Conferência discute os estudos mais recentes sobre eletrocardiografia e suas diferentes aplicações (Foto: Freepik)

O corpo humano funciona por meio de pulsos elétricos enviados para cada parte do nosso organismo pelo sistema nervoso. Cada movimento feito por nós só acontece por conta dessa atividade elétrica das células musculares. Para verificar se essa atividade está acontecendo da melhor forma possível, foi criada uma técnica para monitoramento da atividade elétrica das membranas excitáveis das células musculares, a Eletromiografia (EMG). Para discutir os mais recentes estudos na área e apresentar suas diferentes aplicações, o Anfiteatro A do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe nesta terça-feira, 13, às 17h, a conferência “From bipolar to grids of surface electrodes”, ministrada pelo professor de Engenharia Biomédica Taian Vieira, da instituição de pesquisa Politecnico di Torino, na Itália. A visita é parte de uma parceria entre o Laboratório de Neurofisiologia Cognitiva do ICB e o professor Marco Antonio Garcia, da Faculdade de Fisioterapia da UFJF.

Diferentes técnicas de posicionamento de eletrodos também serão abordadas por pesquisador (Foto: Freepik)

Eletromiografia: como é feita?
“De forma similar à Eletrocardiografia (ECG), que permite investigarmos o perfil de atividade do coração em repouso ou sob esforços intensos, a Eletromiografia (EMG) é uma técnica que permite compreendermos como se dá o recrutamento muscular esquelético”, explica Garcia. O monitoramento da atividade elétrica muscular é feito por meio de eletrodos, mas existem diferentes técnicas para a aplicação e posicionamento deles. 

O método de profundidade, por exemplo, é invasivo, feito por meio da inserção de agulhas na área muscular desejada. Também é mais restrito, podendo captar o sinal de apenas uma área limitada de unidades motoras. Em contrapartida, o método mais utilizado é o de superfície: realizado de forma indolor, implica na fixação de um par de eletrodos no corpo do paciente. Além destes, existe um terceiro método que se baseia na fixação de uma malha de eletrodos sobre a pele, permitindo o monitoramento de uma área maior. A conferência tem como objetivo levantar questões acerca destes métodos utilizados.

Uma das principais discussões a ser destacada na apresentação é a eficácia de cada método, principalmente o de superfície bipolar – utilizando o par de eletrodos – quando colocado em comparação com o método da aplicação da malha de eletrodos. Segundo o pesquisador visitante, a aplicação de EMG bipolar é limitada. “Enquanto o interesse clínico normalmente se baseia em obter informação, a suposição de que uma dupla de eletrodos bipolares oferece uma janela para o músculo alvo inteiro pode não se sustentar”, revela Taian de Mello em resumo da temática da conferência. O pesquisador acrescenta que a conferência promoverá uma breve visão global dos conceitos básicos relacionados a eletrodos múltiplos e bipolares. Exemplos de aplicações clínicas serão demonstrados, além de promover reflexão acerca das diretrizes praticadas atualmente para o uso de EMGs de superfície. 

Aplicações clínicas
“Discutir esta temática é importante para ampliarmos a nossa compreensão a respeito de técnicas que podem contribuir não somente para a pesquisa, mas também para a prática clínica, o que é vital para a melhora da qualidade de vida da população”, revela Garcia. A eletromiografia é utilizada em diversas áreas: em reabilitação muscular de pacientes, em diagnósticos neuromusculares, por exemplo. Fisiologistas do esporte utilizam-na para otimização dos movimentos e para estimar fadiga muscular. Já fisioterapeutas a utilizam para avaliar a função e disfunção do sistema neuromuscular, além de tê-la como mecanismo para observar a resposta muscular em relação ao início e término de um exercício, para que a evolução do tratamento seja monitorada.