A mestranda analisou dois tipos de células de carga e foi premiada como melhor apresentação oral. (Foto: Isabella Ferreira/Arquivo Pessoal)

Treinamentos esportivos mais precisos e baratos e um jogo de videogame que simula os exercícios musculares. Os trabalhos, desenvolvidos pela mestranda Isabella Ferreira e pela estudante de graduação Hellen Barbosa, podem fazer a diferença no trabalho do fisioterapeuta e tornar a sua prática clínica cada vez mais inovadora. As duas pesquisadoras são integrantes do Núcleo de Investigação Músculo-Esquelética (Nime) do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV). A relevância das produções foi comprovada pelas premiações de melhor apresentação oral e pôster conquistadas no 23º Congresso Argentino de Cinesiologia, realizado no último mês de agosto.

Facilitar a vida do fisioterapeuta clínico foi o objetivo de Isabella Ferreira ao analisar se uma célula de carga – dispositivo que transforma a força de determinado movimento em uma saída elétrica mensurável – de baixo custo apresentava a mesma precisão daquelas utilizadas em laboratórios, que podem custar 57 vezes mais.

O trabalho da graduanda em Fisioterapia venceu na categoria pôster. Ele usa um jogo de videogame para simular exercícios destinados a dores no ombro. (Foto: Hellen Barbosa/Arquivo Pessoal)

A mestranda explica que o profissional que está no ambiente de pesquisa consegue adquirir mais facilmente uma célula de nível laboratorial, já para quem está fora desse contexto ainda faltam ferramentas de valor acessível que permitam prescrever os exercícios de força de forma adequada, o que leva muitos clínicos a optarem pela “avaliação subjetiva”, circunstância que impede que eles façam um acompanhamento mais preciso e rigoroso do paciente. O estudo concluiu que no caso de movimentos do ombro e do cotovelo, as medidas obtidas com os dois tipos de células são compatíveis, resultado que representa um avanço para a área. “Ele [fisioterapeuta clínico] consegue avaliar a força de uma maneira mais barata e eficiente, o que não tem acontecido atualmente”, afirma Ferreira.

Gameterapia. Assim é conhecido o trabalho da graduanda em Fisioterapia da UFJF-GV Hellen Barbosa, que utiliza um jogo de tênis de videogame para simular os exercícios de uma terapia comum. A técnica já é utilizada, principalmente nos Estados Unidos, no tratamento de problemas cardiovasculares. Para validar o experimento, a estudante testou o método em 25 voluntários, simulando exercícios do ombro, e considerou o resultado “muito positivo”. O objetivo na próxima fase do trabalho é ampliar o número de pacientes submetidos à pesquisa. A expectativa de Barbosa é aumentar a adesão de pacientes com dores nos ombros – notadamente crianças e idosos – ao tratamento fisioterápico que, com o videogame, se tornaria menos monótono.

Alexandre Barbosa em entrevista sobre outra atividade desempenhada pelo Nime. (Foto: Sebastião Junior)

Para o orientador das duas produções premiadas e coordenador do Nime, Alexandre Barbosa, os prêmios são o “reflexo da qualidade do trabalho desempenhado pelo grupo de pesquisa”. O professor explica que o núcleo possui “uma gama de equipamentos que permite inferir dados muito objetivos a respeito de força, potência, velocidade e inserir melhorias no treinamento esportivo, na prática de atividade física e também na reabilitação de uma forma muito mais precisa”.