Professores analisam questões conceituais do documento em evento (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Professores analisam questões conceituais do documento em evento (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Com o objetivo de discutir a Base Nacional Comum Curricular do ensino médio, ocorreu nesta sexta-feira, 27, no Anfiteatro das Pró-reitorias, a mesa redonda “Conhecimento em disputa na Base Nacional Comum Curricular”. O evento contou com os professores e autores do livro de mesmo nome, Fabiany de Cassia Tavares Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e Marcus Vinicius Medeiros, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), além da professora convidada, Elizabeth Macedo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que debateram a atual Base Nacional Comum Curricular, aprovada em dezembro de 2018 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), sob a ótica de suas pesquisas.

Marcus Vinicius Medeiros faz análises comparativas das três versões da Base Nacional, focadas no ensino das artes, especificamente, na música. Ele destaca a necessidade de participação popular para a criação do documento. “Fizemos o estudo por meio da leitura crítica da Base. O primeiro momento, quando ela aparece pela primeira vez, tem uma série de inconsistências. Depois a gente nota, no segundo momento, que há certo avanço. Na terceira, o avanço é rompido. Não há mais diálogo com a população, com as associações e nem com a academia. O que vemos são alguns retrocessos nesse sentido.”

Para a organizadora do livro, Fabiany Silva, há questões conceituais que perpassam todas as versões da nova Base Nacional, da apresentada inicialmente à homologada e que precisam ser discutidas. “São problemas como direitos de aprendizagem, objetivos da Base, expectativas em relação a esses direitos, habilidades que foram posteriormente tornadas competências, conhecimentos selecionados e distribuídos, como se transformam esses conhecimentos em conteúdos escolares, tudo para resolvermos como ensinar e o que ensinar. Toda essa questão é problemática.”

A professora Elizabeth Macedo considera que apesar de já estar aprovada, homologada e ser obrigatória, mesmo com problemas, ainda é possível disputar espaço diante da Base Nacional na prática pedagógica. “Na nossa ação como professor e como professora, nós vamos instituir o currículo a partir da Base Nacional. Os alunos também vão instituir seus próprios momentos de lidar com o currículo. Hegemonizar uma determinada posição é, na verdade, ter que trabalhar para que aquele posicionamento se mantenha. Apesar da Base, o currículo é aquilo que o professor vai construir a partir da base.”

O livro “Conhecimento em disputa na Base Nacional Comum Curricular” destina-se a professores, pesquisadores e alunos de graduação e de pós-graduação atuantes nas múltiplas áreas das Ciências Humanas e Sociais, em particular no campo da educação. A definição de uma Base Nacional Comum Curricular para o país ajuda nas discussões das redes municipais, estaduais e escolas particulares que, a partir desse conteúdo mínimo essencial, precisam construir seus referenciais e currículos com base em suas realidades locais. As mudanças propostas devem entrar em vigor em 2020.