Conte a todos. Esse era o principal conselho da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, quando a Agenda 2030 foi acordada pelos 193 Estados-membros. O plano de ações em escala global propõe medidas transformadoras e urgentes para a prosperidade da humanidade e do planeta, tendo como principal objetivo a busca pelo desenvolvimento sustentável. Tendo isso em vista, a Diretoria de Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lança a campanha “Sustentabilidade da vida”, para mostrar como os trabalhos desenvolvidos na instituição se alinham com a aplicação da Agenda. Ao longo dos próximos dias, por meio de uma série de matérias especiais, serão abordados quantos grupos de pesquisa vinculados à Universidade desenvolvem trabalhos diretamente relacionados a cada objetivo estipulado pela ONU.
Ao todo, a Agenda traça 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agregando 169 metas com o compromisso de estimular ações cruciais nos próximos 10 anos. Com ambições que vão da erradicação da pobreza, passando pela igualdade de gênero e indo até a preservação da vida na água, as metas abrangem três dimensões vistas como integradas e indivisíveis: a econômica, a social e a ambiental. A proposta também visa a manutenção da paz universal e, principalmente, a busca por parcerias globais.
“A ONU é uma agência tradicional que ajuda a pensar questões de um ponto de vista externo, nos dando uma outra perspectiva sobre como elas estão acontecendo”, explica o coordenador do Centro de Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Outras Drogas (Crepeia), Telmo Ronzani. Para o professor, que integra o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a Organização é uma força motriz inegável para o cenário interno de um país. “A gente tem essa pressão de uma instituição externa que nos ajuda a fazer a resistência interna.”
Para a coordenadora de Sustentabilidade da UFJF, Rosana Colombara, a questão é de uma essencial importância e precisa ser pensada nos diversos âmbitos da sociedade. Ela chama a atenção para o trabalho desenvolvido pelo setor no gerenciamento de resíduos gerados pelo campus de Juiz de Fora. Além de dar uma destinação ambientalmente adequada para os resíduos químicos e de saúde, há ainda um esforço em conjunto com associações de catadores para lidar com os materiais recicláveis. “Se as pessoas não tomarem iniciativa aqui na Universidade, como é que elas vão levar isso pra fora? Nosso papel é primordial, nós somos exemplos e somos multiplicadores dessas ideias de sustentabilidade.”
O diretor de Imagem Institucional da UFJF, Márcio Guerra, faz coro à necessidade de iniciativas alinhadas aos ODS dentro do âmbito da comunidade acadêmica. “É importante mostrar o quanto a universidade federal e pública é comprometida com a importância expressa pelos objetivos da Agenda”, pontua. “A relevância dos temas de sustentabilidade é demonstrada em momentos como esse, em que o país sofre com a falta de comprometimento com o meio ambiente.”
“As Universidades são fundamentais em toda a questão que envolve a crise climática. Elas são os centros de conhecimento e todas as soluções são trazidas delas”, afirma o estudante da Faculdade de Direito, Kaime Silvestre. No mês de setembro, Kaime participou da Cúpula da Juventude para o Clima na sede da ONU, em Nova York – onde também estiveram presentes líderes mundiais como Donald Trump, Emmanuel Macron e Jair Bolsonaro. O estudante enfatiza que o tema é de grande urgência e exige a mobilização de todos os setores da sociedade. “O primeiro conselho que precisa ser dado é votar em pessoas que se preocupam com a crise climática.”
Bioeconomia e desenvolvimento
A campanha lançada pela UFJF está alinhada com a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) de 2019, que acontece entre os dias 21 e 27 de outubro em todo o país. Trazendo consigo o tema “Bioeconomia: Diversidade e Riqueza para o Desenvolvimento Sustentável”, o evento visa popularizar a ciência e demonstrar a proximidade da produção acadêmica brasileira com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O professor do Departamento de Biologia da UFJF, Nathan Barros, um dos principais especialistas do planeta em mudanças climáticas, explica como as pesquisas desenvolvidas na instituição estão colaborando para a concretização da Agenda 2030. Ele comenta o trabalho feito tanto para quantificar fluxos de gases de efeito estufa e suas potenciais fontes quanto para mitigar esses fluxos. “Nós estamos trabalhando em diferentes frentes para a melhora da questão ambiental”, afirma.