A 2ª Calourada Preta da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) começa na próxima terça-feira, 29, às 18h30, no Centro de Ciências. Atividades culturais, palestras e minicursos – todos gratuitos e abertos ao público – vão movimentar o campus de Juiz de Fora até 1º de novembro. Não é exigida inscrição prévia.
O objetivo da iniciativa, organizada pela Frente Preta da UFJF, é articular ações e movimentos centrados nas questões raciais. Na 2ª Calourada Preta, estarão em pauta temáticas como saúde física e psíquica, masculinidades e Direito, dentre outras. Já têm presença confirmada pesquisadores e ativistas, como a doutora honoris causa pela UFJF, Adenilde Petrina, e a doutoranda da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dani Balbi.
Confira a programação completa aqui.
O estudante do 5º período do curso de Jornalismo, Gustavo Ribeiro, destaca o empenho do grupo, visando a tornar o evento inclusivo para todos os segmentos. “Em todas as atividades, tentamos ser os mais inclusivos possível. Tentamos tangenciar as temáticas da religião, questões de gênero e sexualidade, de acessibilidade. Os nossos eventos estão sendo articulados, pensando nessas várias multiplicidades negras dentro da Universidade.”
O mesa de abertura contará com tradução para Língua Brasileira de Sinais (Libras) e será conduzida pela doutoranda na UFRJ, Dani Balbi; pelo representante do Movimento Negro Unificado de Juiz de Fora, Paulo Azarias; e pela doutoranda em História na UFJF, Giovana Castro. E terá como tema “Sanfoka: voltar, pegar e aí?”.
“Demos o nome de ‘Sankofa’, que é um pássaro que olha, ao mesmo tempo, tanto para o presente como para o passado e o futuro. Em linhas gerais, Sanfoka quer dizer ‘voltar e pegar’. Sentimos necessidade de colocar mais uma dimensão dentro desse pássaro, que é ‘voltar, pegar e aí?’. O que fazemos com o que conseguimos organizar? Com esse espírito, tentamos guiar todas as atividades da 2ª Calourada Preta. É fundamental refletirmos sobre todas as ações que temos realizado”, salienta Ribeiro
Proposição de novos debates
A aluna do 2º período do curso de Rádio, TV e Internet, Ana Júlia Silvino, reforça o quão relevante é a articulação dos estudantes para a realização da Calourada Preta. “É fundamental tentarmos trazer novos debates que, mesmo dentro do movimento negro, são muitas vezes silenciados , como o da masculinidade. É difícil as pessoas levarem isso em consideração, quando estão falando sobre negritude. Tentamos nortear as várias abrangências do movimento. Falaremos de religião, gênero, masculinidades. Trazer esses temas é tentar ocupar esse espaço que é excludente dentro da Universidade”, avalia.
O nome da atividade “II Calourada Preta”, mesmo fora do período de ingresso de novos graduandos, pretende resgatar a primeira iniciativa do gênero, realizada em 2018, por coletivos negros da UFJF. “Essa é a importância de estar fazendo algo como a 2ª Calourada Preta e num período que não é de calourada. Estamos tentando mostrar que esse é um debate que precisa acontecer o ano todo, e não apenas em datas específicas”, reitera Ana Júlia.
O aluno do 3º período do Curso de Jornalismo, Xande Pinto, explica que na Calourada Preta 2019 foi incluída parceria com os grupos de pesquisa e com a Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf), realizadores do “I Encontro de Pesquisadorxs e Estudantes Negrxs da UFJF”.
“O I Encontro de Pesquisadores e Estudantes Negros acontecerá no dia 30 de outubro. Quero ressaltar a importância do comparecimento de todos os estudantes pretos e pretas e também dos estudantes de qualquer outra etnia, porque esse é um assunto importante para todo mundo. A 2ª Calourada Preta é aberta a qualquer pessoa que tiver interesse, mesmo não sendo vinculada diretamente à UFJF. As inscrições serão realizadas no início de cada uma das atividades. Não só ao longo do evento, mas ao longo do semestre, é importante ficar a par das atividades da Frente Preta e dos coletivos que ajudam a compor o grupo”, ressalta.
Frente Preta da UFJF
A Frente Preta da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi criada este ano. É composta por estudantes da UFJF e integrantes de movimentos sociais externos à instituição.
“A Frente Preta surgiu da necessidade de fazermos propostas em conjunto com a comunidade negra daqui, para atingir o maior número possível de pessoas. Pensamos que a emancipação do povo negro virá com a consciência da negritude e com a participação da branquitude nesses espaços. Então pensamos a Frente Preta para ser essa linha de frente, essa parte combativa”, explica o estudante Gustavo Ribeiro.
Confira o vídeo elaborado pelos integrantes:
Outras informações: calouradapretaufjf@gmail.com
Instagram da II Calourada Preta da UFJF e Facebook da II Calourada Preta da UFJF