acontecendo.

O pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças, Eduardo Condé, informou que, quando o assunto é discutido pela Administração Superior, há um entendimento de que, um dia, a emancipação virá, mas a seu tempo. Ele lembrou dos interesses políticos em jogo por trás do tema, diante da aproximação das eleições municipais. Condé destacou a necessidade de se discutir o assunto, exclusivamente, dentro da universidade, prevalecendo a importância dela para a cidade de Governador Valadares, e conduzida pela Universidade. Ele acredita que os políticos interessados na emancipação não estão pensando na Universidade.

A pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, salientou que a Administração Superior deve estar ciente de qualquer discussão sobre o assunto. Ela disse ter se sentido incomodada em saber que o reitor não foi comunidade da realização da audiência pública. Reforçou que a Administração Superior tem feito muito pelo campus de Governador Valadares e que a situação gerou grande constrangimento.

A diretora da Faculdade de Comunicação, Marise Mendes, comentou o avanço alcançado pelo campus de Governador Valadares, acrescentando que acredita que a emancipação pode um dia acontecer, mas com maturidade.

O pró-reitor de Assistência Estudantil, Marcos Freitas, avaliou estar claro o caminho que se espera para o campus avançado, diante dos atos e expressões ditas pelos conselheiros. Ele considera necessário discutir os avanços em Governador Valadares, observar suas dificuldades e questionar se este é o momento da emancipação, de onde parte o tema e quais são os interesses envolvidos.

O reitor Marcus David encerrou os debates, considerando que o momento de debate no Consu levantou importantes pontos de reflexão. Ele lembrou da necessidade de a Administração Superior ser informada sobre o movimento de separação. David acredita que as dificuldades não podem ser usadas como argumentos para a emancipação. Ele sugeriu que a comissão de Governador Valadares que está sendo criada no Consu, com representação das entidades de classe, apresente a metodologia a ser adotada para a discussão do tema e que a Administração Superior seja a intermediária de uma conversa sobre a questão com a Prefeitura de Governador Valadares para esclarecer o fato.

O próximo ponto de pauta seria a discussão e a votação da preceptoria em Governador Valadares, processo relatado pela diretora da Faculdade de Medicina, Maria Cristina Vasconcellos Furtado, mas a pauta foi adiada em função do fim do tempo regimental da reunião.