A análise da representação da mulher negra na literatura fundamentou a dissertação da acadêmica Alessandra Aparecida Muniz Dornelas. Na pesquisa, ela perpassa as questões de raça e gênero nas narrativas produzidas por duas escritoras contemporâneas negro-brasileiras: Cidinha da Silva e Conceição Evaristo. O estudo foi realizado por meio do Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

A acadêmica revela que utilizou como suporte analítico e crítico autores que percorrem a sociologia e a antropologia, bem como críticas literárias e feministas, levando em conta suas reflexões acerca de raça, gênero e classe. “A escolha do tema se deu através da Literatura Marginal que eu conheci e entendi a urgência de se estudar a literatura produzida por minorias.” Alessandra destaca, ainda, que “como consequência e por afinidade, a literatura de autoria feminina me chamou atenção –não me refiro a autoras pertencentes ao cânone, como Clarice Lispector, Cecília Meireles ou Rachel de Queiroz. Eu falo aqui daquelas que são silenciadas pelo grande mercado editorial.” 

A pesquisadora ressalta que utilizou como referencial teórico metodológico o conceito de Feminismo Negro, que a norteou sobre “o lugar de fala dos sujeitos registrados pelas autoras, suas especificidades e o lugar da mulher negra na sociedade racista e machista.”  Alessandra explica, também, que é difícil falar em conclusão quando se trata de um tema tão atual. “O que posso dizer é que o que há nas duas obras analisadas – ‘Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas’ e ‘Olhos d’água’ – são vozes de um coletivo, da população negra, das mulheres negras que, através da luta, da militância, assumiram a posição de sujeitos de sua história, assumindo a sua trajetória que durante muito tempo foi contada por terceiros, de forma estereotipada e pejorativa, deixando a cultura e a identidade do povo negro de lado, como se houvesse uma verdade única e que está obedecesse a um senhorio responsável por traçar o destino da população negra.” 

Nesse contexto, a acadêmica avalia que as obras das duas autoras perpassam por questões de âmbito social e denúncia da ordem vigente. Segundo ela, as autoras se posicionam como sujeitos políticos que “têm o controle de sua história, libertas das amarras sociais que ainda insistem em dizer qual é o papel da mulher, do negro e do pobre na sociedade, problematizando dessa forma, teorias engessadas, identidades fixas e lugares pré-estabelecidos.”

Contato:
Alessandra Aparecida Muniz Dornelas – (mestranda)
alessandradornelas7@gmail.com

Banca examinadora:
Prof. Dra. Enilce do Carmo Albergaria Rocha – (Orientadora – UFJF)
Prof. Dra. Carolina dos Santos Bezerra-Perez – (UFJF)
Prof. Dra. Daniela Pereira Aragão – (UFSJ)

Outras informações: (32) 2102-3118 – Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários