Exposição dos Diários de Leitura da turma (foto: arquivo pessoal)

Para promover e articular o letramento a partir do universo literário negro, o professor Ícaro Rodrigues da Rocha desenvolveu a pesquisa “Aspectos poéticos da Negritude na Educação Básica: interface entre o rap nacional e o poema afro-brasileiro”. A dissertação é resultado de um trabalho em sala de aula, com a proposta de elaborar e aplicar atividades voltadas à literatura afro-brasileira.  O estudo foi realizado por meio do Programa de Pós-graduação Profissional em Letras, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 

A prática da pesquisa foi pautada a partir de um plano de ação interventiva para promover os aspectos poéticos da negritude. A primeira etapa contou com uma atividade de sondagem “em que foi possível identificar a postura racista de uma turma e a falta de identificação, no espaço da sala de aula, com traços estéticos afrodescendentes”, como esclarece o mestrando. Em seguida, foi elaborado um conjunto de atividades de interpretação, produção e leitura dos gêneros Rap e de poemas afro-brasileiros. 

O professor conta que o gênero musical mais associado pela turma à negritude foi o Rap e, por isso, as primeiras atividades foram elaboradas a partir daí. À medida em que os alunos avançavam, os poemas foram introduzidos e comparados com os Raps com base em uma perspectiva temática e estrutural. Sobre a interface entre os dois estilos, Ícaro detalha que ela se dá “tanto pela temática quanto pelos elementos rítmicos, como o beat, o sample e o scratch (no rap), e o verso, a rima e a métrica (no poema)”.

Sobre a importância de pesquisar e promover esse tipo de ação no âmbito acadêmico, o pesquisador destaca as transformações efetivas observadas nos estudantes. “No caso da minha pesquisa foi visível como  eles passaram a se identificar com os elementos estéticos afrodescendentes e não mais demonstraram comportamento racista dentro da sala de aula. Além disso, é notável que essas ações transformam o professor, capacitando-o e profissionalizando-o. Essas transformações provocam significativas mudanças no Educação Básica brasileira.”

Para a professora orientadora, Érika Kelmer Mathias, o estudo permite avanços em diferentes instâncias. Ela considera que “foi possível  realizar a ampliação do repertório literário dos alunos no que diz respeito ao aspecto crítico-social, pelo viés do campo estético”. A docente pontua que esse resultado vai ao encontro da proposta de Lei nº 10639, de janeiro de 2003, que oficializa o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nos ensinos fundamental e médio, com foco na estética dessa produção. Érika explica, ainda, que a pesquisa parte da vivência dos alunos, ouvintes de rap nacional, legitimando suas preferências estéticas e, a partir delas, promovendo o letramento literário, de modo a integrar esse gênero musical e aspectos da poesia afro-brasileira.  

Contatos:
Ícaro Rodrigues da Rocha (Mestrando)
icarosrodrigues@gmail.com

Profª. Drª. Érika Kelmer Mathias (Orientadora)
erika.kelmer@terra.com.br

Banca examinadora:
Profª. Drª. Érika Kelmer Mathias (UFJF)
Profª. Drª. Elza de Sá Nogueira (UFJF)
Profª. Drª. Irene Corrêa de Paula Sayão Cardozo (UFF)

Outras informações: (32) 2102-3112 – Mestrado profissional em Letras