Da esquerda para a direita: professor Eduardo Ferreira da Silva, professora Zélia Maria Da Costa Ludwig, mestrando Celio Lucas Valente Rodrigues e professor Alexandre Bessa dos Santos (foto: arquivo pessoal)

Um estudo realizado no Programa de Pós-graduação em Física, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), avaliou as propriedades físico-químicas de diferentes tipos de cafés. De acordo com o pesquisador, Celio Lucas Valente Rodrigues, a dissertação teve como objetivo principal a realização de tratamentos térmicos nas amostras do produto para verificar a influência da temperatura em sua composição. 

O acadêmico revela que utilizou quatro amostras de cafés do tipo arábica, das quais três foram fornecidas por diferentes produtores rurais da Zona da Mata Mineira. “A quarta foi obtida em um centro comercial da cidade de Juiz de Fora, já torrada e em pó. As amostras fornecidas pelos produtores rurais estavam na forma de grãos in natura.” Para as análises (térmicas, espectroscópicas e por difração de raios-X), Celio relata que as amostras foram processadas de maneira semelhante: trituradas na forma de pó com o auxílio de um mini ralador. 

O acadêmico pontua que a utilização dos espaços de pesquisa da UFJF e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) foi estratégica para as avaliações. “As medidas de análises térmicas e análise dos gases envolvidos foram realizadas no Centro de Pesquisa em Materiais (CEPEM) do Departamento de Física da UFJF. As medidas de difração de raios-X foram no Laboratório de Difração de Raios-X do Departamento de Física (DPF) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a espectroscopia Raman no Núcleo de Espectroscopia e Estrutura Molecular (NEEM) do Departamento de Química da UFJF”.

Segundo Celio, foi possível verificar a diferença na composição entre as amostras de cafés in natura e as tratadas termicamente. “Pelas difrações de Raios-X não foi possível observar nenhuma estrutura cristalina no café, concluindo que o material é amorfo, ou seja, não possui estrutura atômica definida. Verificou-se, ainda, pelas análises térmicas e dos gases envolvidos que as amostras apresentam composições semelhantes”. 

O pesquisador acrescenta, ainda, que as técnicas termoanalíticas e espectroscópicas mostram-se como ferramentas potenciais na caracterização de materiais, como o café e outros alimentos. “Nunca imaginei que estudaria o café. Cheguei para estudar vidros, que era o foco principal do laboratório, até que a professora me sugeriu trabalhar com o produto. Gostei muito da ideia, uma vez que cresci na roça, e a renda da minha família sempre foi proveniente dos frutos do cafeeiro, então teve todo um contexto histórico-familiar que me fez abraçar a ideia.  Além disso, fui motivado pelo fato de o Brasil ser o maior produtor e exportador de café do mundo e também pela bebida ser a segunda mais consumida do país, perdendo apenas para água.”

A professora orientadora da dissertação, Zélia Maria Da Costa Ludwig, ressalta que o trabalho contribui para a melhoria no controle de qualidade de alimentos, principalmente do café que, quando consumido como bebida, é fortemente influenciado pelo tempo e pela temperatura de torra. “Isso garante o sabor inigualável. Neste trabalho, o aluno mostra em que temperaturas e intervalos de tempo ocorrem mudanças químicas e físicas nos grãos de café. Além disso, o pesquisador  trabalhou com amostras que foram plantadas pelos tios nas terras dos avós. Ele fez o estudo com orgulho de um filho da terra que buscou na sua pesquisa melhorar as condições da produção do café, dando ênfase à produção brasileira, mais especificamente na região da Zona da Mata.”

Contatos:
Célio Lucas Valente Rodrigues – (mestrando)
celiolvalente@gmail.com

Zélia Maria Da Costa Ludwig – (orientadora)
zamadaludwig@gmail.com

Banca Examinadora:
Prof. Dra. Zélia Maria Da Costa Ludwig – (UFJF – orientadora)
Prof. Dr. Eduardo Ferreira da Silva – (UFJF)
Prof. Dr. Alexandre Bessa dos Santos – (UFJF)

Outras informações: (32) 2102-3307 –  Programa de Pós-graduação em Física