A Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) completou, no último dia 22 de agosto, 115 anos de história. A data será celebrada durante a realização do I Congresso de Ciências Farmacêuticas, que será realizado na unidade, entre os próximos dias 3 e 5. A programação do evento também visa contribuir para o desenvolvimento e discutir os diversos temas de inovação na área farmacêutica. 

A unidade, que em agosto de 1904 nasceu no Instituto Metodista Granbery como Faculdade de Farmácia e Odontologia, foi desmembrada em 1971, dando origem à Faculdade de Farmácia e à Faculdade de  Odontologia da UFJF. “Na primeira metade do século XX, o curso de Farmácia na Zona da Mata era oferecido por escolas nas cidades de Ubá, Leopoldina e Juiz de Fora. Daquela época, o único remanescente é o da Faculdade de Farmácia da UFJF, considerado um dos mais bem conceituados do Brasil”, afirma o primeiro diretor da então nomeada Faculdade de Farmácia, Lucas Marques do Amaral, que a dirigiu entre 1971 e 1976.

Amaral, aliás, dá nome ao Museu da Farmácia, sediado na própria unidade acadêmica.O espaço é um dos únicos museus universitários destinados a contar a história desta ciência. Sua exposição é dividida em cinco eixos temáticos, que se relacionam com algumas áreas de atuação do farmacêutico, tais quais análises clínicas, química, manipulação, alimentos, administração e “botica”, nome pelo qual a farmácia era conhecida antigamente, propondo a instrução e a reverência da Ciência, da História e da Cultura.

Laboratório de Análise de Alimentos e Águas – Professor Humberto Moreira Húngaro, na Faculdade de Farmácia (Foto: Caique Cahon)

A preservação da memória histórica, quando da modernização dos laboratórios, serviu de motivação para que o pesquisador guardasse o material que serviu de acervo para o Museu. “Em 1972, os aparelhos antigos e em desuso estavam para ser descartados; contudo, como diretor, resolvi preservá-los, dando origem ao Museu. Quando já aposentado e para minha honra, a Congregação decidiu, no ano de 2000, o ligar ao meu nome.”

Outra personalidade marcante na história centenária da faculdade, Renê Matos ratifica a importância do curso a níveis regional e nacional. “Entendemos que a Farmácia é essencial para a promoção da saúde da população e, neste sentido, o farmacêutico, como parte de uma equipe de saúde, cria um ambiente mais saudável para a população. Nas cidades de menor porte, esses serviços de saúde têm um impacto ainda maior.”

Matos assumiu a direção da Faculdade em 1990, deixando o cargo em 1994, ano em que foi eleito reitor da UFJF – mandato exercido até o ano de 1998. Depois disso, retornou às salas de aula e se tornou chefe do Departamento de Análises Clínicas. O ex-reitor recorda os principais obstáculos e conquistas obtidas ao longo do tempo.

“Quando entrei na direção da Faculdade, havia cinco mestres e nenhum doutor, sendo que dois deles não eram titulados na área. Quando saí da direção, já tínhamos seis doutores, dois doutorandos e cinco mestres, com alguns mestrandos. Isso impactou muito na qualidade de professores e pesquisadores”, conta. “A implantação da Farmácia Universitária também mudou totalmente a formação do aluno farmacêutico, além de prestar um serviço relevante à comunidade. Outra conquista importante foi a criação do horto de plantas medicinais, que permitiu que se fizesse muita pesquisa. Hoje, o mestrado da Faculdade é em produtos naturais bioativos, então o impacto dessas ações é nítido.”

Em 1977, o então professor contribuiu para a criação da residência em Análises Clínicas para farmacêuticos bioquímicos – a primeira residência não médica do Brasil. “Tive uma experiência única, mas é preciso lembrar que, numa estrutura como a Universidade, ninguém faz nada sozinho. Muitas coisas mudaram muito, mas graças ao trabalho coletivo”, conclui.

Fatos marcantes

A Escola de Farmácia e Odontologia foi fundada em 22 de agosto de 1904 e ficou vinculada ao Instituto Granbery até 1913. Em 1914, com a união dos cursos de Farmácia e Odontologia do Instituto Granbery e da Academia de Comércio, a Escola passa a ter sede na Rua Direita – hoje Avenida Rio Branco – sendo denominada Escola de Farmácia e Odontologia de Juiz de Fora.

Em 1923, o governador do Estado, Olegário Maciel, cede um novo edifício para a Faculdade, à Rua Espírito Santo. Em 1960, o presidente Juscelino Kubitscheck cria a UFJF, englobando a Escola de Farmácia e Odontologia, juntamente com as faculdades de Direito, Engenharia, Ciências Econômicas e Medicina.

No ano de 1971, com o Decreto nº 62.883, a Faculdade de Farmácia e Odontologia é desmembrada em Faculdade de Farmácia e Bioquímica (FFB) e Faculdade de Odontologia. O curso de Farmácia é reestruturado em 1972 e começa a oferecer as modalidades de Farmacêutico (com ênfase em análises clínicas) e Farmacêutico Bioquímico (valorizando as áreas industrial, farmacêutica e de alimentos).

No mesmo ano, são inauguradas novas instalações no campus da UFJF para a Faculdade de Farmácia e Bioquímica. Concomitantemente, inicia-se a produção de medicamentos em escala semi-industrial para atender ao então Hospital Escola – hoje Hospital Universitário.

Também no Hospital Escola, é iniciada a residência em Análises Clínicas para farmacêuticos bioquímicos, graduados na área. Na década de 1990, são inaugurados o Horto de Plantas Medicamentais e Tóxicas da FFB e a Farmácia Universitária.

Em 2002 e 2003, o curso de Farmácia e Bioquímica da UFJF recebe o conceito máximo no Exame Nacional de Cursos do Ministério da Educação, posicionando-se como uns dos melhores do país. No centenário do curso de Farmácia, em 2004, a Prefeitura Municipal de Juiz de Fora concede à FFB a Medalha Comendador Henrique Halfeld, a maior condecoração outorgada pelo município.

No segundo semestre de 2012, foi implantado o curso de Farmácia no campus avançado de Governador Valadares.

Outras informações: (32) 2102-3802 (Faculdade de Farmácia)