Reta final para o Enem exige preparo psicológico e prática de produção textual (Foto: Gabriel Duarte)

A prova mais difícil da vida para milhares de jovens estudantes se aproxima e, com ela, muitas apostas sobre o que pode cair. É a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que vale mil pontos, e será aplicada neste domingo, dia 3. O Inep, instituto responsável pela aplicação do exame, divulgou uma Cartilha do Participante, reunindo as cinco competências exigidas, dicas e critérios de avaliação.

No documento, há sete redações que atingiram a nota máxima na edição do ano anterior, cujo tema foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Para o professor de Língua Portuguesa do Colégio de Aplicação João XXIII, Paulo Henrique Goliath, algumas mudanças prometidas pelo atual governo para as provas do Enem 2019 deixam os candidatos e professores inseguros quanto às temáticas que possam vir a ser cobradas nas redações.

“Acredito que possa cair algum tema que, de certa forma, contribua para modificar o pensamento da sociedade brasileira em direção aos interesses do atual governo. Por exemplo, um assunto que relacione a expectativa de vida do brasileiro com os desafios na área da saúde, educação e previdência e que façam os alunos refletirem sobre questões ligadas aos interesses da política atual”, aponta Goliath.

A professora da Faculdade de Letras da UFJF, Denise Weiss, reitera que o tema cobrado pode seguir uma linha diferente dos anos anteriores, mas prefere não arriscar nenhum palpite. “Acertar o conteúdo a ser desenvolvido nos textos é igual uma loteria. É bobagem cogitar assuntos de agora, considerando que a prova já foi pensada e construída há alguns meses.”

Como se preparar
De acordo com o professor do João XXIII, para a realização da prova de redação especificamente, o aluno deve ler bastante, procurando informar-se sobre temas atuais, relevantes, sobretudo de caráter social e político, tomando-se o cuidado de conferir a veracidade das informações a que teve acesso. “Além disso, é sempre bom consultar outros textos que foram bem avaliados nas edições anteriores do Enem, a fim de exercitar a criticidade em relação ao conteúdo de tais textos, bem como atentar para sua estruturação e suas estratégias de persuasão.”

“O candidato precisa pensar que está falando e escrevendo para alguém”, explica a professora da Faculdade de Letras, Denise Weiss. Ela também aponta que o estudante deve se colocar no lugar de quem irá ler a produção textual e criar estratégias para uma boa comunicação escrita. “A primeira coisa a ser feita é ler o enunciado e tomar cuidado, pois esse primeiro contato derruba muita gente. A partir daí é cumprir a tarefa. O aluno deve prestar muita atenção, pois a redação não é algo difícil, mas é importante ter foco e concentração.”

Nota mil
Aprovado no curso de Medicina da UFJF, Yuri Faquini de Sousa, 18 anos, alcançou a nota máxima na redação em 2018. Ele destaca a importância de os candidatos terem regularidade no desenvolvimento de produções textuais e possuírem um amplo escopo sociológico e filosófico que possa ser usado em temas variados. “O importante é estar preparado para qualquer assunto. No início, é bom escrever redações com certa regularidade, pelo menos uma vez por semana. Já agora na reta final é importante ampliar essa meta.”

Segundo o aluno, os candidatos precisam se preocupar com outros aspectos que vão além da redação. “Com a chegada do Enem, por mais que as pessoas devam estudar  para o desenvolvimento textual, acho fundamental estarem preparadas psicologicamente. É necessário saber administrar o tempo, tentar relembrar o que foi estudado e ter controle emocional.”

Competências avaliadas
Segundo a cartilha do Inep, os corretores do Enem avaliam cinco competências:

  • Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;
  • Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa;
  • Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;
  • Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
  • Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Cada avaliador atribui uma nota entre zero e 200 pontos para cada uma das cinco competências. A nota final da pontuação é feita com a média aritmética das notas totais atribuídas por dois avaliadores, e pode chegar a mil pontos. Estudantes com deficiência auditiva, surdos e disléxicos têm as correções da redação influenciados por mecanismos diferenciados. 

As regras que determinam a nota zero automática permaneceram as mesmas da edição anterior e estão disponíveis na Cartilha do Participante. O estudante que zera a redação não pode disputar as vagas em universidades pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). No caso da UFJF, 50% das vagas da instituição são ofertadas pelo sistema.

Datas
As provas do Enem 2019 são aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro, dois domingos. Os participantes devem chegar até as 13h, horário de Brasília, e as provas começam às 13h30, com duração de 5h30 no primeiro dia e 5h no segundo. A distribuição das avaliações está mantida.

3/11: Redação; 45 questões de Linguagens e Códigos; 45 questões de Ciências Humanas

10/11: 45 questões de Matemática; 45 questões de Ciências da Natureza

Outras informações: 

A redação do Enem 2019 – Cartilha do Participante

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)

Leia mais
Qual a forma mais eficiente de estudar?