Aparelhos desenvolvidos por Tobias e utilizados pelos alunos em suas pesquisas (foto: arquivo pessoal)

O ensino e o aprendizado da Física Moderna a partir de abordagens didáticas que privilegiem a curiosidade e o gosto pela pesquisa de alunos do ensino médio pautaram a dissertação do físico e professor Tobias de Assis Ricardo. Com a pesquisa, ele conseguiu despertar, por exemplo, o interesse dos estudantes em conceitos sobre o funcionamento e a relação da visão humana com o espectro emitido de fontes de luz (sol, leds, lâmpadas fluorescentes e incandescentes) e telas de celulares, bem como a alteração da luminosidade causada por filmes e películas instalados em janelas. O estudo foi desenvolvido e apresentado no Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Com a dissertação, Tobias buscou avaliar a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) e a feira de ciências como elementos motivadores dos alunos. Ele explica que os estudantes de duas escolas estaduais do município de Natividade (RJ) assumiram o protagonismo e trabalharam com entusiasmo nas medidas experimentais, mesmo as realizadas em casa. Em um dos casos, uma aluna de 60 anos de idade superou as dificuldades de acesso a tecnologias, como smartfones e laptops. “O projeto mostrou como o professor pode melhorar o processo ensino-aprendizagem de Física explorando novas metodologias, pois, o modelo tradicional, muitas vezes é ineficiente por privilegiar a teoria  sem contextualização, o que dificulta aos alunos atribuir significado às atividades realizadas em sala de aula”, destaca o físico.

Segundo Tobias, a dissertação foi desenvolvida por meio de pesquisas bibliográficas e de um trabalho de campo que usou dois espectrômetros de baixo custo criados por ele mesmo para o estudo do tema Fontes de luz natural e artificial e sua relação com a vida humana. “Esses projetos abordam a análise espectroscópica da luz emitida por diferentes modelos de lâmpadas e telas LED e a avaliação da influência dos vidros e películas na iluminação natural”, explica. Tobias ressalta, ainda, que a pesquisa foi considerada uma experiência educativa diferenciada e inovadora pois usou uma metodologia de ensino criativa: “a dissertação superou minhas expectativas porque foi um sucesso na escola, recebeu aprovação da banca e foi reconhecida até mesmo pelo Prêmio Shell de Educação Científica 2018 obtendo o primeiro lugar dentre projetos inscritos na modalidade Ensino Médio.”

A professora orientadora, Giovana Trevisan Nogueira, compartilha da opinião de que a “má fama” do estudo da física nos dias atuais está na sua abordagem de ensino tradicional, centrado no professor transmitindo conhecimento, com alunos atuando de maneira passiva e puramente teórica, baseados em resolução puramente matemática de problemas desconectados das realidades dos estudantes. “O trabalho muda a forma como os alunos de ensino médio se relacionam com a Física. Primeiramente, porque atuam no processo de aprendizagem de maneira ativa, assumindo o papel de  pesquisadores. Eles desenvolveram projetos sobre Física Moderna com pesquisa bibliográfica e experimental de maneira análoga ao que se faz dentro de um laboratório de pesquisa profissional, sem roteiros de laboratório rígidos. Em segundo lugar, porque  este projeto cria um ambiente de aprendizagem de Física, e em particular da Física Moderna, dentro de um contexto intimamente ligado ao cotidiano dos alunos. E em terceiro lugar, porque envolveu a divulgação dos resultados encontrados pelos alunos na comunidade local, através de feira de ciências aberta ao público, que serviu como elemento estimulador ao alunos.”

A professora Giovanna pontua, ainda, que os resultados obtidos foram interessantes, também pelo fato de terem sido obtidos em escolas públicas de um município pequeno, de pouco mais de 15000 habitantes, longe dos grandes centros urbanos. “Uma das escolas, inclusive, ficava na zona rural da cidade. Mesmo nesse ambiente mais próximo da zona rural, alguns alunos que nas aulas tradicionais de física eram apáticos, desinteressados e com rendimento ruim na disciplina, tornaram-se os mais ativos de seus grupos”, finaliza.

Contatos:
Tobias de Assis Ricardo
tobiasassisricardo@gmail.com

Giovana Trevisan Nogueira – Orientadora
giovana@ice.ufjf.br

Banca Examinadora:
Professora Drª Giovana Trevisan Nogueira – (orientadora-UFJF)
Professor Dr. Júlio Akashi Hernandes – (coorientador-UFJF)
Professor Dr. José Luiz Matheus Valle – (UFJF)
Professor Dr. Nelson Studart Filho – (Universidade Federal do ABC)

Outras informações: (32) 2102 – 3322 – Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física