Alice Cristiane durante a defesa da dissertação “A leitura de quadrinhos em sala de aula nos sétimos anos do Ensino Fundamental: uma abordagem pelos aspectos enquadramento, planos e ângulos de visão e sequencialidade” (foto: arquivo pessoal)

A melhora do ensino e da aprendizagem em sala de aula com a utilização de histórias em quadrinhos, a partir de uma prática didático-pedagógica, pautou a pesquisa de mestrado da professora Alice Cristiane Souza Ferreira da Silva. O estudo foi realizado com alunos de turmas dos sétimos anos do ensino fundamental, no âmbito do projeto Tecnologias Pedagógicas para o Ensino de Literatura: Perspectivas Práticas, do Mestrado Profissional em Letras, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 

O trabalho foi desenvolvido a partir da metodologia da pesquisa-ação, em que, além de observações, o objetivo é buscar soluções práticas e imediatas para os problemas enfrentados no cotidiano escolar. Sobre as motivações em estudar o tema, a professora enfatiza uma carência na sistematização da leitura de imagens no ambiente escolar. “Há pouca didatização da imagem pela própria imagem. Muitos professores, ao trabalharem com histórias em quadrinhos (HQs), se apoiam nos livros didáticos para desenvolver suas práticas.” 

Alice constatou também que o aspecto imagético dos quadrinhos tem sido menos valorizado em relação ao verbal, o que compromete o processo de leitura. “Essa atitude torna a abordagem dos gêneros quadrinísticos, como, mangás, tirinhas e novel comics, ineficiente de certo modo, tanto no que diz respeito ao seu aspecto de interação entre linguagem verbal e imagética, quanto em seu aspecto híbrido de linguagem literária e não literária.” 

Partindo do fato de que a imagem gráfica é um recurso amplamente utilizado na publicidade e nas mídias contemporâneas, por exemplo, a pesquisadora observou que os alunos têm pouca leitura de gêneros que envolvem imagens em sala de aula. “A imagem no espaço estético também se relaciona com o universo literário. Portanto é fundamental, no processo de formação leitora, fazer com que os alunos ampliem seu repertório de leitura dos gêneros quadrinísticos e aprendam a ler esse tipo de imagem que é tão presente no mundo.”

Recursos imagéticos utilizados nas tirinhas para indicar, por exemplo, movimento, dimensão e profundidade não eram de conhecimento da turma no início do processo. Conforme o trabalho avançou, como conta a acadêmica, os alunos “ganharam segurança para lidar com o texto e passaram a reconhecer as estratégias quadrinistas presentes nele”. Segundo Alice, demonstrando a evolução da leitura, os estudante se apropriaram do repertório e ganharam autonomia para se referirem às imagens utilizando os termos próprios das HQs.  

De acordo com a professora orientadora, Érika Kelmer Mathias, a pesquisa permite “avançar nas reflexões sobre o ensino de literatura na Educação Básica, sobretudo no que tange à concepção e à sistematização de estratégias que promovam o letramento literário”. Ela enfatiza que o estudo evidencia uma dimensão inovadora a partir de uma “estratégia com o gênero tirinhas em que o aspecto imagético de sua linguagem é tratado como elemento constituinte e estruturante do processo de construção de sentido”. Com isso, destaca também que “o caráter híbrido dessa linguagem, a saber imagem e texto, é tratado de modo simétrico no que tange seu processo de ensino-aprendizagem”.

Contatos:
Érika Kelmer Mathias (Orientadora)
erika.kelmer@terra.com.br

Banca examinadora:
Profª. Drª. Érika Kelmer Mathias (UFJF)
Profª. Drª. Margarida da Silveira Coorsi (UEM)
prof. Dr. Marco Aurélio de Sousa Mendes (UFJF)

Outras informações:  (32) 2102-3112 – Mestrado profissional em Letras